EXPANSÃO
COMO? ONDE? PRA QUÊ?
Olá, colegas amantes do plástico e do papelão!
Este texto é um daqueles que construo mais como um bate-papo informal, na esperança que nos comentários a galera agregue experiências e reflexões. Hoje resolvi trazer pra mesa um assunto que me é um misto de sentimentos: expansões. Porém, para isso, acho que preciso estabelecer algumas diretrizes primeiro, de acordo com a minha ótica da coisa. Sintam-se a vontade para comentar, inclusive, contestar! hehe
O que são expansões?
São produtos vendidos isoladamente, que consistem em um conjunto de componentes novos com regras a ele atreladas que devem ser utilizados, obrigatoriamente, junto do jogo base (mesmo que apenas parcialmente).
Segundo a descrição acima, portanto, um novo conjunto de regras (uma variante) isoladamente não é compreendido como ‘expansão’, por não conter novos elementos físicos. Da mesma forma, um conjunto de componentes especiais, de luxo, personalizados, premium (ou seja lá o termo que a editora use), por si só, não consiste em uma expansão, uma vez que apenas serve para substituir os componentes do jogo base, sem alterar as regras originais da obra. O mesmo vale, portanto, para acessórios adicionais, como um organizador, uma miniatura que troca de lugar com um disco de madeira e assim por diante, uma vez que estes novos elementos não alteram a forma que se joga, apesar de ter a capacidade de modificar a experiência que o jogador possui com o produto. Veja, não estou menosprezando elementos de luxo, coisas extras, apenas estou colocando esses componentes em uma categoria diferente. São extras, não são expansões.
Existem diferentes tipos de expansões?
Sim, e variam de acordo com a finalidade e também tamanho. Existem expansões pequeninas, criadas como artigo promocional para divulgar o jogo ou editora (muitas vezes chamadas apenas de ‘promos’), temos também expansões que consistem em pequenos módulos que o jogador pode adicionar quantos quiser junto ao jogo base, ainda existem outras que levam a alcunha de “standalone” (traduzindo de forma livre do inglês: autônoma) – que quebra um pouco as regras de uma expansão, sendo um jogo base E expansão ao mesmo tempo, ou seja, um produto capaz de servir como jogo base isoladamente ou agregar conteúdo para outro jogo, geralmente maior, já lançado.
As expansões possuem diferentes finalidades?
Sim e não. Acho que a finalidade principal – assim como de toda obra – é gerar um engajamento dos jogadores através de uma diversão qualificada (e por ‘qualificada’ me refiro a um efeito positivo em relação ao prazer que o entretenimento produz, algo atingido apenas através de um planejamento cuidadosamente estruturado pela equipe de gamedesign). A expansão, portando, deve vir a existir com a finalidade de aprimorar essa diversão. Sendo assim, a expansão pode nascer por diferentes necessidades
a.- Necessidade de aumentar as possibilidades dentro de um determinado jogo, como adicionando novos personagens, efeitos e afins, ampliando o universo da obra;
b.- Necessidade de reorganizar, arrumar ou consertar algum elemento, efeito ou matemática dentro das possibilidades do jogo base;
c. – Necessidade de agregar novos níveis de complexidade (sendo maior ou menor) a um jogo.
...e também para contemplar diferentes finalidades:
d. – Manter o interesse dos jogadores pela obra por mais tempo, atendendo expectativas da comunidade;
e. – Fazer a manutenção do jogo como um produto comercial;
f. – Aumentar o leque de perfis de jogadores que tenham acesso ao jogo.
Outras questões acerca de expansões:
Preciso confessar que não sou muito fã de expansões. Só tenho mesmo as que julgo realmente essenciais. Contudo, sempre que possível, após jogar um jogo uma certa quantidade de vezes, acho interessante adicionar alguma expansão para agitar um pouco as coisas. Mesmo assim, analisando os títulos que já joguei, as expansões acabam representando apenas 10% de todos os jogos que já conheci. Chuto empiricamente, portanto, que elas devem compreender mais ou menos essa parcela do mercado – apesar de existirem jogos que, sozinhos, possuam até dez ou mais expansões (se for jogo do Cthulhu principalmente).
Quando penso em expansão, penso também em alguns dilemas e problemas que surgem. Por exemplo:
1. A expansão vai caber na caixa do jogo base? Se os componentes couberem, mas a caixa não, o que fazer com a caixa vazia? Tem gente que joga fora, outros que esconde atrás do guarda-roupa. O que eu farei?
2. Se a expansão couber na caixa do jogo base, mas ela por ventura mudar alguma coisa, como a quantidade de jogadores, vou deixar o jogo na prateleira como se nada tivesse acontecido, com a informação exposta errada, desatualizada, mesmo?
3. Será que a produção da expansão será boa mesmo? Será que as cores das cartas impressas vão bater certinho com as cores do jogo base?
4. ...Mesmo se eu comprar edições de países diferentes/importada? Afinal, o mercado brasileiro tende a não trazer muitas expansões (apesar de, aparentemente, vender bem as que trazem).
5. E o preço? Eita! ...E quando o preço da expansão – apesar de vir muito menos conteúdo – chega próximo ao valor do jogo base? Será que vale a pena ou é melhor investir logo em outro jogo?
Vocês também se deparam com essas questões? E questões diferentes, não citadas?
Exemplos de expansões boas para mim.
Alguns exemplos do que considero como expansões muito boas e os seus motivos:
Elder Sign: Unseen Forces (Launius, Wilson. 2013)
Elder Sign não é um jogo recente, inclusive, se considerar o tempo do ‘boom’ do hobby, ao ter 14 anos, este jogo já pode ser considerado um senhor de meia idade. A expansão Unseen Forces basicamente pega todos os elementos do jogo e dobra sua quantidade. Os pontos positivos são que, além de mais material, ele também aumenta a dificuldade do jogo e traz reposição de personagens antigos, para serem substituídos, consertando erros do passado.
Room 25: Season 2 (Rouzé. 2015)
Essa expansão traz boas novidades, como novas salas, novas formas de jogar, entre outras coisinhas, mas está nessa lista por um motivo especial: as cartas MAC. O que pega é que Room 25 é um jogo (muito) baseado no filme O Cubo (1997), que consiste em um labirinto mortal, futurista e sanguinolento. Com isso, o jogo base do Room 25 deixava uma coisa a desejar: a ausência de que as peças de labirinto se movessem, bagunçando a mente do jogador. Estas cartas MAC fazem justamente isso, aumentando consideravelmente a tensão do jogo e o deixando ainda mais próximo do filme que inspirou o jogo.
Terraforming Mars: Prelúdio (Fryxelius. 2018)
É normal no hobby dizer que Terraforming Mars PRECISA desta expansão. E eu concordo. Existem algumas expansões, ou módulos/componentes dentro de expansões, que quando inventadas, claramente deveriam ser coisas presentes já na caixa base. A expansão Prelúdio adiciona empresas aos jogadores, que dão uma bela força no início da partida, além de algum efeito especial. Depois que conhecei essa expansão, não vi como jogar sem ela. Outra coisa, é que uma das características do Terraforming Mars é seu tempo longo de partida, e essa expansão, por diminuir o início arrastado de partida, tende a diminuir o tempo total da partida. Um problema sério com essa expansão, contudo, é o preço! CENTO E CINQUENTA reais em 47 cartas é de arrepiar os pelos da nuca mesmo do maior passador de pano de editora!
Nota: Não joguei ainda a “Prelúdio 2” (2024) para fazer um comparativo.
Pandemic: No Laboratório (Leacock, Lehmann. 2013)
Para quem acha Pandemic meio leve ou raso demais, a expansão No Laboratório vai fazer repensar essa ideia. Esta expansão traz novos personagens, mas uma nova forma de (tentar) achar as curas, com um tabuleiro totalmente novo, voltado para a ação de achar cura, onde os jogadores precisam pensar ainda mais taticamente. Ao contrário da expansão Prelúdio, de Terraforming Mars, já citada, Pandemic: No Laboratório certamente vai aumentar o tempo da partida, o que pode ser algo benéfico a depender da situação. Contudo, diferente da Prelúdio, essa expansão não se torna tão essencial, tanto que eu tenho costume de jogar Pandemic sem ela, quando desejo um jogo mais curto e com menos complexidade, o que torna essa expansão bem versátil na coleção.
The Red Cathedral: Contractors (Cendrero; Santos. 2022)

Eu amo The Red Cathedral. Sou tiete assumido desse jogo mesmo. Sendo assim, a expansão quando surgiu pensei: o que vão enfiar aqui? Falta nada! E verdade é que não faltava mesmo. A expansão veio só potencializar possibilidades dentro da mecânica. Temos um novo tabuleiro, acirrando ainda mais a estratégia na obtenção dos locais (cartas) a serem construídas, porém o legal mesmo é que os designers, Isra e Sheila, enfiaram mais um monte de guildas, que são basicamente ações especiais, no jogo. Algumas guildas são super simples, enquanto outras adicionam até pequenas mecânicas na partida. Esse é um exemplo de tipo de expansão que aumenta bastante as chances de o jogo ver mesa, já que sempre tem um twist diferente a cada partida. Uma observação é que, segundo os criadores, não pode colocar muitas guildas novas de uma só vez, mas quer saber? Já joguei uma boa quantidade de vezes (mais ainda no modo solo) e fiz uma baita saladona e não detectei nenhum combo quebrado ou infinito, logo: na dúvida, seja ousado e vá! hehe
...E vocês, colegas leitores?
Quais as expansões que mais gostam?
Tem alguma que não curtiram?
O que esperam ver em expansões?
Compartilhem as respostas com a galera nos comentários!
Abraços digitais!
Um texto de
Raphael Gurian
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