RaphaelGuri::EXPANSÃO
COMO? ONDE? PRA QUÊ?
Exemplos de expansões boas para mim.
Alguns exemplos do que considero como expansões muito boas e os seus motivos:
Elder Sign: Unseen Forces (Launius, Wilson. 2013)
Elder Sign não é um jogo recente, inclusive, se considerar o tempo do ‘boom’ do hobby, ao ter 14 anos, este jogo já pode ser considerado um senhor de meia idade. A expansão Unseen Forces basicamente pega todos os elementos do jogo e dobra sua quantidade. Os pontos positivos são que, além de mais material, ele também aumenta a dificuldade do jogo e traz reposição de personagens antigos, para serem substituídos, consertando erros do passado.
Caro Raphael (
RaphaelGuri)
Meu amigo, antes de mais nada, por uma questão de hombridade, eu tenho de te dizer que sinceramente ainda não consegui me decidir em quem votar no Prêmio Ludopedia, se em você ou no Davi Henrique (
dharrebola), porque gosto muito do trabalho dos dois. Isso se cada um só tiver apenas um voto. Mas até o dia da votação eu dou um jeito, talvez eu parta o meu voto em dois com uma espada, no melhor estilo Salomão.
No tocante ao tema do tópico, eu tenho uma opinião muito clara a respeito de expansões. Pode parecer algo óbvio, mas o óbvio às vezes também precisa ser dito. Assim sendo, uma "expansão" é algo que deve expandir alguma coisa, aumentando ou aprofundando o elemento original. O problema é que em muitos casos, não é isso que acontece, e a expansão acaba vindo para na verdade consertar algum problema do jogo original. Na minha opinião, um jogo que para ficar bom precisa de expansão, não é um bom jogo, em primeiro lugar. Isso também não quer dizer que esse jogo originalmente inferior, e que foi melhorado pela expansão deva ser desprezado. O Elder Sign, que você citou, é um ótimo exemplo disso.
O Elder Sign chegou ao Brasil no rastro, e na onda, dos jogos do selo Arkham Files. Na verdade, considerando a ordem de lançamento dos jogos originais, o Elder Sign é o irmão do meio, porque o Arkham Horror veio antes e o Eldritch Horror veio depois. Uma coisa interessante é que o Arkham Horror (que na verdade é originalmente de 1987) era um jogo muito demorado, muito complexo e muito difícil. Por isso a editora procurou lançar um outro jogo que fosse mais rápido, mas simples e mais fácil, que veio a ser o Elder Sign. O problema é que os designers Richard Lanius e Kevin Wilson (que são os mesmo dos dois jogos) erraram na mão e fizeram um jogo fácil demais. Veja que eu adoro o Elder Sign e acho bastante divertido, mas não dá para ignorar que ele não é muito desafiador, o que é fatal para qualquer jogo cooperativo. Nesse momento entra em cena o Corey Konieczka, que criou o excelente Eldrithc Horror, que não é nem tão complexo, demorado e difícil quanto o Arkham Horror, nem tão simples, rápido e fácil, quanto o Elder Sign. O resultado é que o Arkham Horror e o Eldritch Horror continuaram tendo muito prestígio e vendendo muito, enquanto o Elder Sign caía no esquecimento.
Para recuperar o interesse pelo Elder Sign a Fantasy Flight lançou três expansões, Unseen Forces (2013), Gates of Arkham (2015) e Grave Consequences (2016), dos mesmos designers originais do jogo, que mudam o jogo "da água para o vinho", em termos de dificuldade. A melhor e mais importante delas é sem dúvida a Unseen Forces que adicionam os dados brancos (benção) e preto (maldição). Em seguida, em ordem de importância vem a Gates of Arkham, que leva o jogo para fora do museu, nas ruas de Arkham. Por fim vem a Grave Consequences que introduz o conceito de "cemitério", para onde vão alguns adversários derrotados, bem como as cartas de fobia, que adicionam penalidades aos jogadores e as cartas de epitáfio que aumentam a dificuldade do ancião final.
Essas três expansões tornaram o Elder Sign bem mais difícil e adicionaram um boa dose de desafio ao jogo. Infelizmente nenhum desse material foi e nem será lançado aqui, embora esteja disponível no Mercado de Usados. Por conta disso, o Elder Sign ficou para sempre com a pecha de jogo cooperativo fácil, o que prejudicou bastante, tanto o prestígio, quanto as vendas do jogo.
O problema é que a gostou tanto da brincadeira de "vamos aumentar a dificuldade com novas expansões", que mais uma vez acabou exagerando (no outros sentido) e pesou demais na mão. Com isso surgiram as expansões Omens, ou seja, Omens of Ice (2016), Omens of the Deep (2017) e Omens of the Pharoh (2018), que tornam o jogo praticamente impossível de vencer. Só para as pessoas terem um parâmetro de comparação, o Elder Sign, com qualquer uma dessas últimas três expansões tornam o Robinson Crusoé, brincadeira de criança. Isso obviamente se o sujeito jogar corretamente com todas as regras da expansão, sem dar aquela "trapaceada" de leve.
Assim, todo esse material extra do Elder Sign são exemplos de expansões que consertam o jogo. Mas existem expansões que realmente apenas expandem jogos que, originalmente, já eram muito bons. Nessa caso, vale citar a excelente expansão Ruas de Arkham que expande o igualmente excelente jogo base Mansions of Madness. Na minha humilde opinião o Mansions of Madness é não apenas o melhor jogo de todo o selo Arkham Files, mas o melhor dungeon grawler já feio até hoje. Assim sendo, o Mansions of Madness que já era ótimo sozinho, fica ainda melhor com o Ruas de Arkham. Ainda nessa seara lovecraft, vale citar a expansão Conhecimento Perdido, que trás muita diversidade e jogabilidade ao Eldritch Horror, que dispensa comentários. Outro exemplo de expansões que melhoram um ótimo jogo base são Village Port e Village In, do jogo Village que mesmo sozinho já é um jogaço. Para finalizar eu também cito a expansão Tuscany do Viticulture, que é sempre lembrada quando se trata de boas expansões de bons jogos.
Por fim, só ficou faltando no texto citar o contraponto que é o Carcassonne, cujo jogo base puro é melhor do que quando acompanhado de qualquer expansão, não apenas na minha opinião, mas também na opinião de muita gente dentro da comunidade boardgamer.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio