A GenCon aconteceu na primeira semana de agosto e como é de praxe, um monte de jogos são anunciados na feira, testados, vendidos e a gente fica perdidaço no meio de tanto lançamento, não é mesmo?
Nas últimas 2 semanas, por puro interesse individual eu passei minhas noites me inteirando do que vem por aí e o que já está disponível nos sites internacionais para comprar. E como já tive o trabalho para mim, por que não dividí-lo com vocês, né?
A lista abaixo não é dos melhores jogos da GenCon, nem dos mais populares ou que geraram mais Buzz. São dos que mais ME interessaram. Fique livre para comentar algum jogo fora dessa lista e por que você está de olho nele.
Ignacy Trzewiczek (Robinson Crusoé, First Martians, Imperial Settlers, etc) é o mestre dos dos jogos cooperativos e Detective: A Modern Crime Board Game é um jogo cooperativo de dedução a estilo de Sherlock Holmes Consulting Detective. E como jogos de dedução, junto com legacy/campanha tem sido a experiência que mais tenho curtido em boardgames, não é a toa que este jogo chamou minha atenção.
Aqui há um elemento de integração com aplicativo de celular/tablet que parece funcionar muito bem. Você pode interrogar um suspeito no app, ver os arquivos da policia de cada um, correlacionar coisas de diferentes lugares e utilizar aquilo que descobriu para solucionar os cálculos.
A promessa é de ser um jogo super imersivo, que, conhecendo o Ignacy, eu acredito que seja mesmo. E como eu já adorava Scoland Yard, esse me parece ser a versão definitiva de jogo moderno de dedução.
O jogo base vem com 5 casos interligados para se jogar(e um 6o já foi lançado online). Ele tem um elemento de campanha pois as informações, testemunhas, informantes de um caso podem ou não ajudar em novos casos no futuro. Além de tudo, há correlação dos crimes do jogo com eventos e coisas que aconteceram na vida real. Há quem diga que você pode até de fato usar o Google para descobrir mais da história e ter algumas idéias de caminho a seguir. É a sensação total de imersão na investigação e de fato se sentir um Detetive.
A idéia é que você se SINTA um investigador. Há quem diga que joga ele com quadro branco, desenhando a interligação de eventos e suspeitos e discutindo muito o que fazer.
Faz muito tempo que a ideia de um jogo não me empolga tanto. Só não corri e comprei esse jogo imediatamente por que um amigo do meu grupo está nos EUA e já comprou e agora vai ser esperar ele chegar para ver como é. Mas eu quero tanto ele que admito ter ficado com vontade de comprar um só pra mim. Na minha opinião, esse será o sucessor natural e definitivo de T.I.M.E. Stories e Sherlock Homes, etc.
Eu fui picado pelo mosquito das Campanha Legacy. Pandemic Legacy e Charterstone tem sido experiências maravilhosas. E aí me aparece mais um outro Euro Legacy, agora do casal Brand (Village, Exit, Rajas of Ganges, etc )que sabem fazer jogos divertidos como ninguém e não tinha como não ir direto pro topo da Wishlist.
Esse é um jogo para quem curtiu Charterstone e pode também ser um jogo para quem não curtiu. Isso por que, acho os jogos do casal Brandt muito mais redondos, divertidos e inovadores do que os do Stegmeier. Você joga Village, você joga Ganges, não tem como não dizer que é não é um jogo focado na experiência de diversão dentro de um euro.
Para aqueles que acharam Charterstone monótono, sem história ou bobinho, é normal ficar com um pé atrás. Já eu, que curti o Charter, acredito que este jogo tem tudo para ser uma experiência melhorada de euro legacy.
Ao contrário de Charterstone, Rise of Queensdale não tem número certo de partidas. Pode durar mais ou menos dependendo do avanço dos personagens. A idéia básica parece ser parecida, de áreas do tabuleiro de cada jogador e alocação de trabalhadores em alguns dos prédios construídos. Mas as semelhanças eu acho que param por aí. As interações mecânicas parecem ser diferentes, mais interessantes e até mesmo mais complexas.
Minha impressão inicial é que o RoQ, se segura mais como jogo que o Charterstone, onde a atração principal está na vibe de jogo-campeonato mas que a partida é bem simplista. Vendo videos iniciais ele me pareceu mais completo e que tem tudo para agradar quem achou Charterstone meio bobinho.
Root é mais um jogo totalmente assimétrico no estilo de Vast, onde cada jogador joga com uma facção C-O-M-P-L-E-T-A-M-E-N-T-E diferente da outra, a ponto que cada uma ter regras, cartas e ações diferentes das outras. Eu sinceramente não conheço bem VAST mas fiquei até com vontade de jogar e ver o que acho antes de comprar Root.
Há quem diga que esse seja um COIN Game Light, estilo de Wargames de Contra Insurgência da GMT onde facções assimétricas lutam contra um “governo” central, com ações escolhidas através de poderes de cartas de um deck central (card driven actions).
Tenho ouvido falar muito bem de Root e ficou curioso. Achei o jogo bonito, interessante, inovador e fiquei com muita vontade de jogar. Provavelmente ficará na segunda leva de jogos que vou importar. Mas não sem antes jogar VAST pelo menos 1x para ver como é o estilo.
PS: Enquanto eu escrevia esse texto convenci um amigo de comprar a versão KS do Root que já estava disponível em alguns sites Uhuuullllll!!!!!
Eu sempre curti Scythe numa quantidade que nunca foi o suficiente para eu comprar, mas também não tão baixa para que eu tirasse da minha whishlist. É possível que essa expansão seja o motivo pelo qual eu finalmente tire o jogo da lista de desejos e coloque na coleção.
O motivo? Novamente, o aspecto jogo-campeonato/campanha. Mas esse jogo não é só isso. Essa expansão está mais para um estilo da expansão Tuscany de Viticulture, incluindo 10 módulos no Scythe que fazem o jogo consideravelmente melhor segundo qualquer pessoa que tenha jogado.
O jogo tem o aspecto campanha que pode ser jogado com segredos, abrindo caixa a caixa, ou sem segredo, abrindo tudo e todo mundo jogando com as informações. Isso significa que você pode jogar a campanha quantas vezes quiser pois não há alteração das regras ou dos componentes do jogo.
No entanto, após terminar a campanha e mesmo se você não quiser jogá-la, os módulos podem (e devem) ser utilizados, combinados ou não, para melhorar ou apenas diversificar suas partidas de Scythe. O módulo campanha entra mais para ir introduzindo os módulos de uma maneira mais didática enquanto te apresenta o jogo em um formato de campeonato.
Jogo Campanha/Legacy parece ser a nova Coca Cola no mercado, mas pelo que ouvi falar dessa expansão, parece ser a melhor invenção da humanidade desde o papel higiênico por quem já testou. Se você tem/curte Scythe, acho que é uma expansão fundamental. Até mesmo para quem não investiu nas duas primeiras.
House of Danger é um mini jogo de Aventura e Dedução. O jogo tem 5 capítulos e funciona de uma maneira muito parecida com um livro jogo. Aliás, parecido não, baseado. Choose your own adventure é o nome da série de livros jogos nos EUA e a ideia aqui é trazer essa experiência para um jogo de verdade. Você joga um capítulo, toma decisões e vê quais são as consequências dessas decisões.
O jogo também permite que você colete itens, complete testes com dados etc. Me pareceu um Mini Time Stories com tema de terror.
Os componentes são simples e muito menos imersivos que Time Stories. Praticamente não há tabuleiro (há um pequeno marcador de níveis). O resto são praticamente cartas.
A história é meio non-sense, com um pouco de humor e terror trash. Então saiba que você não vá encontrar nenhum nobel da literatura ali não.
O que me atraiu tanto nesse jogo? O preço. Ele custa 21 dólares na Miniature Market. 35 com frete pro Brasil. Pelo preço de 1 expansão do Time Stories eu jogo 5 capítulos de House of Danger. Se é bom de verdade não sei, mas por esse preço eu achei que valia a pena o risco. Mas esse é aquele tipo de jogo que precisa de uma turma que se relaciona bem com a história para funcionar.
Os euros da GenCon
Você pode perceber na minha lista de destaques que não há nenhum Euro clássico que tenha me empolgado muito. Motivo para isso? Bem, estou cada vez menos me empolgando com novos Euros como já disse no texto do TIME Stories. Meu gosto tem ido muito para jogos que me apresentam uma experiência única e cada vez é mais difícil me surpreender com alocação de trabalhador ou draft de dados, ainda que eu continue gostando destes jogos.
Além disso, GenCon é a feira de Ameritrash. A feira dos euros é a Essen Spiel. Muitos jogos antecipam o lançamento nos EUA para junto com a GenCon, mas é em Essen que chegam a maior parte dos lançamentos de Euros.
Mas alguns deles me chamaram a atenção na Gencon também. Se você gostaria de saber mais sobre eles, aqui vão 3 que eu achei mais interessantes (mas não entraram no Top 5 acima).
Produção maravilhosa sempre me deixa com pé atrás. Sabe aquele papo que Europlayer gosta é de cubo de madeira? Então, quando eu vejo um jogo com tabuleiro em níveis diferentes, peças e arte maravilhosa sem ter a cara genérica do Klemens Franz (Agrícola, Caledonia, Isle of Skye, etc) eu sempre acho que se gastaram muito tempo embelezando o jogo é por que deve ser ruim em algum lugar(Oi, Nória?).
Mas dito isso, Everdell me pareceu ser um jogo bem interessante de Alocação de Trabalhadores e Engine Building. Isso por que você faz ações em cartas que vão saindo e estão no meio do tabuleiro e que também podem ser compradas para que você as utilize, criando um cenário de prédios seus que me lembrou o Le Havre. Se existe 1 Euro da GenCon que me interessou importar para jogar logo ao invés de me ater aos títulos lançados por aqui, foi Everdell.
Newton é mais um euro de Simone Luciane autores de Marco Polo, Tzolkin, Lorenzo e Gran Austria hotel. Tem tudo aquilo que se espera de mais um euro genérico: salada de pontos, tema colado a custe e arte de.... Klemens Franz. Certeza que esse cara tem fotos de uma orgia dos game designers no celular dele para fazer a arte de tanto jogo feio assim e continuar sendo contratado. Agora, dito isso, o jogo parece bem interessante e o autor tem um ótimo currículo.
No jogo é do tipo cobertor curto (normal nos jogos de Simone) onde você escolhe uma carta para jogar no seu tabuleiro, ganha bônus e anda no tabuleiro para fazer mais coisas. A grande pegada do jogo é a escolha das ações. Newton é um jogo onde você tem uma mão de cartas, joga ela, faz a ação com a potencia igual ao número de símbolos iguais de carta que você já tem no seu board e depois escolhe uma das cartas usadas para ser descartada e fica com o simbolo dela valendo para potencializar ações futuras.
É um equilíbrio entre escolher descartar uma carta que potencializa suas ações futuras ou manté-la pois você precisa muito do que ela te provém agora.
Ah, não que faça diferença alguma do jogo, mas por algum motivo que não descobri ainda, ele tem o "tema" de Isaac Newton. Tem até a maçã na capa. Acho que o tema acaba por aí.
Coimbra foi uns dos sucessos do Instagram e para mim é “O Exemplo” de que euro pode ser bonito sem precisar de colocar uma torre giratória de papelão em 3D com gemas em volta para chamar atenção (Ouviu Nória!).
O jogo pareceu ser de mecânica simples e múltiplas estratégias. É um Draft de dados, meio tipo Pulsar, mas com algumas diferenças. Aqui você tem fileiras de cartas e você drafta dados para ter o direito de comprá-las. Quem colocar o maior dado em cada fileira pode draftar primeiro, mas paga em dinheiro/soldado a quantidade de Pips (pontinhos) dos dados. Ou seja, colocou um 6, drafta primeiro, mas paga 6 recursos pela carta. Colocou um 1, paga 1, mas pega a xepa. A cor dos dados também importam. Elas dão bônus em 4 tracks do jogo.
O jogo é bem genérico, salada de pontos. Mas isso não precisa ser visto como ruim, pois as mecânicas parecem ser bem interessantes. Eu mesmo, sou bem fã de Draft de Dados pois isso dá uma sensação tática a um jogo estratégico.
Menção Especial – Discover: Lands Unkown
Discover não foi lançado na GenCon embora tenha sido anunciado e colocado para pré-venda meio que junto com a feira, mas chamou muito minha atenção.
O jogo, da Fantasy Flight, é mais um do estilo UNIQUE, que significa que cada caixa vem com componentes diferentes de outra caixa. Em um jogo Legacy, tipo Pandemic ou Charterstone, a ideia é que todos começam com jogo igual e a experiência vai tornando seu tabuleiro único. No caso dos jogos UNIQUES, a mecânica geral é igual, mas as peças, as cartas são diferentes entre cada uma das caixas. Por exemplo, um personagem que eu estou jogando pode não existir no jogo do meu amigo. No dele, o set de personagens são outros. Ao mesmo tempo, uma armadilha que encontrei ao entrar em uma caverna só tem na minha caixa, etc.
Dificilmente algo vai ser exclusivo a ponto de só haver um, mas a combinação de todas as variáveis provavelmente será. Ou seja, só a sua caixa vai ter aquela combinação de personagens, armadilhas, itens etc.
E isso é bom? Sei lá. Não foi por isso que eu me interessei pelo jogo. Pra mim é mais uma maneira de vender mais caixa para pessoas que não compram jogos que os amigos tem. Agora, o seu será diferente e por isso talvez vocês comprem 2 ao invés de 1.
O que me interessou pelo jogo foi de fato o que ele se propõe. É um Adventure Game. Novamente, estilo de jogo que muito lembra os jogos da Lucas Arts do final dos anos 90 que eu amava.
A ideia aqui é que somos sobreviventes em uma ilha (tipo Lost?). E o intuito do jogo é esse, sobreviver. Isso significa que pode ser interessante eu me unir ao amigo do lado e jogar de forma cooperativa para sobrevivermos juntos, ou roubar o último alimento daquele outro colega ali, causando sua morte para que eu sobreviva até o final. E esse aspecto meio realista da sobrevivência foi o que eu achei bem bacana.
Ainda sabemos muito pouco do jogo. Por exemplo, há player elimination? Não sei. O que acontece se um morre e os outros não? E por aí vai.
O jogo está para pré-venda ainda sem data para chegar. Algo entre outubro e dezembro. Até parece que a FFG está aprendendo com algumas editoras aqui do Brasil hehehe. Mas para mim, este é compra certa!
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