Em Julho de 2017 eu conheci a implementação da Mancala nos Boardgames. Naquele mês eu joguei Trajan e Gold West e estava maravilhado. Se a Steve Jackson Games tivesse lançado o Munchkin Mancala ali eu teria comprado. Mas para minha sorte, o lançamento foi o Kickstarter de Crusaders da TMG. Um ano e meio depois, quando eu já havia me esquecido dele, o jogo chegou na minha caça. Sem aviso sem nada. Eu já nem me lembrava que estava nesse KS, mas abri e vi um jogo lindo, de regras simples que começou a cair no gosto de alguns amigos. Ainda assim, duas partidas depois, eu o vendi. E esse texto é para explicar o por quê.
Crusaders é um jogo de controle de área, onde todas as suas ações são feitas a partir de uma Mancala. Mas ao contrário de Trajan, em Crusaders você faz a ação de onde tirou as peças (ao invés de onde chegou com elas) e a potência da ação é definida por quantas peças tirou. Em alguns jogos, a Mancala pode ser muito queima mufa. Já vi muita gente travando em Trajan, ainda mais que tem o esquema das cores para complicar ainda mais. No caso de Crusaders, não chega a ser um problema tão grande. Como você faz a ação de onde sai, você consegue olhar claramente para a Mancala e entender quais são suas opções.
O resto do jogo, são interações relativamente simples (não significa que bobas) de movimentar, recrutar, construir, batalhar e influenciar (nesse caso, influencia é ponto de vitória). Desta forma, o grande diferencial do jogo está em você otimizar a utilização da Mancala para fazer essas ações da forma mais eficiente possível.
E uma coisa bem interessante, é que o jogo conta com poderes variados. A cada jogo, você sorteia duas Ordens de Cavaleiros para os jogadores e eles escolhem uma. Isso influencia não apenas a movimentação da Mancala, mas também até quantas "sementes" você tem disponível para rodar. Adicione o fato de que o jogo permite que você monte a Mancala de forma variável, que você tem um jogo com considerável variação estratégica de uma partida para outra. E tudo isso em uma partida de 1h a 1h30 minutos.
Mas pera lá, esse não era um texto para dizer por que eu vendi o Crusaders? Então, vamos lá.
Embora o jogo seja bem redodinho e tenha tudo isso que eu coloquei aí em cima, tem uma coisa que para mim é importante e senti que ficou faltando no jogo: a interação. Quando eu olho jogos clássicos de Controle de Área como El Grande, Tikal, Méxica, Hansa Teutônica ou Endeavor, é bem clara e notável a marcação que acontece no tabuleiro. Um disputando com o outro até o fim para garantir que nenhum ponto será dado com pouco esforço. Jogando Endeavor com a galera do Covil outro dia, eu fiquei 3 rodadas embaçando a colonização de um continente para que ele não pudesse aproveitar e descobri-lo sendo o governador. Eu fiquei ali montando todo um esquema que durou 3 rodadas inteiras (não foram 3 turnos não) para que eu pudesse fazer 2 ações de navegação seguidas e garantir a carta de governador do continente para mim. E é isso que esse tipo de jogo melhor entrega na minha opinião. E foi aí que o Crusaders deixou a desejar para mim.

Em Crusaders, você tem sim uma disputa territorial, mas é mais de quem vai chegar primeiro e tomar o espaço pois, depois de tomado o espaço será sempre do seu dono, sem nenhuma possibilidade de disputa. Eu cheguei até a comentar com o @
butilheiro que ficou faltando ali uma batalhazinha pra destruir a Igreja ou o Castelo do amiguinho, coisa que ele, prontamente, discordou de mim. E essa é a graça da opinião.
Crusaders não é um jogo ruim. Pelo contrário! É um jogo com muitas qualidades. Na minha mesa mesmo, a maior parte das pessoas curtiu o jogo e um deles disse que se eu fosse mesmo vender, ele queria comprar. Ele é um daqueles jogos que é gostoso e dá vontade de por na mesa quando você quer jogar algo rápido mas com sustância. E essa tem sido a nova tendência de jogos ultimamente, se você reparar bem. Eu tenho certeza, inclusive, que para muitas pessoas, que acham jogos como Tikal, Méxica e Endeavor um pouco agressivos demais, Crusaders vai fazer muito sucesso.
Mas quando eu estou analisando o que fica e o que sai da coleção, eu preciso fazer uma análise comparativa. E para jogar um jogo desse tipo, de controle de área, rápido, simples, mas completo e encorpado, eu prefiro jogar, por exemplo, o Endeavor. E por isso, o Endeavor fica na coleção e o Crusaders sai.
Vou lhe dizer inclusive, que nessa mesma pegada de jogo de controle de área marcado, disputado, agressivo e rápido, eu joguei recentemente o excelente Calimala que tem review do @
bhenrique no
Área 21. Mas isso já é assunto para outro post!
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