Azul foi lançado em 2017 e foi uma grata surpresa para os amantes de abstratos leves. Não apenas se tornou um dos jogos prediletos para muitas pessoas como seu sucesso originou várias versões e relançamentos.
Entre os abstratos leves da época muitos se dividiram entre o Azul e o Sagrada como seu preferido (eu sou time Sagrada).
Cascadia veio 4 anos depois em 2021 com seu intrincado modo de pontuação e delicioso tile placement. Já o joguei em várias contagens de jogadores e adorei cada uma delas.
Quem me conhece sabe que um abstrato precisa ser muito interessante para me fisgar.
Nunca me importei tanto com o Azul (apesar de ver suas qualidades), e mesmo o Sagrada só o coloco na mesa em momentos muitos específicos.
E mesmo o Cascadia, apesar de gostar, não foi também um jogo que me interessei tanto a ponto de tê-lo na minha coleção.
Mas então eu conheci o Harmonies na Covil Con desse ano e fiquei maravilhado.
Lançamento de 2024 (no Brasil, pela Galápagos) do designer francês Johan Benvenuto.
Johan não é um iniciante, possuindo diversos outros joguinhos sob seu nome que eu confesso nunca ouvi falar, ou nunca tive interesse em conhecer.
De maneira geral eu gosto de jogos que me ofereçam um desafio intelectual grande, por isso gosto de jogos pesados, de alta interação, ou meticulosamente desafiadores, o que me afasta dos party games e jogos família em geral.
Mas Harmonies foi o jogo família que conseguiu chamar minha atenção.
Acho que nos 4 dias de evento que ativamente participei coloquei ele na mesa umas 5 vezes ou mais. Eu sei que para fazer um review muitos dirão que eu deveria jogar mais vezes, mas acho que tenho o suficiente para ter uma boa opinião formada.
Bom, conforme o título desse review, a maneira mais fácil de explicar Harmonies é dizendo que ele é uma mistura do que há de melhor na minha opinião entre Azul e Cascadia.
Temos aqui, uma roda com 5 “bandejas” de 3 peças semelhante ao do Azul. No seu turno um jogador deve escolher uma dessas bandejas e pegar todas as peças, e DEVE alocar todas as peças em seu tabuleiro pessoal.
Depois disso, se ele ainda tiver espaço disponível (são 4 espaços) pode pegar uma carta de animal. Repõe as peças da bandeja e vai para o próximo jogador.
O jogo termina quando todas as peças do saco acabarem e precisar repor uma bandeja, ou se um jogador tiver 2 ou menos espaços disponíveis em seu tabuleiro pessoal e ai encerra-se aquela rodada.
Simples.
Mas aonde esta a semelhança com Cascadia e aonde esta o porque de eu ter gostado tanto desse jogo?
Ao se pegar as peças, diferente do azul onde podemos descartar as peças que não usarmos, aqui devemos utilizar todas elas. Elas representam diversas coisas: água, cidades, rochas, campos, troncos. E existe uma tabela demonstrando o que é necessário para cada uma peças pontuar: seus requisitos e valores. Por exemplo, uma cidade só pontua se ela tiver dois níveis e estiver cercada de pelo menos 3 peças de cores diferentes (podendo ser outra cidade), as rochas precisam estar conectadas a pelo menos outra rocha e ai pontuam por níveis: a de nível 1 , 01 ponto; nível 2, 02 pontos; nível 3, 07 pontos. E por ai vai.
São as cartas de animais que fornecem combos e possibilidades de pontuação.
Semelhante ao do Cascadia, cada carta tem um formato e quais peças formam o “animal” e então você coloca um cubinho laranja na peça mostrada pela carta e marca o “animal” concluído. Quando concluir todos os animais de uma carta, você a coloca de lado e libera um espaço para adquirir outra carta de animal.
E aí está a beleza desse jogo, pois para formar um animal você não precisa que cada um deles seja formado por peças individualizadas, você pode reaproveitar as peças de outro animal que simplesmente estão ali em seu tabuleiro. A possibilidade de combos é muito grande e quando você dominar a proposta do jogo vai conseguir fazer pontuações bem altas.
Essa capacidade de combar somada com a tensão em ver o jogador anterior pegando as peças que você estava de olho elevou esse jogo para minha lista de desejos e possivelmente para minha lista de jogos permanentes da coleção.
Ele conseguiu trazer tudo que eu acho de legal no Azul e no Cascadia deixando a capacidade de combos e a limitação de tamanho de seu tabuleiro muito mais desafiador do que esses dois.
Claro que muitos ainda vão preferir o Azul ou o Cascadia ao Harmonies mas ainda assim tenho certeza que vão gostar muito da experiência que esse jogo traz, e ainda assim ele é ótimo para jogar com iniciantes ou com aqueles que só gostam de jogos família.
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