Rise of Queensdale é o novo euro legacy que saiu na GenCon e depois sumiu dos mapas. O jogo era super aguardado, levava o nome de Inka & Markus Brandt na Capa (Village, Ganges, Exit, etc) mas a decepção que muitos tiveram com Charterstone fizeram com que muitos desistissem até mesmo de se inteirar de Queensdale.
Eu aliás, não acho Charterstone ruim,
como já deixei claro no meu review. Pra mim, o problema dele foi a expectativa e o fato de se vender como jogo de 2 a 6 jogadores. Chartersone é um jogo para quem curte o viés de campeonato. Mecanicamente é fraco e repetitivo. Não apresenta nada de novo. Narrativamente, também deixa bastante a desejar. E por final, o gameplay para 2 ou 3 jogadores jogou a pá de cal no jogo. Charterstone é jogo para 4 ou mais jogadores.
A ideia dele, e de qualquer jogo competitivo legacy, é a de incluir a visão estratégica e de longo prazo em um jogo que, sem isso, seria muito simples e banal. Mas o fato de você jogar, não para ganhar a partida, mas sim para ganhar o campeonato, é onde ele encanta. E Queensdale é parecido nisso.
Verdade seja dita, Queensdale é, sozinho, mais jogo que Charterstone. Ele funciona com uma alocação de dados relativamente simples, onde cada jogador tem 5 dados com faces de recursos e ação e pode, dependendo da rolagem, pegar recursos ou fazer ações que no início são limitadas a pouquíssimas opções.
Onde ele melhor, em comparação ao seu antecessor, é no fato de que a jogabilidade se modifica mais que em Charterstone e a maneia com que você ganha as partidas evolui bastante. É como se o casal Brandt tivesse se esmerado mais para fazer um jogo mais redondo mas o Stagmeier lançou o dele antes e com isso exauriu o mercado de jogos do tipo.
A narrativa de Queensdale também é melhor. Gente, é um Euro, mas ele se esforça para manter a história coesa, embora ela pareça, no início, como sendo totalmente copiada de Charterstone: um rei, chega num vilarejo no meio do nada, e manda os camponeses e nobres locais a construir uma cidade ali, colocando todos seus recursos no progresso e crescimento da cidade. Gente, é quase igual.
Dito isso, Queensdale tem mais elementos que se sustentam um jogo repetitivo. Por exemplo, você vai, ao longo do jogo, modificando seus dados para transformá-los em um engine de pontos melhor. Além disso, eventos e história interferem mais nas partidas que o Charterstone, fazendo com que, embora parecidas, a estratégia ou meio de ganhar fosse consideravelmente diferente de momentos do jogo para outro.
Queensdale também agrada muito quem está em busca do desconhecido, e do inesperado, e não importa tanto com a aleatoriedade. Começa que o jogo é uma alocação de dados né? E embora no longo prazo não dá para culpar o azar, no curto prazo dá sim.
Agora, uma coisa que eu achei SENSACIONAL no jogo, foi a introdução do vidente. No jogo há plantas que você pode antar colhendo. Em geral elas lhe dão recursos. Mas uma delas, a Papoula (planta de onde se extrai o Ópio) você pode achar a Clarividente. Ela, no meio da fumaça dos sonhos e de suas viagens, pode lhe dar dicas e visões do futuro, permitindo que você se prepare para coisas que podem estar por vir. Foi uma mecânica bem simples, mas que achei muito interessante. Cria uma certa curiosidade no jogo enorme.
Também curti que as partidas eram rápidas. Cerca de 45 minutos cada. Dava para jogar 3 por noite já contando com o tempo do setup e da comida. A maior parte do tempo os turnos são ágeis e com baixo AP também.
E se nada disso até agora te convenceu, vou lhe dar o motivo definitivo pelo qual você deve comprar o Rise of Queensdale: o jogo vem com um Desentupidor Real, para que você retire os tiles hexagonais do tabuleiro. Que outro jogo introduz a mecânica do Desentupidor Placement? Ein?
Agora, brincadeiras a parte, tenho que falar de alguns aspectos técnicos do jogo como duração de Campanha e Regras de Catch up. Para quem não conhece o termo, regras de catch up são as regras de como o jogador que está para trás, se ganha benefícios para se manter competitivo, sem que os demais jogadores se sintam injustiçados pelo bom desempenho.
Bem, primeiro a duração. Nossa campanha durou 21 partidas. Isso mesmo. 21 partidas! Não foi chato, pelo contrário, mas no final já queria chegar logo na última partida. A campanha da galera do Dice Tower pelo que eu sei, durou 18 partidas, ou estava indo para algo próximo a isso. Isso acontece por que o jogo não tem um número pré-definido de rodadas não. Na verdade, ele acaba quando um jogador chegam em um nível 9 e ganham o jogo. O que me vem então a regra de Catch up.
O jogo funciona assim. Todos começam com uma meta, que seja, 10 pontos. Quem fizer 10 pontos naquela partida, sobe o nível do personagem. Na partida seguinte, você tem então a meta de 16 pontos para subir de nível novamente. Mas o jogador que não upou na passada, ainda termina o jogo ao fazer 10 pontos. Ou seja, você precisaria fazer 16 pontos antes que o jogador não upado fizesse 10. No início isso parece impossível de acontecer, mas durante o jogo se torna mais comum. Isso por que, a cada nível que você sobe, as coisas vão valendo mais pontos. E se no final, de 16 para 10 pontos parece um aumento de 60%, quando estiver falando de 61 pontos para 54 pontos a diferença relativa não parece tão grande.Mas esse sistema, embora ele funcione muito bem, tem seus defeitos. Um deles é de fazer o jogo durar mais do que devia.
Durante minha partida de Queensdale, era quase impossível subir 2 níveis seguidos. Isso por que, você gastava todo seus recursos para subir e, os demais jogadores, ao perceberem isso, enchiam o rabo de recurso para guardar para o próximo jogo e começar já bufado para conseguir melhorar o Level deles. E aquele cara que ganhou o jogo passado, nem tenta competir, apenas se enche de recursos para tentar fazer igual na próxima partida. E isso as vezes é chato pois parece que o jogo já está meio determinado.
Mas dito isso, o jogo nos deu reviravoltas suficientes para que as lideranças e máquinas de ponto dessem uma desestabilizada e eu, que estava meio mal consegui dar a volta por cima e vencer.
E se o jogo tem tanta coisa positiva, por que seu desempenho das vendas está parecido com o desempenho do Meirelles nas urnas? Bem, por que a comparação com Charterstone e quem se decepcionou com ele parece óbvia demais.
Queensdale é um jogo que foi lançado 1 ano depois do que deveria. Tivesse sido ele lançado na GenCon de 2017, 3 meses antes de Charterstone, seria ele o nome referência do gênero. Mas como Charterstone veio antes e muita gente achava que ia ser a melhor invenção da humanidade desde o Papel Higiênico, a decepção de muitos foi inevitável.
Rise of Queensdale é então um bom jogo. Para quem, como eu, esta disposto a jogar purrinha legacy. Jogos de Legacy/Campanha são meu fraco. Mas Queensdale é sim um jogo mais completo, menos monótono e mais interessante que Charterstone. Tem o defeito de jogar em apenas 4 jogadores, o que, para esse esquema de campeonato, é defeito sim. Mas apresenta elementos interessantes e capacidade de se reinventar dentro do mesmo jogo o suficiente para ser uma excelente compra para quem curte o gênero.
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