dharrebola::
Comecei por Carcassone.
Adquiri uma cópia da primeira edição (toda mofada) em que tive o trabalho de tratar tile a tile com Sanol.
Que jogo maravilhoso!
Imprevisível, estratégico, mereceu até uma personalização:

Conheci então The Castles of Burgundy, outra pérola que entrou na minha lista de favoritos, se não online via BGA, presencialmente com uma cópia usada que troquei em um celular velho.
Nunca gostei de Catan.
Até agora.
E por curiosidade: qual sua experiência com Catan?
Caro Davi Henrique (
dharrebola)
Mais uma vez parabéns pelo ótimo texto.
Curiosamente, eu também não conheci os jogos modernos através do Catan. Tudo começou quando um amigo me mostrou o Hive, que eu adorei e o Race of Galaxy, que eu apanhei muito para entender, mas gostei também. Só que o que me conquistou foi o Loot, porque dava para mais gente, e porque o esquema de "furação de olho", caiu sob medida para o meu gosto, principalmente porque no grupo havia um amigo absurdamente competitivo, daqueles que não gosta de perder nem par ou ímpar. Por isso quando a gente jogava Loot, eu abdicava de vencer, só para não deixar ele ganhar. Também, quando ele ganhava, a zoação era dobrada, principalmente para o meu lado.
Mas esses eram jogos simples de cartas, e dentre os board games mais encorpados que realmente me apresentaram ao hobby, o grande destaque vai para o Carcassonne (o Catan pintou depois) Eu achei esse jogo simplesmente fenomenal, e até hoje considero esse um dos melhores jogos de todos os tempos. Aliás eu agradeço muito ao Carcassonne por ter permanecido no hobby, porque depois dele, eu conheci o raio do Caylus, que me fez ter vontade de nunca mais jogar board game moderno nenhum. Não que o Caylus seja ruim, porque ele é ótimo, mas como meus amigos eram uns safados, me aplicaram uma dose cavalar do meu próprio remédio, e me marcaram juntinho a partida inteira. Como resultado, fiquei três horas sem conseguir fazer quase nada. Uma hora faltava dinheiro, e sobrava ações interessantes. No turno seguinte faltava ações e para dar mais raiva o dinheiro era que sobrava. Tudo bem que eu também fazia isso, no caso do Loot, então, em tese, não poderia reclamar, mas um partida de Loot dura 20 minutos enquanto que uma de Caylus de três horas para cima, então a diferença em termos de frustação é enorme.
Depois pintaram, não nessa ordem, o Puerto Rico, o Ticket to Ride, o Agrícola, o Battlestar Galactica, o TI3, o Stone Age, e como não poderia deixar de ser o Catan, entre outros. O que me conquistou no Catan, que eu achei muito inovador e cativante, foi a questão da negociação. No mesmo sentido, apesar disso ser algo muito particular, no Catan eu senti que eu me divertia com o próprio jogo em si, independente de ganhar. Por isso, claro que eu jogava para ganhar, mas só de jogar eu já me sentia feliz, mais ou menos como ocorre no Agricola, que só o fato de conseguir alimentar todo mundo já era uma vitória, isso sem falar na satisfação de ver a sua fazenda se desenvolvendo.
Atualmente, eu me divirto muito jogando Dixit (que pode até não ser o melhor jogo de todos os tempos, mas na minha modesta opinião é sem dúvida um dos mais divertidos), e ganhar ou não é o que menos conta. O mesmo acontece com o King of Tokyo, que eu tenho um sobrinho bem novinho (7 anos), filho da minha irmã caçula, que está justamente agora do meu lado me pedindo para parar de escrever e jogar com ele. Esse mesmo sentimento, eu ainda tenho em relação ao Catan até hoje. Portanto, independente da sua inegável e muito merecida importância histórica, ainda acho o Catan um baita jogo.
Para terminar, e só para contextualizar, eu deixo aqui uma reflexão/pergunta tal qual o Davi: quantos jogos de 30 anos atrás ainda são jogados hoje em dia, e o que é mais importante, quais jogos de hoje em dia, será que ainda serão jogados (e produzidos) daqui a 30 anos?!?!
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
P.S. Estou aqui morrendo de "inveja saudável" dessa caixa de madeira lindona do Carcassonne, e agora deixa eu ir embora rapaziada, porque eu tenho de mostrar ao meu sobrinho, que o Cthulhu (edição especial do KoT), muito mais que o Godzilla, é que é o verdadeiro Rei de Tóquio...