Que 2024 é esse?
Five Tribes, La Granja, Orleans, Alquimistas, Arcadia Quest, Splendor, Istanbul, Patchwork, Dead of Winter: Um Jogo de Encruzilhadas, Deception: Murder in Hong Kong, Imperial Settlers: A Ascensão de um Império, Star Realms, A Batalha dos Cinco Exércitos, Fields of Arle, Klask, Colt Express, Panamax, Abyss, Castles of Mad King Ludwig, Camel Up, Sheriff of Nottingham, Lords of Xidit, Spyfall, Fireteam Zero, AquaSphere, Shadowrun: Crossfire, Port Royal, King of New York, Kanban, Red7, Hyperborea, Ancient Terrible Things, Deus, XCOM: The Boardgame, Gardens, Vudu, Abluxxen, Haru Ichiban, Masmorra de Dados, Costa Ruana, La Isla, Arkwright, Labyrinx, Paperback, Swords and Bagpipes, Good Cop Bad Cop, Flip City, Pagoda, Captive, Onitama.
Alguém sabe ou percebe o que estes cinquenta jogos listados acima têm em comum?
Eu respondo: o ano de lançamento. Todos são do ano de 2014.
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Obviamente, precisamos considerar o tempo de ‘atraso’, de espera, para a localização de alguns jogos, pois poucos saem aqui e no resto do mundo ao mesmo tempo, não só isso, alguns destes jogos não chegaram a ser lançados no Brasil, outros vieram muitos anos depois, mas certamente quase todos listados acima são reconhecidos quando alguém cita seus nomes – mesmo que para falar mal.
A reflexão aqui não é sobre um jogo em específico, mas em um olhar sobre a evolução do mercado – não pensando estritamente na relação comercial, mas em como nós, jogadores, encaramos a velocidade e a qualidade dos novos títulos e o seu impacto criativo dentro do hobby. Por aí, muito se diz que nunca foi lançado jogos em quantidade tamanha igual ao ano atual – e a cada ano repetem essa frase, como se a cada ano mais e mais o hobby cresce em quantidade, mas será que precisamos realmente nos preocupar com a QUANTIDADE de jogos lançados?
Não estou aqui para – exclusivamente - criticar 2024, afinal o ano nem acabou ainda e teve alguns títulos realmente interessantes como Harmonies ou Wyrmspan, contudo, não consigo evitar de me pegar pensativo, algo como: “será que em 2034 Vale dos Moinhos terá tanta relevância quanto Istanbul, Onitama e Star Realms teve ainda em 2024?” ou “2034 teremos uma reedição de Salton Sea como em 2024 tivemos de Fields of Arle?”.
Fato é, pelo menos para mim, que 2024 está sendo um ano muito fraco. Os maiores nomes do ano foram, até o momento, expansões ou relançamentos requentados, vide Survive: Fuga de Atlântida, que veio como o meme do “Que Xou da Xuxa é esse?”, tendo sido resgatado depois de décadas (o jogo original é de 1982!).
Não entendam mal: todo ano temos revisitações e bons lançamentos. La Granja (de 2014), voltou ano passado substituindo aquele visual de quadro-de-casa-de-vó por algo muito mais detalhado, Castles of Burgundy também foi ressuscitado com um novo visual mais do que merecido também. Apesar disso, mesmo o ano de 2023 trouxe muito mais novas alegrias: The White Castle, Nucleum, um bando de novos Great Western Trails, Earth, Hegemony, Barcelona e mais alguns. Já 2024, o que trouxe de realmente novo? Independentemente da resposta, persiste a pergunta: mesmo estes nomes de 2024 viverão quanto tempo na lembrança? The Thing ou Revive, ambos de 2022, sinto que são mais lembrados (e com mais carinho) hoje do que alguns títulos lançados ainda em março ou abril deste ano nas conversas de WhatsApp que acompanho.
Deixo, por fim, algumas reflexões, ciente de que apesar de existir a responsabilidade das editoras relacionadas ao marketing dos jogos e mesmo a qualidade individual de cada obra em permanecer-se relevante, ainda temos a nossa própria responsabilidade como jogadores de fazer um melhor proveito de todo o trabalho feito por estes outros elementos (editora e gamedesigners) neste enorme processo. Então, pergunto:
a.- Com qual velocidade você supera os jogos atuais, ou seja, quanto tempo em média sente que um jogo te prende antes de passar para outro?
b.- Quanto mais compramos, a tendência é termos menos tempo jogando um determinado título. O quanto isso impacta sua rotina como jogador e/ou colecionador?
c.- O quanto você costuma revisitar jogos parados na estante?
d.- Pensando nos lançamentos de 2024 (nacional e internacionalmente), acha que algum título consegue estender sua relevância por 10 anos ou mais?
Um texto de
Raphael Gurian
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