Se você achou que a descrição remete demais a um conhecidíssimo jogo de cartas colecionáveis de 1993, você está certo. Sim, o mais amado do que odiado Magic: The Gathering. Caso não goste de Magic ou de cardgames nesse estilo, melhor voltar 3 casas. Ver o Epic Jogo de Cartas como um remake funcional do jogo citado é algo que cabe totalmente. Ele tem suas assinaturas próprias e adaptações, sendo uma versão bem funcional (em nossa modesta opinião) em termos de abordagem e de funcionamento de forma fechada, sem ser colecionável. Podemos falar das inúmeras semelhanças que podem ser vistas simplesmente como termos que foram renomeados... campeão ao invés de criatura, aéreo ao invés de voador, emboscada ao invés de lampejo, blitz ao invés de ímpeto, e tá bom de exemplos pois nosso artigo não é para leitura apenas de jogadores que conhecem o “Magic” perceberem os paralelos.
Cabe dizer que funcionam da mesmíssima forma, estilo o meme do “pode copiar meu trabalho, só não deixa igual”
. Também cabe dizer que nenhum jogo é “dono” do uso e emprego de termos e palavras-chave. E além dessas semelhanças, há algo que pelo menos pra quem cansou da matemática um tanto errática da obtenção de recursos do Magic conta muito: O income/obtenção fixa do mana (que aqui no epic, é a moeda de ouro). Como dito na descrição do começo, todo turno você vai ter como realizar uma carta de custo 1, e quantas cartas quiser de custo 0. Os baralhos tem uma distribuição de campeões (são tropas, criaturas etc) e eventos (são efeitos para melhorar sua partida ou piorar a do adversário).
E já que estamos falando das cartas, é claro que o jogo não ia passar sem cores/facções, aqui com o nome de alinhamentos:
Temos o benigno (amarelo) com seus anjos e soldados, focando em ganho de vida, limpeza de campo e condições de restrição pro oponente, o maligno(vermelho) com zumbis e demônios focando bastante em reutilizar cartas do descarte e eliminação de campeões, o selvagem (verde) com animais e bestas colossais, que jogam mais por presença de campo absurda e dano distribuído ou concentrado num único alvo, e o sábio(azul) com suas fadas e golens olhando mais para controlar as jogadas do oponente e comprar muitas cartas. Algumas cores podem fazer ligeiramente o que as demais fazem, não são coisas isoladas ou exclusivas, e sim características mais concentradas nessa ou naquela cor se compararmos uma delas com as demais.
No que o EPIC “bate forte”?
Um ponto importante é que o jogo tem partidas rápidas uma vez que todos estejam familiarizados com as regras. A demora pra jogar é mínima, sendo mais uma questão de perfil de jogador em jogar tudo/quase tudo que dispõe, ou ir soltando aos poucos para conter as reviravoltas do oponente sem que perca tudo de uma vez, uma forma de jogar é justamente buscar o meio termo. Se uma carta muito perigosa não for neutralizada ela pode encerrar o jogo em 2 ou 3 ataques, mas normalmente há ameaças dos 2 lados o que proporciona um duelo dos bons. Dá pra jogar uma melhor de 3 em 30-40 minutos, uma hora no máximo.
Em jogos colecionáveis tem várias formas de jogar draft que é basicamente usar algum método para ir escolhendo cartas para si e ir passando as demais, ao passo que vai recebendo mais cartas para seguir fazendo isso até concluir o baralho, no caso do EPIC normalmente de 30 cartas. Ele simula isso muito bem, e sem que você precise de pacotes avulsos (e quase sempre caros) de cartas compradas em separado. Você pode jogar com as cores fechadas, ou pegar 2 cores e misturar (já que são 4). Fazer uma escolha de cartas abertas na mesa (de 4 em 4 cartas um jogador pega uma carta, o outro escolhe uma segunda e terceira, com a última indo para o que pegou a primeira ). Tem também meu modo preferido (chamado RANDOM 45), que é pegar 90 das 120 cartas, passar 45 para cada um, e aí você vai deixando 15 de lado, e são eleitas 30 cartas para formar o deck. Dá pra jogar umas 5-10 vezes assim antes sentir repetitividade, antes de “enjoar”.
O manual informa outras sugestões também.
A arte é das boas, com várias ilustrações valendo a pena serem observadas mais de perto, como dá pra ver nessa hidra/serpente marinha selando o destino de uma embarcação:

No que o EPIC “bate de Kina”?
Como de costume, nem tudo são flores, sabemos bem disso, mas não custa lembrar. O desequilíbrio pode ser sentido um pouco mais do que gostaríamos mesmo sabendo que temos que considerar as assimetrias (beeeem presentes em cardgames do estilo) e considerar também a aleatoriedade, tanto na formação do deck quanto no que vai te ser fornecido naquela partida. Ainda assim podem acontecer partidas onde um jogador parece estar de moto e o outro de bicicleta (bem assim!). Esse kina que vos fala já se sentiu usando uma espada de madeira, daquelas de treinamento, contra uma espada obra prima do melhor ferreiro do reino, e a situação inversa também. Não há muito que fazer além de tentar o próximo round da partida.
Isso acontece em 2 camadas e a primeira é dos próprios alinhamentos. As cores amarela e verde são mais fortes, e as cores azul e vermelha fazem sua parte mas ficam aquém em várias situações. Não falo de predomínio de 2 cores em cima das outras, não é um abismo de diferença, mas ela existe. São como 2 divisões ou tiers, onde o amarelo e verde tem cartas ótimas, boas com algumas medianas e o azul e vermelho tem cartas boas e medianas com algumas ótimas. Tem carta que você chega a ler e reler, pra confirmar se ela é aquele absurdo mesmo, e chega a conclusão que é! No meu grupo por vezes chegamos a dizer “ah, é amarela/verde... então tá” 
A outra camada é do fator aleatoriedade mesmo, o jogo faz jus ao nome com efeitos e criaturas épicas, mas muitas vezes acontece que um jogador foi “épico” de fato e o outro foi no máximo heróico e vai perder. O que quero dizer é que tem cartas que promovem jogadas extremamente fortes, daí de forma implícita existe quase um mini placar, numa partida onde vieram 4 jogadas absurdas pro teu oponente e só 1-2 pra você, já sabe o resultado né? Vale dizer que isso será sentido logo em 2 ou 3 partidas e pode incomodar um pouco, mas também ressaltamos que não apaga ou desvaloriza o gerenciamento de mão, a estratégia pra explorar oportunidades de otimizar uso de cartas, e as decisões em torno de assumir mais riscos ou jogar de forma um pouco mais contida já que você não sabe afinal quando pode rolar um “limpa mesa” , mas também não quer minar teu oponente devagar demais por pouca presença de campo e por aí vai.
E quanto custa pra explorar esse reino?
No momento em que escrevo ta por 40-50 reais, e isso é facilmente um dos melhores custos benefícios já postado aqui no canal! Dá até saudade dessa margem de preço, já que de uns tempos pra cá estamos caminhando pro preço “1 real a carta”, mas isso é outro assunto hehe.
EXTRAS/ALGO+
3 coisas legais para falar aqui! Fora as sugestões do manual, na página oficial tem outras formas de jogar, divididas em 4 categorias: https://www.epiccardgame.com/formats/
O jogo tem 3 grandes expansões o que implementa mais de 300 cartas novas, mas é aquela velha estória do mercado BR né? Nenhuma foi lançada aqui, ainda bem que o base dá um bom caldo. Dá pra ver o estrago dessas novidades aqui: https://www.epiccardgame.com/card-gallery/
Recentemente foi lançado o APP do jogo, ta sendo elogiado, só parece demandar muito espaço no celular se eu não me engano:
https://www.epiccardgame.com/epic-card-game-digital-app/
Então por enquanto é isso, até o próximo reino a explorar, batendo forte, e também batendo de “kina”! 
INSCREVAM-SE, ACOMPANHEM!!!