
Cidades Submersas foi lançado em 2018, já pela Editora proprietária do próprio Vladmir Suchy. Chegando ao Brasil em 2019. Sendo esse o primeiro jogo que tive contato do designer, e confesso que naquele primeiro encontro não achei o jogo nada demais.
Quando ele chegou por aqui ele veio muito na esteira de substituto de Terraforming Mars e muitas pessoas diziam, e dizem até hoje, como preferem esse jogo ao Terraforming Mars.
Eu sou fã declarado de Terraforming Mars. Já participei de torneios, já experimentei diversas estratégias, etc. Discutia e discuto até hoje um ponto controverso do jogo: sua duração de partida.
Bom nesse contexto me apresentaram o Cidades Submersas e não me agradou. Pra ser sincero, não é nem que não me agradou, mas simplesmente não vi nada demais. Acho que o hype que as pessoas em torno de mim fizeram do jogo acabou funcionando ao contrário.
Mas não existe nada que o tempo não mude. Passados todos esses anos e principalmente, após me apaixonar por Shipyard (não me canso de falar disso), tive a oportunidade de rejogar esse jogo e confrontar minha impressão inicial e ainda bem que fiz isso.
Primeiro cabe salientar as “semelhanças” que esse jogo tem com Terraforming Mars. Ele tem um engine building com cartas. Pronto é só isso. AS semelhanças param ai. Da mesma forma eu poderia dizer que ele tem semelhança com Agricola, afinal ele tem alocação de trabalhadores (que no Cidade Submersas são os tiles de ação), e tem tableu building onde você melhora a sua máquina desenvolvendo o seu tabuleiro pessoal.
Alias da pra dizer que ele e muito mais semelhante a Agricola do que com Terraforming Mars.
Mas vamos deixar essas semelhanças de lado pois cada jogo deve ser avaliado pelo que ele oferece e não pelo que ele se parece.
O sistema de ação é muito simples. Você escolhe um dos espaços de ação disponíveis e joga uma carta. Se a cor do espaço de ação for da mesma cor da carta você pode resolver o efeito da carta junto com o efeito do espaço de ação.
Se não for semelhante você apenas resolve o efeito do espaço de ação escolhido.
Termina o seu turno, descarta a carta suada se ela não for uma permanente a ser adicionada em sua área de jogador e compra outra carta.
Cada jogador vai se alternar até usar os 3 trabalhadores disponíveis e termina a rodada. Verifica a ordem na trila de federação e inicia uma nova rodada. Se chegou numa rodada de produção, faz a produção de acordo com as coisas desenvolvidas em seu tabuleiro, mudam-se o deck de cartas para a próxima era.
Vamos fazer isso por 10 rodadas e 3 fases de produção ao total. Terminou, faz a contagem de pontos final quem tem mais ponto ganha.
Fim.
Simples né? Também achei.

Então o que esse jogo tem de tão interessante?
É justamente na capacidade de se usar as cartas quando elas combinam com as cores do espaço de ação que esse jogo mostra o seu nuance genial.
Uma ação que parecia simples, pode desencadear um efeito incrível ao se combinar com a carta e vice e versa.
Jogos de tableu building e engine building em geral sempre são cativantes pois você vÊ o desenvolvimento de sua máquina rodada após rodada e de como aquilo pode se traduzir na vitória ao fim do jogo.
Acho esse um dos jogos mais diretos em suas ações depois do Shipyard (sempre ele) que o autor possui.
Eu adoro jogo de alocação de trabalhador e adoro engine building e esse jogo faz a conexão dessas duas mecânicas de forma muito satisfatória.

Ele possui apenas dois erros para mim.
Um deles é um erro que sempre vejo em jogos do Suchy de uma maneira ou de outra: o desbalanceamento de algum das pontuações de fim de jogo que recebemos das metrópolis douradas.
Algumas delas são tão simples que você vai ignorar totalmente fazer uma conexão até chegar a metropole dourada, enquanto outras são tão fortes que você vai simplesmente direcionar todo seu jogo para ela.
Infelizmente isso é algo que eu vejo sempre de uma maneira ou de outra nos jogos do autor que já acho que talvez seja totalmente intencional esse desbalanceamento ao invés de achar que seja apenas falta de playtestes.
O outro problema que eu tenho come esse jogo e saliento aqui que das pessoas com quem joguei fui o único a dizer isso: eu acho que ele poderia ter uma rodada a menos na terceira era.

As cartas da terceira trazem muitas cartas de pontuação final, mas considerando a natureza apertada das ações desse jogo, serão poucas que vão realmente te ajudar. Não adianta nada receber uma carta de pontuação final que vai pontuar com fazendas de kelps quando eu foquei mais nas minas de sal e etc.
Na minha opinião, se a terceira era tivesse apenas duas rodadas ao invés de 3 isso daria pouco impacto na pontuação final e me deixaria amis confortável com a duração dele.
Para quem gosta de jogar solo de vez em quando acho que esse é o jogo do autor que tem o setup mais rápido para essa modalidade, se tornando uma boa pedida para quem gosta. (eu gosto).
Enfim, gostei muito de rejogar esse jogo provando que não devemos ter nossas opiniões escritas na rocha. Um jogo que amamos hoje pode ser um jogo que iremos desprezar no futuro, e vice e versa. Devemos estar abertos a mudar de opinião sempre. Quem sabe mais pra frente eu não mude de ideia sobre a duração dele também?
Não é um Shipyard (lá ele) mas definitivamente entra numa boa posição no meu ranking dos jogos do Suchý (vou divulgar quando terminar essa antologia).
Você pode conferir as Regras detalhadas, o gameplay completo em 4 jogadores e as opiniões da mesa no nosso canal do youtube ou no topico: https://ludopedia.com.br/topico/80142/cidades-submersas-regras-gameplay-4p-e-overview
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