Rimor::
Jogos muito fáceis podem ter seu apelo e sua diversão quando estiver pegando o jeito do jogo, ou se tiver sentando com jogadores um bocado mais casuais, mas falando por experiência própria, em poucas partidas vai bater o feeling de sentar pra dizer “e aí, como vamos ganhar dessa vez?”. Para não ficar apenas falando em linhas gerais isso aconteceu com o Elder Sign, por exemplo… Nele se souber gerenciar os riscos da rolagem, a chance de vitória é muito maior que a de derrota(muito fácil pra 1 e 2, razoavelmente fácil pra 3 e 4, só acentua com 5 e acima), e a maior prova disso é que as expansões entregam novidades sempre mais difíceis, meio que para ajeitar/fazer um contraponto engrossando a dificuldade.
Caro
Rimor
Em primeiro lugar parabéns pela excelente análise, meu camarada. Realmente tem de haver um equilíbrio entre o jogo ser não ser fácil demais a ponto de não oferecer nenhum desafio, nem difícil demais a ponto de só oferecer frustração.
Em segundo lugar, falando sobre o
Elder Sign, eu reconheço que adoro esse jogo (mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa). Provavelmente isso se deve ao fato de ter sido o primeiro jogo da linha Arkham Files que eu joguei, e por eu adorar o Lovecraft. Com certeza o Arkham Horror (irmão mais velho) e o Eldritch Horror (o irmão mais novo) são melhores, mas o longuíssimo tempo de partida afasta a maioria dos jogadores casuais, principalmente se eles não entrarem no clima do "Universo Cthulhu." Eu inclusive escrevi um texto falando sobre os jogos de terror, quem quiser conferir é só dar uma olhada no canal iuribuscacio (olha o jabá aí minha gente!!!!), defendendo que a Fantasy Flight fez o Arkham Horror muito difícil, em seguida tentou concertar, mas exagerou na mão fazendo o Elder Sign muito fácil, e por fim acertou em cheio com o Eldrich Horror que é difícil na medida. Para compensar as expansões do Elder Sign foram lançadas meio que para consertar essa questão do baixo grau de dificuldade
Assim sendo, o Elder Sign exemplifica perfeitamente essa graduação que você fez, dos jogos cooperativos, entre o fácil demais, o moderado e o difícil demais.
O Elder Sign base é sem dúvida fácil e pouco desafiador, principalmente quando os jogadores escolhem os personagens e montam aqueles combos infalíveis. Do mesmo modo, a possibilidade de estar sempre morrendo e continuando a jogar com outro personagem, meio que tira um pouco a tensão, porque morrer significa apenas trocar de personagem. Com isso assumir riscos absurdos é "mamão com açucar". Por outro lado, se os personagens forem sorteados, e se houver um número limitado de reposições de personagens, a história é completamente outra. É por isso que o jogo físico é fácil, mas a versão digital é tão difícil.
E aí entram em cena as expansões. Quando se joga com Grave Consequences, Gates of Arkham ou a Unseen Forces (principalmente com essa última que é a melhor de todas, com os dados abençoados e amaldiçoados), o Elder Sign entra em um outro patamar e se torna um jogo moderadamente difícil. Isso muda o jogo da água para o vinho, e ele passa a valer muito a pena.
Por outro lado, com as outras expansões Omens of Ice, Omens of the Deep e Omens of the Pharao, o jogo fica quase impossível de vencer, a não ser com muita estratégia e muita dose de sorte nos dados, e isso é muito frustrante. Com isso ele meio que cai no mesmo caso do Fire Team Zero que você citou.
No fim das contas eu acho que é isso que você disse, os jogos cooperativos têm de ter alguma dificuldade, mas não de forma excessiva, a ponto de apenas frustrar quem joga. Considerando isso, os recursos de regulagem de dificuldade, como é caso do Pandemic (selecionar quantidade de cartas de epidemia e sortear pelo menos alguns personagens), são essenciais nos jogos cooperativos.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio