O ano de 2018 foi intenso no mundo dos Boardgames. No Brasil, foi uma enxurrada de lançamentos, principalmente no final do ano, capitaneado pela Galápagos/Asmodee com quase 6 lançamentos por mês, todo mês. Foi também o 1o ano do Red Meeple, que com certeza ficará marcado na anais da história, ali, lado a lado com momentos icônicos do passado como a tentativa de mudar o nome da Petrobras pra Petrobrax, o lançamento da Cherry Coke no Brasil e a inauguração das lojas Espaço Blah (um bar/lounge aberto, claro, no meio do shopping para você paquerar por SMS. Tinha tudo pra dar certo) por todo país.
Foi um ano também de poucas decepções mas de uma guinada no gosto por jogos. Minha coleção que antes era recheada de Felds mudou bastante. De Feld, só continuam Bora Bora e Aquasphere (embora eu esteja louco para readquirir o Burgundy). E os Ameritrashs e Coops que não tinham vez, crescem cada vez mais.
Aliás, é impressionante o como a gente vai se conhecendo e afinando nosso gosto né? No início eu tinha claro que curtia mecânica e não tema. Com o tempo, fui achando jogos mecanicamente muito parecidos e fui descobrindo o POR QUÊ de eu não gostar de jogos temáticos. Não era o fato deles serem temáticos ou cooperativos, mas a dificuldade da implementação mecânica de alguns temas me imergirem. Vi que não é Coop que eu não curto. O que não curto é aquele
Coop com Síndrome de Space Invader que você fica correndo de um lado para o outro apagando incêndios sem de fato fazer um escolha conciente no jogo. Ou jogos tipos
Hack and Slash onde você anda, combate, anda, combate, mata, combate etc. Fugi por exemplo de Dungeon Crawlers e neguei até campanha de Gloomhaven. Mas descobri, por exemplo, que os jogos investigativos são minha praia e estarão nessa lista. Também me lembrei o quão bacana era minha época de Full Throttle, Monkey Island e outros
adventures games que passei a infância jogando ao experimentar TIME STORIES. Isso me fez correr atrás de um 7th Continent e Tainted Grail que antes eu deixaria passar sem dó.
Mas bem, sem mais delongas, vamos começar com o #Best9 de 2018. São jogos lançados em 2018 no mundo, e não no Brasil. Então vamos lá
#BEST 9 - RED MEEPLE 2018 - V2.0 ATUALIZADO 06/JAN
Antes de mais nada, quero deixar a menção honrosa para 2 jogos que não estão na lista por motivos técnicos, mas muito provavelmente poderiam estar.
NEWTON e
RISE OF QUEENSDALE. Ambos brigariam ali pelo 9o lugar. Foi até por causa deles que eu resolvi entrar na onda do #BEST9 ao invés de um simples Top 10. A questão toda aqui é que eu joguei Newton apenas 1x e Rise of Queensdale eu ainda não terminei a campanha. Então, achei que seria precipitado da minha parte colocá-los aqui, mas quis, de qualquer forma, dizer que ambos tem potencial para estar.
Dito isso, vamos lá. Clicando no título de cada jogo, você pode ler a resenha detalhada e o que eu achei dele.
9 - GUGONG e o Mistério do Jogo Sem Nome
Gugong foi a surpresa no apagar das luzes, mas também foi o jogo mais difícil para eu admitir na lista. Gugong é bom, bem apertado, e um jogo que traz uma pequena renovação para a implementação de alocação de trabalhadores nos jogos de tabuleiro. Nesse momento tenho curtido muito jogá-lo. Mas ele também é o jogo que tem a maior possibilidade de ser esquecido em cerca de 2 anos. Ótimo euro, entrou na coleção, mas não sei por quanto tempo fica.
De todos da minha lista, Western Legends, foi o jogo que eu menos queria conhecer. E depois, foi dos que mais me diverti. Como falei no texto, ele é um pouco caótico, com muito Pick up and Delivery e que precisa de expansões para continuar vendo mesa por muito mais tempo. Mas putz... que jogo divertido. É o estilo Bang Bang no melhor formato boardgame.
Chronicles of Crime foi um dos jogos mais inovadores e interessantes já lançados pelo mercado, não apenas em 2018. A partir dessa posição, são jogos que eu sei que vieram para ficar e terão lugar fixo na coleção. De forma muito simplista, ele é a versão moderna do Scotland Yard. Você vai atrás de lugares e pessoas que lhe dão pistas de um eventual assassinato, motivo, arma, etc. O COMO o jogo faz isso é que é o que mais me impressionou. Ele utiliza-se de QR Code em cada carta, local e pessoa do jogo para que você possa, com celular visitar e interrogar tudo sobre todos. A utilização da realidade virtual para que você, literalmente, VEJA e VASCULHE a cena do crime é sensacional. Jogaço!!!! Perfeito para quem quer trazer alguém não gamers da família para a jogatina, para jogar com a esposa que não curte tanto jogos mas curte CSI, M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O para se jogar com crianças e adolescentes. Ele praticamente não tem regras e as partidas são rápidas. Única limitação é o idioma, mas já vi muita gente jogando traduzindo para os filhos sem problema.
6 - RISING SUN: Não é apenas Blood Rage no Japão
Rising Sun é um jogo que eu acabo por jogar menos do que gostaria (foram apenas 1 partida no 2o semestre, contra 5 no 1o). Mas, ao mesmo tempo, é um jogo que traz sempre ótimas partidas. Acho que a sombra do Blood Rage sobre ele não existe mais. Pelo contrário, ele virou o Blood Rage Killer. O meu BR, nem está mais na minha coleção. O jogo é Eric Lang e CMON na sua melhor forma. Controle de Área, Combate, Traição, Múltiplas Estratégias e alguma negociação. Tudo isso representado por maravilhosas miniaturas de um Japão Feudal. Nem todo mundo curte Leilão fechado e o caos que ele traz. Nem todo mundo curte a negociação e traição. Mas aqui, virou um dos favoritos do ano.
5 - TEOTIHUACAN: E o domínio dos euros italianos
Teotihuacan, Tchuchucão, Tio Catan, Tio Tijucano ou seja lá como você queira chamá-lo, gerou enorme hype na última grande feira de boardgames do ano. Aí ele foi lá, no meio desse hype, e entregou as expectativas. Hoje, já tendo jogado umas 6 ou 7 partidas deles, eu fico pensando em como eu já estou com saudades de jogá-lo novamente, pois já deve fazer 1 mês que não jogo. Esse é o tipo de sentimento que você quer ter com um jogo.
4 - FEUDUM: Bonitinho e Extraordinário (mas com problemas)
Feudum será, provavelmente, um dos meus jogos favoritos que eu menos jogo. Ele não é um jogo fácil de ver mesa. As regras são complexas para a primeira partida. Não pela mecânica em si, mas pela implementação de exceções. Muita gente nem tem saco de aprender. As partidas duram entre 3/4 horas e a iconografia é uma bosta. Mas como o jogo é bom! Feudum pra mim é quase um pecado e uma obra prima ao mesmo tempo. Pra mim ele é o exemplo clássico de por que jogos precisam de editoras e de Desenvolvedores para serem lançados. O jogo é ótimo. Me dá uma experiência como nenhum outro euro que eu jogo. É diferente, é inovador, é disputado, é divertido. Mas falta desenvolvimento.
O jogo tem pontas soltas demais. Regras que não precisavam estar lá. Coisas que ficaram mais complicadas do que deveriam ser. E tudo isso é falta de Desenvolvimento. É por isso que, em geral, o designer faz o jogo mas a editora dá para um Dev revisá-lo. É como se fosse um editor, experiente, que vai ler e dar toques e ajustes que vão deixar a experiência redonda.
No caso de Feudum então, dá para ver claramente que o jogo é de um autor de 1a viagem, que trabalha como Professor Universitário a maior parte do tempo e que, talvez por desconhecimento, talvez por vaidade, ou até mesmo por negativas do mercado, resolveu fazer tudo ele mesmo, sozinho. E esse foi seu maior pecado.
Ainda assim, Feudum brigou pela 3a posição no Ranking. Fiquei aqui, trocando ele de lugar com o Root para no finalzinho joga-lo para 3o. Acho que hoje prefiro jogar Feudum a Root, mas Root mexe mais com minhas emoções. Além disso, já joguei Root 17x contra 4 ou 5 de Feudum. É normal você ter mais ânsia por jogar o que foi menos jogado.
3 - ROOT: E a beleza do ecossistema assimétrico
Ah Root. Acho que poucas vezes me apaixonei tanto por um jogo como por Root. Veja, Root para mim, não é um jogo que deve apenas ser jogado, mas sim apreciado. Na 1a partida, é tanta assimetria que você não vai ver os elos, as conexões. Vai apenas passar a maior parte do tempo tentando entender o que você pode fazer com a sua facção. Mas aí você estuda o jogo. Joga com todas as facções e agora começa a entender as nuances de cada uma. Como uma interfere na outra. Como as espécies vivem num equilíbrio simbiótico e como, qualquer alteração no equilíbrio, altera todo ecossistema.
Outro dia joguei uma partida de Root em 5 sem a Aliança e sem a Marquise. Jogamos com as 2 raças da expansão e 2 Vagabonds. Foi totalmente diferente de todas as outras partidas de Root que eu já joguei na vida. Que outro jogo pode lhe dar essa experiência nova na sua 17a partida?
E por que ele não está no Top 1? Bem, por que Root pra mim é como assistir um filme de cinema independente no Cine Laura Alvim (tenho certeza que sua cidade tem um cinema equivalente com salas para 50 pessoas que passa festival de filme Iraniano). É um jogo para se jogar, admirar, criar histórias, discutir. É ótimo, te você passa um tempão falando sobre a partida e percebendo detalhes, analogias e mensagens subliminares que não havia percebido. É ARTE! Mas por mais que isso seja ótimo, às vezes, tudo o que você quer é divertir assistindo Vingadores.
2 - DETECTIVE: A MODERN CRIME BOARD GAME - A investigação em forma de jogo - ATUALIZADO DA 4a PARA A 2a POSIÇÃO
Quando eu escrevi sobre Detective eu tinha jogado apenas algumas partidas, mas não havia terminado a campanha. Dito isso, eu NUNCA NA MINHA VIDA me lembro de estar tão envolvido com uma história de boardgame como me envolvi na de Detective. Eu quero, mais do que isso, eu PRECISO saber como acaba toda história. O jogo tem um problema, que é começar com excesso de texto sendo prolixo e até sacal nos detalhes. Isso melhora. O caso 3, eu diria que foi a melhor experiência em jogo imersivo E/OU Cooperativo que eu já tive na vida. O jogo é sensacional e eu já estou triste que não vou poder joga-lo mais após este próximo sábado. Me espanta saber que não teve mais tanto hype após a GenCon. Acho que o Caso 1 e o excesso de descrição do ventilador ou quadro de cada sala que você entrava deu uma desanimada em uma galera, não sei. Eu achei simplesmente FANTÁSTICO
ATUALIZAÇÃO APÓS ÚLTIMA PARTIDA: Detective foi definitivamente o jogo mais relevante que joguei em 2018. O que mais me marcou! O que mais me deixou com uma sensação de UAU. O que eu mais queria falar para todo mundo, em cada esquina, o quão foda o jogo é e por que você TEM que jogá-lo. O 4o lugar no Best 9 não cabia mais para esse jogo. Não dava para colocá-lo a frente de Brass, mas em 2o ele precisava estar. Mas na verdade, verdade mesmo, se eu tivesse de escolher apenas 1 só experiência de BG no ano, Detective desbancaria BRASS pela experiência tão diferenciada que me proporcionou.
1 - BRASS Birmingham/Lancashire - o jogo do ano é de mais de 10 anos atrás.
Brass é o jogo do ano. PONTO FINAL! Não importa se você jogou o Birmingham ou o Lancashire. Como
pode ver no outro texto que fiz, as diferenças são mínimas. Se você não aceitar que eu coloque um remake de um jogo de 2007 na lista, não tem problema, considere apenas o Brass Birmingham. Não importa, ambos são obras primas do Boardgame mundial. Brass é tão inovador, tão diferente e ao mesmo tempo tão simples, que fico perplexo que em 10 anos nenhum outro jogo copiou descaradamente suas mecânicas e fez algo com feeling parecido.
Brass não está apenas no Best 9 do ano. Ele entra com lugar cativo no Best 9 da vida. Ainda não refiz meus rankings, mas hoje, ele está brigando ali por uma posição no meu Top 5. Aliás, os 3 jogos mais bem colocados aqui vão brigar por posições entre meu Top 5 e Top 20 de Todos os Tempos.
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