Pois bem, meus caros. Eis que, quase 9 anos depois, joguei novamente Castles of Burgundy.
Da primeira vez, joguei no ímpeto do board gamer de descobrir qual era o jogo. Meu amigo apresentou aquele jogaço euro, com paleta de cor pastelzão, feio, trilha de pontos torta, muita coisinha pra olhar naquelas construções amarelas, sem player aid... Enfim, caos e desgosto. Tenho certeza de que, na época, minha cabeça ainda não estava preparada para jogos euro.
O jogo desceu torto. Nem lembro quem ganhou — provavelmente foi meu amigo, dono do jogo. Lembro que ele tinha tudo do jogo até então (expansões, promos...).
Acontece que a jornada de jogador é interessante. É aquela coisa da proficiência, tipo uma arte marcial: você vai “trocando de faixa”. Começa com jogos mais simples, depois joga um bem bonito, aí um complicado e feio (que você acha feio), depois um bonito mas meio ruim, aí um feio mas excelente (Food Chain Magnate?), e assim vai... moldando seu caráter, dando upgrade no cérebro, afiando sua malícia (nos jogos, tá?!), entendendo o momento certo de escolher determinada ação (e falhando miseravelmente em 95% das vezes... ahahahaha). Enfim, você vai percebendo, ao longo da caminhada, que existem jogos que, no primeiro momento, não foram legais. Mas aqui eu digo novamente: se tiver a oportunidade de jogar de novo, SIMPLESMENTE JOGUE! Pode acontecer o que aconteceu comigo — novamente. (Caso recente: Terraforming Mars.)
Outro amigo chegou com a cópia (aquela mesma do amigo anterior), trilha torta, cor pastelzão de “queijo com muito ar”. Joguei novamente.
Cara, que jogo bom. Regras simples (imprimi um player aid pro dono do jogo, o que ajudou bastante). Dá pra explicar pra quem nunca jogou nada nem perto disso — mas pode ser que aconteça o que aconteceu comigo e a pessoa não curta.
Dos jogos do Feld que joguei, talvez esse seja o mais simples de entender, por conta dos dados que você rola e do que está impresso no tabuleiro. Não tem muito segredo além dos trabalhadores que permitem manipular os dados. Fora isso, é bem direto. Meu último Feld que saiu da coleção foi o Trajan (que acho um jogaço), mas, se eu fosse apresentar para minha irmã — que gosta de jogos, mas não está acostumada — ele seria considerado pesado demais. Muitos lugares pra acompanhar e aquele rondel do tabuleiro pessoal dá uma queimada de mufa.
Castles of Burgundy é simples e direto: você só tem duas ações para fazer com seus dados. Não tem muito o que quebrar a cabeça além do próprio tabuleiro, o que acaba virando um puzzle só seu (nos mesmos moldes de Azul), com a diferença de que aqui nem penalidade você toma por pegar tile demais.
Enfim, o jogo veio numa roupagem ultramegablaster que deve incluir todas as expansões já lançadas. Pra quem já curtia o jogo do jeito que era vendido no Brasil (pela Grow), responde aí nos comentários: vocês trocaram as versões antigas por essa mega versão (o pastelzão ultra recheado), ou continuaram com o pastelzão cheio de vento mesmo? (Que, de qualquer maneira, continua uma delícia.)