Caros Boardgamers
Antes mais nada, eu quero dizer que não escrevi esse tópico porque sou um mero “hater”, ou porque odeio esse jogo, ou a Galápagos. Até porque, do jeito que a Galápagos trata seus consumidores, especialmente quando ela lança jogos com defeito, parece que é a editora que odeia seus consumidores.
O que eu quero, na verdade, é entender a razão para essa empolgação com o “It’s a Wonderful World”, bem como, o que é que justifica esse preço de R$ 335,00, que me parece tão alto, porque eu sinceramente não consigo enxergar, qual é o motivo tanto para uma coisa, quanto para outra.
Antes de prosseguir, com as minhas considerações, eu gostaria de esclarecer que ainda não tive a oportunidade de experimentar esse lançamento, mas estou acompanhando o jogo pelos vídeos, resenhas, e pelos gameplays que consegui encontrar. Portanto, minha primeira impressão, daquilo que consegui apurar, é que o jogo custa muito caro para aquilo que ele entrega. Porém, obviamente essa primeira impressão, um tanto o quanto negativa, pode ser modificada após tê-lo experimentado e é essa a razão deste tópico.
No momento em que estou escrevendo (04/01/2021), o “It’s a Wonderful World” custa em média R$ 335,00 e, por mais ou menos esse preço, é possível encontrar aqui no Ludopedia, por exemplo, cópias lacradas do Terraforming Mars, anunciadas por R$ 300,00 (Jundiaí), R$ 332,65 (Rio de Janeiro) e R$ 357,89 (Brasília). É claro que os jogos são bem diferentes, mas eu estou fazendo essa comparação porque o preço é parecido, e é de preço que eu estou falando nesse momento. Nessa comparação, de um lado você tem o “It’s a Wonderful World” que é um jogo que está chegando agora, e que não tem uma proposta lúdica inovadora, ocupando o 204º lugar no BGG, enquanto que do outro lado, você tem o Terraforming Mars, que é um jogo consagrado, com prêmio no currículo, sucesso de público (mais de 3.000 possuidores no Ludopedia), que ocupa o 4º lugar no BGG, e que além de ter uma quantidade muito maior de componentes, ainda assim, custa quase a mesma coisa que o “It’s a Wonderful World”.
Mas vamos ignorar isso, afinal os jogos são realmente muito diferentes, e por tal motivo, vamos confrontar o “It’s a Wonderful World”, com o jogo ao qual ele é mais comparado, que é o “7 Wonders”. Inclusive chegaram ao exagero de dizer algures que o primeiro seria o “matador” do segundo. Então vamos lá.
Em relação ao preço, o “It’s a Wonderful World” está sendo vendido aqui no Ludopedia por R$ 355,00, enquanto que o “7 Wonders” ocupa uma faixa bem mais baixa, ficando na casa dos R$ 260,00. Eu estou usando apenas os anúncios da Ludopedia, para viabilizar a comparação, porque que não dá para considerar a variação de preço de todas as lojas do país. O “It’s a Wonderful World” é do designer Frédéric Guérard, que é bem menos conhecido, enquanto que o “7 Wonders” é do Antoine Bauza, que dispensa comentários, um designer consagrado (Hanabi, Takenoko, Pequeno Príncipe, Victoriam Masterminds, Conan, entre outros) que nos últimos dez anos tem se mantido na lista do TOP 10 Designers da BGG, e é o 13º colocado na lista de melhores designers de todos os tempos, atualizada para 2019. No quesito quantidade de componentes, o “It’s a Wonderful World” tem 1 tabuleiro, 155 cartas, 160 cubinhos, 40 fichas de generais e 40 fichas de investidores, enquanto que o “7 Wonders” tem 7 tabuleiros de maravilhas, 155 cartas, 46 fichas, 70 moedas. Portanto nesse particular o “It’s a Wonderful World”, leva certa vantagem, por conta dos cubinhos. No caso da mecânica os dois jogos são bem parecidos, sendo que o “It’s a Wonderful World” funciona de forma muito próxima àquilo que o “7 Wonders” apresentou dez anos atrás.
Quanto à visão do público em geral, o “7 Wonders” ocupa o 58º lugar no ranking BGG, enquanto que o “It’s a Wonderful World”, apesar de ter mais de um ano de lançamento, ainda ocupa, conforme dito anteriormente, apenas o 204º lugar no mesmo ranking. São quase 150 posições de diferença, e isso sinceramente é muita coisa. Claro que qualquer lista ou ranking possui certo grau de arbitrariedade, e que também sofre influência de uma série de outros fatores além da qualidade. Mas se o “It’s a Wonderful World” fosse assim tão bom, a ponto de poder ser comparado ao “7 Wonders”, e principalmente justificar seu preço superior, (inclusive sendo apontado por alguns como o “7 Wonders Killer”), era de se esperar que o jogo tivesse um desempenho melhor, o que ainda não se concretizou. Além disso, em tópicos de outros jogadores, que, diferentemente de mim experimentaram o “It’s a Wonderful World”, ele foi comparado com outros jogos com uma pegada mais leve, tais como Azul (R$ 315,00 – BGG 47º) e Splendor (R$ 190,00 – BGG 163º), e estes outros jogos são mais baratos e mais bem colocados no ranking BGG. Do mesmo modo, o “It’s a Wonderful World” também foi comparado com o Century: Maravilhas do Oriente (R$ 290,00 – BGG 244) e o Gizmos (R$ 160,00 – BGG 323º), que ocupam uma colocação inferior no ranking BGG, mas em compensação, são bem mais baratos.
Por isso, numa boa, eu gostaria de saber dos entusiastas do “It’s a Wonderful World”, o que é que vocês estão vendo nesse jogo, que eu não consigo ver, que justifica essa empolgação, e principalmente, o que é que justifica esse preço, que pelo menos para mim está muito alto, considerando que existem tantas alternativas de jogos no mercado, mais baratas, e mais bem conceituadas. Porque, com toda a sinceridade, a impressão que eu tenho hoje é de que o jogo não vale o preço que está sendo cobrado, e que muito desse preço se deve ao “fator novidade”, de modo que me parece muito mais aconselhável, esperar o frisson passar e o preço baixar, para patamares mais condizentes.
Além disso, boa parte das resenhas que eu vejo, são de pessoas que compraram a versão importada do jogo. Por isso, eu gostaria também, se possível, de um feedback, de quem já comprou a versão nacional, no sentido de saber se o jogo está OK, ou se ele veio com alguns dos erros grosseiros, de tradução e de componentes, que a Galápagos tem cometido nos últimos lançamentos. Isso porque, depois do “Masmorra do Mago Louco” e no “Nemesis”, a Galápagos não me inspira nenhuma confiança. Com todo o respeito ao pessoal da Galápagos, mas eu prefiro não me sujeitar mais, à indignidade de comprar um jogo caro e precisar utilizar RTA – Recurso Técnico Alternativo (também conhecido como gambiarra), para poder aproveitar o jogo.
Desde já agradeço a colaboração de todos.
Um abraço.
Iuri Buscácio