O título, é claro, só serve para chamar atenção. É claro que a mecânica não é odiada. Mas daí a dizer que ela é amada, outra história. Tenho a impressão de que são raros os jogos com alocação de dados como trabalhadores que dão certo.
A versatilidade dessa mecânica me encanta, tanto que a escolhi para um dos meus jogos criados, sobre a indústria cinematográfica brasileira dos anos 1970 (
Boca – depois crio um artigo só para falar dele). A alocação tradicional, com meeples, já é espetacular e uma das mais populares. Então, por que a que é feita com dados, que acrescenta diversas camadas à estratégia, não ganha a mesma luz? (este é apenas um exercício de percepção, não um doutorado baseado em dados, com o perdão do trocadilho).
Dá para citar alguns jogos recentes que deram certo com esta mecânica, como
Bitoku(não sei até onde o sucesso dele vai),
The White Castle (que apesar de ser um jogão, teve queda de 20% no preço) e
As Tabernas do Vale Profundo (de longe o melhor lançamento da mecânica nos últimos tempos). Temos também alguns clássicos que geram interesse até hoje, como
The Castles of Burgundy (dispensa apresentações),
Ganges (que tem uma alocação de dados diferenciada e adjacente) e
Lorenzo il Magnifico.
Do outro lado, temos tanto jogos recentes quanto clássicos que possuem a alocação de dados e por algum motivo não deu certo (e, vejam, quero dizer com “não dar certo” é não alcançar um status como o de Burgundy ou Lorenzo. São eles:
- Tekhenu: Obelisco do Sol – em minha modesta opinião, um jogaço que caiu de R$ 400 para R$ 200;
- Teotihuacan: City of Gods– outro baita jogo, que tem expansões e inclusive está ganhando versão deluxe, mas que por aqui ninguém comprou a ideia;
- Santa Maria – adoro o jogo, mas no Brasil sempre foi patinho feio;
- As Viagens de Marco Polo – é um clássico bom demais, mas meio que foi esquecido e até o II me parece ter ficado fora do radar de muitos.
- Kingsburg (2ª Edição) - classicão maior que esse estou para ver, mas, hoje, quando ele passa perto, o povo muda de calçada;
- Coimbra – sempre achei um dos melhores jogos dessa mecânica, tudo roda lindamente, mas as pessoas o tiram para troco;
- Alien Frontiers – de longe um dos melhores e mais clássicos, mas aqui virou um jogo nichado de quem o ama (não entendo como nunca foi publicado por aqui);
- Brew – veio com um hype danado, depois se embebedou e caiu num beco escuro;
- Signorie – já falei aqui que é um jogaço, mas que poucos conhecem;
- Origins: Primeiros Construtores – outro que, se não me engano, foi um fracasso total de vendas, embora seja um jogo bem interessante. Boa dica de custo-benefício (nos últimos 3 anos caiu de R$ 300 para R$ 100);

Acredito eu que temos mais exemplos de flops (ou de jogos que caíram no esquecimento) do que de sucessos. Novamente, é apenas uma percepção, ao olhar para o mercado ao longo desses últimos seis ou sete anos. Assim, não dá para saber se é a mecânica que cai no gosto de poucos ou se há a coincidência de a mecânica estar presente em jogos que não deram certo. Vai saber...
Gostaria muito de saber sua opinião. Ao contrário de alguns, que não gostam de ler pontos de vista diferentes, vejo esta prática como parte essencial do debate, da resenha que tanto engrandece esse hobby.
Luciano Marques