Jogos de corrida nunca me animaram muito. Mecanicamente eu nunca achei que funcionava bem. Por isso, quando Jamaica foi lançado por exemplo, eu nem me mexi. É bacaninha? É, mas é o máximo que pode dizer sobre. Por isso, eu nem me liguei direito no lançamento de Flamme Rouge pela Conclave. Era mais um jogo de corrida e eu meio que fugia disso. Até que outro dia, assisti uma partida e me animei demais com o jogo. Uma semana depois, ele faz parte da minha coleção.
Flamme Rouge, é, em sua maior parte, um jogo divertido. Mecanicamente, não há nada de genial. Mas ao mesmo tempo, a mecânica permite TANTO a implementação temática do jogo, que eu fiquei boquiaberto.
A idéia do jogo é simples. Cada jogador tem 2 ciclistas. Um Rouler(Generalista) e um Sprinter(Velocista). Cada um tem um deck de baralho com 15 cartas. O Rouleur tem cartas de valor mais mediano e o Sprinteur de valores mais extremos. A cada rodada você compra 4 cartas, escolhe 1 e seu ciclista irá andar esse valor na pista. Essa carta é descartada do jogo.
Até aí super simples né? Mas o que engrandece o jogo, em primeiro lugar, é o efeito aerodinâmico. Os ciclistas que estão na frente, puxando o pelotão, cansam mais, e por isso entram cartas de cansaço, de valor baixíssimo poluindo seu deck. Já os ciclistas que estão atrás do pelotão cansam menos, e se beneficiam do efeito aerodinâmico do vácuo, e podem ganhar um movimento grátis de 1 casa se houver espaço para isso. E aí que entra para mim o que eu considero a implementação perfeita do tema.
O jogo é feito para você jogar como um tour. Você coloca seu Rouleur na frente, deixando espaço para seu Sprinteur ser puxado pela aerodinâmica, e aí, no momento certo, você usa o Sprinteur pra disparar. Lógico que não é tão fácil assim, senão, todos fariam igual. Mas é tão bacana no jogo, que eu fiquei encantado. Teve uma partida que eu consegui, o tempo todo fazer esse revezamento. Rouleur puxava o Sprinteur, na rodada seguinte o Sprinteur parava 2 casas na frente e puxava o Rouleur, que depois parava 2 casas na frente e puxava o Sprinteur e assim foi indo. Ficou muito parecido com o que rola num Tour.
O jogo tem mais coisas. Subidas, descidas e estradas de paralelepípedo (esse último, apenas para quem joga com a expansão Peloton) que adicionam complexidade na corrida e fazem delas mais interessantes. Mas o motivo aqui hoje, nem é falar apenas de Flamme Rouge, um jogo que achei fantástico, mas falar do Flamme Rouge Companion, App que transformou o jogo para mim.
Apesar de não curtir boards de corrida, os campeonatos de corrida sempre me empolgaram, desde criança. A cada 2 domingos, junto com a Formula 1, eu e meus amigos nos encontrávamos na AABB de Ubá-MG para fazer corrida de peteleco de tampinha de refrigerante. Utilizávamos a quadra volei de areia para desenharmos o circuito. Monza, Silvertone, Monaco ou San Marino. A pista que fosse a da semana, a gente desenhava na areia, lixava as tampinhas e partia para a corrida. Anotávamos os resultados e os pontos de cada etapa ficavam no quadro de aviso perto do bar.
Flamme Rouge despertou então em mim, essa nostalgia de infância e substituiu a emoção das corridas de tampinha. E foi aí, com muita alegria que fiquei conhecendo o App Flamme Rouge Companion, um App que transforma o Flame Rouge em um Tour.
O App permite que você jogue o jogo em módulo Campeonato, de 2 a 6 jogadores se você utilizar a expansão Peloton. A cada partida, ele sorteia um circuito para você jogar. Os campeonatos podem ter de 3 a 10 circuitos, você quem decide.
E o App faz mais do que anotar quem chegou em 1o. Você pode por exemplo, pedir para ele cronometrar quantas casas atrás do 1o colocado ficou cada ciclista. Ele transforma isso num tempo padrão que vai sendo acumulado como desconto no final do campeonato, como deve ser um Tour mesmo. Num Tour, você não ganha pontos por terminar circuitos em 1o. O que vale é o tempo acumulado do Tour inteiro.
Outra funcionalidade bacana é o efeito do cansaço. Muita gente consegue jogar o Flamme Rouge disparando na frente e pegando cartas de cansaço. Isso não é um problema se você conseguir terminar o jogo com elas na mão, sem utilizá-las. O App então, para cada circuito, seta um nível de descanso que os ciclistas terão. Isso significa quantas cartas de cansaço cada um poderá descartar. As demais, começarão já no seu deck no próximo jogo.
Pode parecer bobeira. Pode ser o efeito nostálgico de me ver em uma das coisas mais divertidas que fazia na minha infância. Mas Flamme Rouge Companion foi uma das melhores coisas que descobri de integração de App com tabuleiro atualmente. Estamos começando já um campeonato, que chamamos de Tour de Flamme toda terça num evento que fazemos aqui no Rio. Seremos 5 pessoas já que um amigo tem a expansão e eu já estou pensando até em pintar meus ciclistas para chegar com eles lá preparados para competição.
Flamme Rouge é um ótimo jogo. Uma das maiores surpresas que tive no ano. E Flamme Rouge Companion apenas eleva esse jogo a outro nível. Pelo menos para mim.
***********************
Curtiu o Canal? Então se inscreva e siga o canal. Também estamos no Instagram no
@redmeepleblog e no
Wordpress
Veja também os últimos textos do Red Meeple Blog
Detective, a Modern Crime Boardgame: a investigação em forma de tabuleiro
Altiplano x Orleans: a comparação óbvia entre os 2 Saco Buildings
Le Havre e o Custo x Benefício dos Engine Builders
Os Destaques da GenCon 2018
TIME Stories: vale a pena?
E muitos outros textos que você pode encontrar
aqui