Eu admito que tenho um enorme preconceito com jogos de franquias consagradas. Enquanto alguns roem as unhas e soltam foguetes quando se deparam com um Kickstarter do Batman ou um novo jogo de Game of Thrones, eu quase sempre penso... “É cilada Bino!”.
O meu primeiro pensamento é que jogo bom não precisa de marca. E que em geral, jogo de marca costuma ser algo para despertar interesse do público de massa, e por isso não precisa ser tão bom quanto um jogo desconhecido que usa cubos de madeira para simbolizar qualquer coisa.
Por isso demorei tanto tempo para jogar os jogos de Star Wars. Por mais que eu adore os filmes, eu preferia jogar um jogo que me cativasse sem apelar para essa emoção. Mas mesmo esse meu coração gelado um dia cedeu para a Fantasy Flight. Verdade seja dita, Battlestar Galactica já havia me conquistado e então dei essa colher de chá para Corey Konieczka e sentei para jogar Rebellion. E o jogo me conquistou.
Eu já tinha jogado Imperial Assault um pouco antes, mas por mais que eu tenha me divertido, achei muita rolagem de dado para eu aguentar 12+ jogos na campanha (por isso vou jogar apenas a Bespin que é curtinha). E para mim não tem comparação. Rebellion é muito mais jogo!
Mas tem seus poréns né. 1º que Rebellion é um wargame de 2 jogadores (a caixa pode dizer 4, mas é mentira) que dura cerca de 3 a 4 horas. Segundo que, como grande parte dos Wargames, conhecer as manhas do jogo, faz muita diferença, o que dificulta jogar com jogadores novos a partir de um momento. Eu, como jogo para divertir, sem neura de competir de primeira, curti.
Rebellion é um jogo onde o exército Imperial vai se espalhando pela Galáxia atrás da base Rebelde que está escondida em algum planeta desconhecido. A cada rodada, o Império elimina alguns planetas e continua a busca. Já os rebeldes vão se espalhando pela Galáxia para tentar cumprir algumas missões, proteger a base, ou dissimular para o Império sobre sua localização, fazendo de tudo para proteger um setor que não tem nada, apenas para atrair as forças Imperiais.

O que é bacana no jogo para mim, é essa caça de Gato e Rato feita através de um Wargame. É como se tivesse um elemento de Movimento Escondido num jogo que deveria ser de batalha. Isso me faz lembrar um pouco do Guerra do Anel, ou até mesmo, ainda que de forma bem diferente, de Fury of Dracula. É bem interessante. Me dá um sentimento de ter um Q de dedução dentro do Wargame que é muito bacana. E isso é super temático dentro da história da Trilogia Clássica de Star Wars. Me fez sentir ali no meio de Império Contra Ataca quando os Probes estão sendo lançados em vários planetas para achar os Rebeldes. Inclusive a implementação dos Probes no jogo é perfeita. A cada rodada o Império pode ver 2 cartas de planetas do Deck de Probe, descobrindo 2 novos planetas onde os Rebeldes não estão.
Além disso, o jogo tem movimentação e resolução de combate aéreo e terrestre que me lembra vagamente o funcionamento de Twilight Imperium. Bem interessante. Você ativa um sistema com um líder, move suas naves para lá (ou fica parado se for um sistema onde já está) e após ativado, ninguém pode se mover mais. Dá uma estratégia muito bacana de timing que você tem para fazer as coisas na ordem certa para não se travar.
Além disso, há uma briga de xadrez também nas missões que cada um vai fazer a cada rodada. A questão do jogo é que, para atrapalhar a missão do adversário, você precisa deixar um líder sobrando e ele vai enfrentar o outro de acordo com a força de cada um naquele tipo de missão (diplomática, de força, projetos, etc). Isso faz com que você tenha também que observar o adversário e ver bem o que acha que ele vai fazer e qual líder seu deve deixar livre para tentar impedí-lo. Mais uma vez, timing é tudo aqui. Você tem que pensar bem na ordem dos líderes que vai usar para deixar para o final aqueles que o adversário não poderá mais se defender dele, ou aquele que você precisa para defender aquela ultima ação que o adversário está guardando para o final.

E aí, você joga uma trilha sonora de Star Wars, começa a ver aquelas miniaturas da Estrela da Morte, Star Destroyer, X-wing e entra de vez no clima. Acho que o fato de Rebellion trabalhar com as naves e personagens da trilogia clássica também ajudam demais no tema do jogo versus o Imperial Assault.
Olha que eu tomei uma coça no meu 1º jogo, mesmo jogando de Império, e ainda assim terminei curtindo e pedindo para jogar de novo. E para tomar uma coça de Império exige muito talento. Nem parecia que a Aliança Rebelde precisava se defender. Ele veio para o ataque, destruiu minha Estrela da Morte e me deixou a ver estrelas hehehe.
Rebellion é um jogo ótimo, daqueles que merece toda super produção em uma partida. Com direito a trilha sonora, miniatura pintada e tudo mais. Pode não ser todo mundo que encara um jogo de 2 jogadores em 3 a 4 horas, principalmente se você não estiver no mesmo nível que seus amigos no jogo.É um jogo que encanta demais quem é fã da série, mas que se sustenta como um ótimo jogo sem depender disso. E a ótima notícia é que ele já está a caminho do Brasil e daqui a pouco dá as caras por aqui.
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