Como eu já disse no post
Brass: o Jogo do Ano é de mais de 10 anos atrás, Brass foi um soco na cara no meu gosto de Boardgames esse ano. O jogo chegou atropelando e não só encabeçando a lista de jogos do ano, como entrando no Top 5 da vida. Isso é o tanto que eu gostei de Brass. E quem me viu andando com Brass debaixo do braço, com o mesmo empenho que o Testemunha de Jeová leva sua bíblia, vem agora me perguntar o que eu estou achando do Brass Birmingham. Quais seriam as diferenças. E é esse o intuito desde texto de hoje. Não vou entrar em detalhe de como funciona o Brass Birmingham. Caso você queira conhecer as mecânicas e sensação da série, aconselho ler o texto do Brass Lancashire linkado no início deste parágrafo.
A primeira coisa que quem não conhece nenhum dos dois jogos precisa saber é: eles são quase idênticos. De verdade, são muito parecidos mesmo. São mais parecidos que Gaia e Terra Mystica, ou que Azul e Azul Sintra. Eu diria que são tão parecidos quanto Ticket to Ride é do Ticket do Ride Europa sabe. Tipo, entra ali a estação, o Tunel, você pode preferir um ou outro, mas basicamente é o mesmo jogo.
Brass Birmingham é, então, o Brass Lancashire com alguns twists, variações e ajustes do autor. Ele poderia ter chamado o jogo de Brass 2a Edição, que seria mais justa como fez, por exemplo o Fury of Dracula. Mas o autor talvez gostasse ainda do original e não queria mudar. Ou queria lançar 2 jogos para vender mais. Ou estava na dúvida. Sei lá.
Apesar disso, a maioria das pessoas com que eu falo, tem preferido o Birmingham, por ser mais fluído, é o que dizem. Mas o que significa isso na prática?
Bem, a maior mudança entre os jogos, não está na mecânica ou nas ações que são basicamente as mesmas. Nem tanto na mudança das indústrias, que agora você tem mais variedade de construir, dando pontos e receitas mais diversificados. A principal mudança no feeling do jogo, está na sensação de marcação e pernada.

Brass Lancashire é um jogo muito apertado. Todo mundo disputa os mesmos espaços de construção, os mesmos recursos do tabuleiro e PRINCIPALMENTE, os mesmos Portos para realizar a venda. Veja só, no jogo, você constrói uma indústria mas só pontua ou ganha receita nela se você vender o produto. Para isso, você precisa de um Porto. Os Portos públicos do jogo acabam rápido e os Portos privados, só podem ser usados uma vez. Isso significa que o tempo todo falta Porto. Você quer vender, mas não tem onde. E se não vender, gastou recurso naquela construção a toa. Aí fica uma furação de olho do cacete. Um constrói um Porto e antes de conseguir vender, outro vende na frente. Você fica todo engessado sabendo que, para vender, você terá de conseguir construir E vender na mesma rodada (cada rodada você pode fazer 2 ações). E enquanto você se prepara para isso, outro toma o espaço de construção de Porto que você estava procurando. Portanto, se você é desses que adora essa marcação extrema no jogo, talvez Brass Lancashire seja o mais indicado para você.
Já no Brass Birmingham, a marcação ainda existe, mas uma pequena mudança faz com que o jogo seja menos marcado, que é a troca do Porto pela Cerveja. Em Birmigham você usa sempre os Mercados Públicos para vender(é igual Porto, só não é na água), desde que você tenha acesso a barris de cerveja para dar aos trabalhadores que irão carregar seu produto. A cerveja então, tem a função do Porto no outro jogo. É algo que você GASTA para fazer sua ação de venda.
Mas aí vão dois detalhes: (1) que a indústria de cerveja, ainda mais na 2a era que é mais marcada, produz 2 barris e portanto, tem como utilizá-la para duas vendas ao invés de uma; e (2) existe como, principalmente na primeira metade do jogo, construir cerveja em local que apenas você terá acesso, e com isso garantir que terá cerveja para suas vendas. E com apenas essa mudança, o jogo ficou menos restritivo, menos marcado, e por isso, para muitos. Mais fluído.

O autor aproveitou ainda para dar uma nerfada(reduziu a força) em algumas ações do jogo enquanto aumentou o de outras. Por exemplo, uma ação meio padrão no início de jogo era dar upgrade nas suas indústrias de nível 1 para começar logo a construir indústria de algodão nível 2 que são mais fortes e pontuam bem mais. Na ação de upgrade você pode evoluir 2 indústrias. O que o Wallace mudou no jogo? Colocou 3 indústrias de nível 1 de algodão no Birmingham para obrigar que você gaste 2 ações de evolução ou comece logo a construindo a de nível 1 mesmo. Por outro lado, aquela ação derrota que tem em todo jogo, quando você não pode fazer nada, foi melhorara para ser menos derrota. Também reduziram a quantidade de dinheiro que você inicia, para impedir alguma "Power Move" de abertura.
O jogo tem outras mudanças, mas todas elas parecem que você apenas pegou um mapa novo para jogar Power Grid. Continua sendo Power Grid.
E se me perguntam qual eu recomendo mais, bem: se você curte jogos com muita marcação, vá de Lancashire. Se prefere com marcação mas não precisa ser num ponto que pode acabar com as chances de um jogador, vá de Birmingham.
E eu? Qual prefiro? Olha, eu curti tanto, mas tanto Brass, que estou tentado a manter os dois, por mais que isso não faça o menor sentido, ainda mais considerando o preço que eles estão sendo vendidos por aí. Mas se eu fosse obrigado a fazer a Escolha de Sofia e escolher apenas 1 jogo para sobreviver na coleção, eu escolheria o Birmingham por um pentelhésimo de distância. Birmingham tem um setup variado que influencia bastante no andamento do jogo. Em cada partida, você sorteia quais produtos cada Mercado Público vai comprar e isso pode mudar bastante a concentração de indústria nos mapas, enquanto, em Lancashire, existe uma tendência maior em concentração nos arredores de Manchester por ser o hub mais central.
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