Olá!
Eu sou o Davi e você está no canal Análise Escrita.
Hoje vamos debater um assunto que passa (ou já passou) pela cabeça de quase todo Boardgamer (e provavelmente pela cabeça de todo mundo que tem um hobby).
Começo com uma provocação:

"Salve Abujamra!"
Quando o hobby se torna um vício?
Quando a sua coleção excede o que você sempre tomou como "aceitável" e chega a níveis que você nunca imaginou?
Seu hobby hoje é por comprar e acumular ou por jogar? Começou dessa mesma forma?
Hoje você sofre com a falta de espaço? Tem jogo onde deveria ter uma planta na sua sala?
Reflita sobre tudo isso, e então continue a ler o texto.

No texto anterior (que você pode acompanhar aqui:https://ludopedia.com.br/topico/81467/ressignificando-a-palavra-jogo ), Falei sobre minha relação com a palavra jogo e como tento transformar a palavra (e o hobby) em minha vida.
Por diversas vezes (sobretudo nos últimos tempos), tenho lidado ou experimentado novas emoções relacionadas ao Hobby.
Estou em um momento relativamente estressante, tentando equilibrar a vida pessoal e o trabalho sem enlouquecer, e tudo isso gera uma montanha russa de emoções.
O Hobby por muitas vezes se mostra como uma "Tábua de salvação".
Percebo que o primeiro sentimento que vem a mente é a vontade de comprar, a angústia entra, o dinheiro sai e a coleção aumenta.
Admita, você também gosta de comprar.
É gostoso chegar em casa depois de um dia de trabalho, olhar para a cara do porteiro e ouvir aquelas palavras: Chegou encomenda para você.
É ainda mais gostoso subir com a encomenda ao apartamento, abrir a embalagem e ver aquela caixa novinha, sentir aquele cheiro de coisa nova.
Mas aí vem a segunda curva da montanha russa: Na maioria das vezes você nem tira o jogo do plástico, coloca direto na estante e planeja abrir no fim de semana.
Você passa a semana toda pensando: sábado vai ver mesa!
No sábado você limpa a casa, vai ao mercado, da atenção a família e as 22:00 da noite já quer ir dormir, o jogo não viu mesa.
Aquele jogo comprado em um momento de ansiedade, que veio para matar um desejo, se transforma por si só em um objeto de angústia e corre o risco de ter um destino comum a muitos jogos em coleções um pouco maiores.
Temos dois termos famosos entre os Boardgamers: a Geladeira (aquele jogo que você comprou lá atrás, já viu mesa e hoje está parado) e a famosa "estante da vergonha" (aquele jogo que chegou e foi para estante, nunca viu mesa).

Mas qual a "Vergonha" por trás dessa estante? A vergonha em ter gasto dinheiro e o jogo não ir para mesa?
A vergonha em não dedicar tempo "suficiente" ao hobby?
E a Geladeira? Você tem um jogo que ama, que te trás boas lembranças e que não vê mesa?

"Oh My Goods! foi um dos jogos que me trouxeram ao hobby, hoje estou tentando tirá-lo da geladeira para aproveitar a segunda expansão que comprei a mais de um ano e estava na estante da vergonha".
Como a maioria, tenho experimentado esses sentimentos, com frequência cada vez maior.
Passamos por dois ou três anos de incerteza e estamos nos acostumando novamente a vida.
Nosso hobby é prioritariamente um hobby coletivo, então em geral dependemos de outros para jogar.
As opções de jogos solo são muitas, mas o jogador solo acaba sendo um "nicho" dentro de outro "Nicho".
Percebo que devido a necessidade de quase sempre ter alguém para jogar, os Boardgames que eu tomo como meus "Favoritos" e que são um pouco mais pesados, como Hallertau ou Altiplano acabam indo para mesa com uma frequência muito baixa, quer pela complexidade, quer pelo tempo de jogo ou até pelo tempo despendido em explicar o jogo aos demais participantes.
Acabamos moldando o Hobby as oportunidades de jogo que aparecem.
E aí vem a frustração: Jogo Médio/pesado, uns Trezentos reais + Sleeves.
Você pensa na experiência de jogo que esse jogo proporciona, e no fim você está em uma mesa jogando Sushi-go.
No fim, jogar é o que mais importa, ou o que importa é jogar "aquele" jogo?
Este texto não tem uma resposta.
Não espere encontrar uma justificativa aqui.
É apenas uma reflexão (ou talvez uma provocação?).
Finalizo esse debate com uma frase de Arthur Schopenhauer que se tornou viral nos últimos tempos, e que já usei em outros textos: "A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir."
Se identificou com o texto? conte suas frustrações em relação ao hobby (e porque não em relação a vida?).
Venha participar do grupo de ajuda do tio Davi, desabafar e sempre bom!