Raio::Como sempre, excelente texto! Gostei muito dos jogos e da cultura!
Também já li o Drácula de Bram Stoker e realmente é muito bom! Comecei minha coleção de livros com ele 
Só fiquei numa dúvida: na foto das miniaturas do jogo Forest of Radgost está escrito pontadas. Era pintadas?
Muito obrigado pelo excelente texto!
Caro
Raio
Rapaz, na verdade o Drácula eu tive que ler duas vezes e com alguns anos de intervalo. Minha juventude foi nos anos 70/80, e eu me amarrava muito os filmes do Christopher Lee, dos anos 50/60, o Drácula do Frank Langella, e talvez o melhor de todos, o fenomenal Dança dos Vampiros do Polanski de 1967, que passavam na televisão, porque eles haviam saído de cartaz anos atrás, ou sequer foram distribuídos e exibidos, e videocassete foi um luxo que veio depois. Quando as fitas VHS ficaram disponíveis, aí eu conheci o incrível Bela Lugosi, e revi esses filmes todos, mas dessa vez com som original. Só a voz do Christopher Lee já fazia o sujeito se borrar de medo. Hoje as pessoas só lembram dele em papéis na velhice (Saruman e Conde Dookan, porque vilão chamado Dooku não dá para levar a sério). Mas se você quiser, dá uma pesquisada para saber como ele convenceu o Peter Jackson, de que não deveria gritar, na cena em que Saruman é esfaqueado pelas constas pelo Língua de Verme, em O Senhor do Anéis, para ver o quanto ele era sinistro, e na vida real e não apenas no cinema. Enfrentar, botar medo, e quase ganhar do 007 não é para qualquer um não. Tudo bem que era o playboy do Roger Moore, mas mesmo assim.
Aliás, falando em filme de vampiro deixe-me abrir um parêntese (um senhor parêntese). Todo mundo sabe que o Mel Brooks está entre os maiores comediantes, roteiristas, diretores de cinema, e produtores de todos os tempos, e ele é isso tudo, o que é raro. Ele é simplesmente o criador do Agente 86, e para quem cresceu nos anos 60, 70 e até 80 apenas esse feito já colocaria o ome dele na história. Isso sem falar que ele é uma das pouquíssimas pessoas (são apenas 18 em toda a história) que ganhou os 4 grandes prêmios do entretenimento norte-americano, um Oscar (cinema), três Emmys (televisão), três Grammys (música) e três Tonys (teatro). A maioria dos que conseguiram isso, ganharam apenas um de cada, já o Mel Brooks ganhou vários. Ele realmente é fora de série. Além disso, só o Mel Brooks, que sendo judeu, e que trabalhando em Hollywood (uma indústria com forte presença judaica), seria capaz de escrever, dirigir e produzir um filme sobre o nazismo (mesmo que satírico). O The Producers, de 1967, surgiu quando boa parte das pessoas que viveram os horrores da Segunda Guerra e campos de concentração ainda estavam vivos. Ele mesmo lutou na Segunda Guerra, na terrível Batalha do Bulge, na artilharia do exército norte-americano. E não contente com isso, ele ainda interpretou o "coisa ruim de bigodinho" em pessoa no To Be or Not To Be de 1983. Só o Mel Brooks conseguiria fazer isso e se sair ileso, e com muito sucesso, nos dois casos. Pois bem, em 1974 o Mel Brooks fez o excelente Young Frankenstein, com o Gene Wilder brilhando nas telas e grande elenco. Mesmo sabendo as piadas quase de cor, eu ainda me divirto horrores com esse filme, que foi um sucesso estrondoso. No dia seguinte ao da estreia, o irmão do Mel Brooks, Irving ligou perguntando quando ele faria o filme do outro monstro famoso, o vampiro. Mel Brooks respondeu que estava pensando nisso, e nos próximos 21 anos o irmão perguntava literalmente todos os dias e Mel Brooks respondia a mesma coisa, o que acabou virando um ritual e uma piada interna entre os dois. Isso continuou por 21 anos até o lançamento de Drácula, Morto Mas Feliz com Leslie Nielsen, em 1995 fecha parêntese (até que enfim, Seu Iuri!!!!).
Voltando ao seu comentário, após essa volta toda, o fato é que na primeira vez que eu li o Drácula, eu fiquei desapontado, porque não gostei do formato do livro em cartas, folhas de diários e recortes de jornal. Mas em minha defesa, eu alego que ainda estava na adolescência e ainda tinha muita coisa para ler ainda. Uns 15 anos depois, já adulto, eu dei outra chance para o livro e aí sim eu, mais velho e mais experiente em termos de literatura, consegui apreciar o quanto o livro é fantástico e porque ele foi tão influente e importante, para a cultura de modo geral, e não apenas para o cinema e literatura. Sem o Drácula de Bram Stocker (o livro, porque o filme eu achei mais romântico do que deveria, tipo um "Em Algum Lugar do Passado Macabro", além de relativizar a maldade e crueldade do Vlad Teps, coisa com a qual eu não concordo, porque algumas pessoas são muito mais más, do que boas, são egoístas, mesquinhas, aproveitadores e mau caráter, simplesmente porque preferem ser assim e não apenas porque um trauma ou evento do passado as deixou desse jeito), sem dúvida o entretenimento moderno não seria o mesmo, e talvez filmes de monstros nem tivessem o apelo que têm até hoje.
Quanto à questão do erro de datilografia (eu sou do tempo em que ainda se usava essa expressão), você veja só, mesmo revisando o texto três vezes, esse deslize acabou passando. Isso mostra o quanto seria importante as editoras investirem em revisão profissional, para evitar que erros como esse acontecessem nos jogos, e que infelizmente são bastante comuns, e muito mais difíceis de consertar do que em um artigo do Ludopedia.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio