Wachelke::Fico me perguntando, pura curiosidade mesmo, ao ver esses jogos aí que começam num boom e depois são encostados... Uma vez ouvi um podcast com sei lá quem (um desses envolvidos nos TCGs das antigas, tipo aqueles podcasts de rememoração dos bastidores dos tempos áureos, se não me engano se chama The Booster Pack). Ele comentou que muitos jogos eram inovadores, e eram da Wizards of the Coast (dona do Magic), mas sua finalidade principal era só introduzir pessoas no gênero CCG/TCG, para depois fisgá-los com o Magic. Ai os jogos já eram pensados pra morrer umas 3 ou 4 coleções depois - claro, contrariando as pessoas envolvidas, eram decisões de cima, mas já pensadas desde sempre. Ou seja, lança o jogo, faz um barulho, o cara gosta, encosta o jogo, o consumidor já está dentro e... Cai no Magic. Então seria um modo de manter a concorrência sob controle - melhor investir em algo que depois vá morrer, aí você é o próprio concorrente, e todos os caminhos levam ao Magic.
Isso ocorria até com venda de licenças né. Android Netrunner foi isso. WotC vendeu a IP pra FFG, o jogo deu certo e... Deu tão certo, que a Wizards não renovou a licença, e aí morreu (sob a fase FFG né, hoje há continuidade de fãs, projeto NSG).
Com a FFG, Star Wars e cia., a coisa é meio diferente. Minha estimativa é que, se o jogo já flopa de cara, joga fora e não se perdeu muito dinheiro com ele (afinal, para a empresa, é papelão, vendido bem caro). A outra, é que talvez seja lucrativo esse boom inicial, esse hype todo, e ali no primeiro e / ou segundo ano a coisa já se garanta, mesmo sabendo que a chance de dar errado é grande depois. Aí compensa mesmo se o jogo falhar. Temos que lembrar, que nesse modelo, são poucos os jogos que conseguem passar da marca de cinco anos numa escala grande. Então acho que o negócio é esse mesmo, explodir, fazer o dinheiro que der, e depois pular fora e outro que apague a luz...
Caro
Wachelke
Meu camarada, eu achei essa sua análise um primor, e digo mais. Se eu fosse só um pouquinho de nada mais sem-vergonha do que sou, eu apagava o tópico com os comentários, mas antes copiava e colava o seu último parágrafo no texto e republicava como seu eu tivesse escrito, na maior cara dura mesmo!
Agora, fora de brincadeira, eu acho que você está muito correto. Talvez tudo que a Fantasy Flight precise é que o jogo dê um lucro rápido nos primeiros dois ou três anos, e depois a empresa descontinua o card game, antes desse lucro inicial começar a cair. Daí é só esperar um ou dois anos e anunciar mais um card game como se ele fosse um novo Magic que durará trinta anos.
O problema é que isso é muito bom, mas só para a editora, porque para quem compra é péssimo, especialmente em se tratando de card games. O novo jogo é anunciado, toda a comunidade fica em polvorosa, aí o jogo é lançado e as pessoas começar a comprar toneladas de material. Quando o card game envolve uma das maiores franquias de entretenimento da história, aí é sucesso na certa. Logo cria-se uma comunidade de fãs, torneios locais, eventos e coisa e tal. De repente surgem os boatos de que o futuro do jogo é incerto, cessam os anúncios de novo material, até que um belo dia vem a notícia de que a editora resolveu descontinuar o jogo, deixando órfã toda aquela comunidade que gastou e investiu muito tempo e dedicação nele.
Foi exatamente isso o que ocorreu com o Destiny, uma parte do fã-clube lutou para manter o jogo vivo, organizaram eventos, e até lançaram cartas novas feitas pela própria comunidade, mas não teve jeito. Uns dois anos atrás o que mais se via eram coleções inteiras de Star Wars Destiny sendo vendidas a preço de banana, tipo R$ 0,50 por carta, e até mesmo caixas de boosters lacradas, por qualquer dinheiro.
Por fim, esse tópico trata do Star Wars Destiny, mas em vista desse episódio tão recente não tem como não ficar muito desconfiado em relação ao novo card game Star Wars da vez, lançado pela Fantasy Flight com toda a pompa e circunstância, o Star Wars Unlimited. Esse inclusive já tem nova coleção anunciada, você veja só como a cartilha é seguida à risca. É aquela velha história se alguém me engana uma vez a vergonha é dele, mas se ele me engana duas vezes, a vergonha é minha.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio