Também podemos afirmar que o Muralha de Adriano é do tipo que intimida mas se torna consideravelmente intuitivo. Se a pessoa não for da eurolândia, ela vai precisar usar a primeira partida pra conhecer mesmo, pra entender os loops matemáticos de gastar um recurso/meeple para ganhar outro. Para jogadores habituados 1 ou 2 das 6 rodadas bastará pra engrenar. Outra lindeza é que ele possibilita turnos simultâneos. É recomendável uma primeira rodada acompanhando cada jogador como se fosse play and pass, mas logo depois se teu grupo não tem a galera do desvio de caráter, dá pra cada um ir resolvendo suas jogadas, gastando recursos e rabiscando, com os primeiros que terminarem ficando aguardando um pouco os demais. Podemos finalizar chamando a atenção de que cabem 6 jogadores, o que é relativamente raro pra um eurão. Também cabe dizer que tem vários minigames costurados (set collection de itens de comércio, luta de gladiadores, tetris em grid 5x4 e por aí vai), mas são quase todos BEM costurados.
No que MURALHA bate de kina?
Quando dizemos que os minigames são “quase todos” bem costurados, é porque os gladiadores ficaram estranhos... a ideia das lutas em si é ok, vc revela nas cartas um gladiador oponente dummy, e o teu gladiador enche ele de porrada, bem como apanha comparando o nível de poder (de 1 a 6) entre ambos. Se sobreviver ganha certos bônus, se morrer ganha outros tantos. O problema é que treinar teus gladiadores(pode ter 1 ou 2) já custa meeple pra ele upar até o poder 6, talvez vc não maximize tanto. Toda luta é um espetáculo que pra acontecer custa 2 meeples e 2 recursos (recurso = pedra). Aí depois você ainda depende do sorteio do gladiador dummy citado acima... putz! Não tem como não pensar em outro destino pra todos esses gastos, vc deixa de fazer umas 3 coisas diferentes, pra focar nos gladiadores... Ainda não esbarrei em um jogador que aposte nisso valendo, de forma focada (Uma única vez meu irmão testou maximizar os gladiadores com afinco e se esborrachou nos sorteios, ficando em penúltimo ou último nessa partida). Tem até um dos objetivos que envolve gladiadores que muitos jogadores ignoram por achar que é roubada. Acho que é como sei lá, as máscaras do teotihuacan, que são 8 ou 80 em termos de valer investir.
Por fim tem que apreciar o visual de planilha de excel (como pode ser visto na foto mais acima). Ou você vai achar que é quadradinho demais com um pouco de arte aqui e ali nas 2 grandes folhas de jogador. Há um ponto neutro, que pode ser besteira pro teu perfil ou pode demandar atenção, que é o fator solitaire multiplayer... é cada um no seu mundinho, tanto que como já falado permite até turnos simultâneos. A interação é realmente baixíssima se resumindo a 2 coisas: O esquema de obter item de comércio, onde se vc pegar da carta do oponente terá que dar recurso pra ele, e bem dizer o mesmo princípio pra utilizar a peça de tetris que veio pro oponente. Coisa inclusive que todos evitam pq nesse jogo um recurso a mais pode causar 2, 3 combinhos que só ativariam depois.
QUE TIRO FLOP FOI ESSE?

Tal qual a imagem tosca reflexiva acima, é super válido pensarmos na cena do crime no Cenário da flopada! Como estava o mercado (em um recorte rápido), quando Zombicide Gear Up chegou nas lojas? Ora vejam, pelo que os mensageiros da época me disseram sobre outros “reinos”, em maio de 2023 pensando no tipo de jogo compatível com a entrega que o Zombicide faz (ou seja, jogo rápido, de rabiscar e coop), não teve nenhum jogo que necessariamente ofuscasse ele. Nós procuramos observar um mês antes, o próprio mês e o mês seguinte. Então em abril, maio e junho de 2023, os jogos da faixa de 100-150 reais não tiverem nada acertadamente expressivo, se colocássemos com os devidos dados lado a lado, como nas tabelas do início da postagem, veríamos que tem quase a mesma quantidade de 200 e poucas, 300 e poucas cópias cadastradas em coleções na ludopedia.
O jogo coop mais expressivo desse período de 3 meses, foi o Marvel United x-men, mas é outra faixa de preço, outras mecânicas, só tem o coop em comum. Então o melhor palpite é que o Gear up não emplacou pelo efeito franquia. O que teve (e tem) de gente que ao ler o nome Zombicide já pensa imediatamente nos outros jogos não tá escrito. Então ele ficou num limbo, onde quem não gosta de zombicide e não se apropria das diferenças (gritantes até) do Gear up, já olha atravessado e bloqueia qualquer possibilidade de interesse, e quem gosta demais de zombicide ou dá uma olhadinha ou já sentencia que os melhores elementos da franquia não estão presentes. Nisso jogos que não tem esse ruído já podem dar errado em termo$ de mercado, imagine tendo essa questão de ser uns parênteses dentro de uma franquia. Ainda assim, não houve queda vertiginosa do preço dele, só em promos isoladas, mas no geral ele estabilizou de 150 por 115-120.
No caso do Muralha de Adriano que é de Março de 2022, os euros mais expressivos que foram lançados, foram em fevereiro: Invasores de Cítia e Terraforming Mars ares Project. No mesmo mês dele tivemos Anachorny e logo depois em abril, Luna Maris. De todos esses Anachrony é o de nome (e vendas) mais forte. O flop do muralha se deve principalmente pelo fator de expectativa em relação aos componentes que vem em um jogo desse tipo. Vamos concordar que pedir 400,00 em 90 meeples (bem pequenos por sinal), 50 recursos que representam as pedras da muralha, 6 tabuleirinhos de jogador e 120 cartas é complicado.
Mas é devido as 400 folhas (isso mesmo, são 200+200) que o jogo chega nesse preço. Essas folhas acabam sendo vistas como algo meio legacy, consumível, expirável. Elas de fato são, tanto que quem é manjado e quer ir contra essa finitude, plastifica algumas e usa marcadores apagáveis para rabiscar. Foi fortemente observada a insatisfação do pessoal ao constatar que uns 2/3 do preço do jogo era por vir um verdadeiro tomo (na verdade 2 tomos) de folhas que compõe o playerboard de cada jogador. Apesar do flop também não passou por despencada de preço, sendo encontrado por 300-350 e dando sinais de que possivelmente pras cópias lacradas, não passa de 2025 disponível nas lojas.
Vamos encerrando, esperamos que tenham curtido esses apreciados “flop and write”! (em vez de virar e rabiscar do flip and write, aqui foi flop and write, algo como encalhar e rabiscar!). Aguardem nova postagem, mais uma vez mostrando jogos que fogem do óbvio e podem surpreender (até porque boa parte do “óbvio” bombou e não virou flop). Como dissemos antes, serão jogos que são um flop, mas também são uma “preciosidade”, então pela união desses poderes vão surgindo as FLOPRECIOSDADES!!! Até o próximo reino a ser explorado, batendo forte e também batendo de kina!