Pan Am é um jogo ainda não lançado no Brasil, desenvolvido pelo grupo Prospero Hall, da Funko Games, lançado lá fora em 2020.
Primero é importante que esclarecer quem é a Pan Am. A Pan Am surgiu nos EUA em 1927 e tinha sua sede em Miami. Durante décadas foi a principal companhia aérea dos EUA e do mundo, sendo a primeira com alcance mundial, em certo momento possuindo quase um monopólio mundial das rotas intercontinentais.
A Pan Am se expandiu rápida e agressivamente pela América, adquirindo rotas para América Central e do Sul ainda na década de 30. Na mesma década já havia criado rotas ligando as duas costas dos EUA e ligando o continente americano à Europa. Na década de 40 se expandiu à Asia.
Após a Segunda Guerra a companhia aérea consolidou sua expansão mundial, embora com mais concorrentes. E na década de 50 e 60 foi uma das pioneiras na aviação civil à jato e na utilização de aviões widebody (com alta capacidade de passageiros).
A Pan Am encerrou suas atividades em 1991, mas ficou marcada como o símbolo da "era de ouro da aviação", período em que voar era sinônimo de muito luxo, glamour e com menos restrições de segurança. A marca "Pan Am" virou recorrente na culturalmente pop, sendo referenciada em filmes (Prenda-me Se For Capaz), séries (como a homônima "Pan Am") e até nesse jogo de tabuleiro!
No jogo os jogadores assumem o papel de donos de companhias e aéreas entre os anos 30 e 60 durante o surgimento e expansão da Pan Am, auge da companhia.
As companhias aéreas não são concorrentes da Pan Am, mas sim terão suas rotas adquiridas pela companhia aérea ao longo das rodadas, representando a crescente e rápida expansão da Pan Am.
Além do nome e da logomarca, há mecânicas bastante temáticas. O jogo se divide em sete rodadas, que sempre se iniciam com uma carta de evento que conta um pouco da história da companhia aérea e define como ela irá se expandir naquele momento. Ao final de cada rodada a Pan Am expande pelo mundo, adquirindo rotas dos jogadores.
Além disso, com o passar das rodadas (e dos anos) novos aviões de maior alcance ficam disponíveis aos jogadores, representando a melhora tecnológica da aviação no período.
Falando mais diretamente sobre as mecânicas, Pan Am é um jogo de nível médio, mas que pode ser jogado tranquilamente por jogadores novos. As ações são bastante simples e diretas: colocar um aeroporto, comprar uma carta de destino, comprar ou melhorar um avião, reivindicar uma rota ou comprar uma carta de diretriz.
Em cada rodada há uma fase de alocação de trabalhadores na qual os jogadores irão leiloar o direito de fazer determinada ação. Em seguida há uma fase de execução das ações.
No entanto, o cerne do jogo está em três mecânicas. Primeiro, a de reinvindicar rotas, que lembra um pouco Ticket to Ride: os jogadores disputam rotas entre cidades no tabuleiro, mas para isso devem possuir cartas dessas cidades ou aeroportos, ou uma combinação deles, ou descartar uma combinação de cartas.
A segunda mecânica é a da fase de expansão da Pan Am, qhe funciona quase como um automa. É rolado um dado uma ou mais vezes para indicar para qual direção ela ira comprar rotas (Europa, Ásia ou América do Sul). Caso um jogador tenha uma rota no caminho, a Pan Am irá comprar, pagando de acordo com a distância da rota.
A terceira mecânica chave é a de compra de títulos de ações: ao final de cada rodada os jogadores podem comprar ações da Pan Am e, ao final do jogo quem tiver mais ações é o vencedor. O preço das ações varia a cada rodada (naquela carta de evento), tornando o jogo quase um euro econômico.
Talvez o grande mérito do jogo seja ser ao mesmo tempo bastante acessível, tanto em dificuldade quanto em preço (lá fora), e conseguir combinar tantas mecânicas diferentes de forma muito elegante (alocação de trabalhadores, leilão, gestão de mão, construção de rotas e até mesmo compra de ações com variação de preço).
No entanto, para manter a dificuldade do jogo acessível há um componente de sorte bastante relevante, que pode incomodar a alguns: há compra fechada de cartas de diretrizes (que dão bônus e que às vezss podem ser muito poderosos), há um deck de cartas de destinos e há a expansão da Pan Am que é feita por rolagem de dados.
Elogio também à produção do jogo. As miniaturas de aviões são um charme e ficam lindas à mesa e a arte é bastante agradável, com destaque para o mapa do tabuleiro e às cartas de destino, cada uma com um desenho temático àquela cidade.
Quanto à contagem de jogadores, aqui jogamos apenas em 2 e o jogo escalou muito bem. A vantagem principal é ter muitos trabalhadores para usar a cada rodada, o que dá a sensação de fazer muita coisa. No entanto, o leilão das ações pode ficar a maior parte do tempo esvaziado.
Provavelmente a melhor contagem é em 3 jogadores, que traz o melhor equilíbrio entre número de ações e disputa do leilão.
Para quem puder, vale muito à pena importar: mesmo com a alta do dólar, é possível achar num preço justo, com constantes promoções, e tem baixa dependência de idiomas (facilmente contornável com uma tabela ou paste up, cuja localização para o Português está disponível aqui na Ludopedia graças ao
Julianolocks)
Assim como os demais jogos da Funko Games (como Horrified, Disney Villainous e Back to the Future: Back In Time, Jaws etc.) ainda não há previsão de lançamento para o Brasil. Uma pena, pois se trata de uma editora que faz jogos bastante sólidos, temáticos e acessíveis, que com certeza cairiam no gosto dos jogadores brasileiros.
P.S.: Editado em 13/08/2021 após contribuição de FCL84, conforme comentário abaixo.