Tá pra lançar alocação de dados melhor que Troyes...

FCL84::Tá pra lançar alocação de dados melhor que Troyes...

Troyes é um dos meus jogos favoritos!

Penso que a alocação de dados não faz sucesso devido ao peso que ela gera no jogo, pois além de ter que raciocinar aonde é o melhor local, você tem que pensar na força (número do dado) daquela ação. Um exemplo disso é o Tekkenu, quando termina a partida sua cabeça está fervendo. E talvez esse seja o motivo do Burgundy fazer tanto sucesso, pois é mais leve, tendo em vista que sua decisão fica limitada somente a dois dados.

Outro bom jogo de alocação de dados é o Under Falling Skies. Essa beleza também pode ser um queima mufa de respeito.

Saudações galera! Aqui é o Thiago Castro da Bucaneiros.

Alocação de dados é minha mecânica favorita, e realmente não é uma mecânica dos jogos top sellers pelo que venho acompanhando na última década, MAS... tem alguns "pontos de atenção" na análise que eu gostaria de contribuir com o post na visão de editora baseada em números, porém no geral está correto sobre a demanda dos jogos com essa mecânica sim, já deixo isso claro. 

Dos 10 jogos citados como "floopados", eu concordo com 70% (já falo sobre isso). E também discordo que Lorenzo seja um jogo com status do mesmo nível que Burgundy (um evergreen que sempre vende independente do momento/ano lançado) por conta da quantidade de "tenhos" aqui no Ludopedia (897 contra 3163 do Burgundy) e também por ter vendido ambos desde a época do lançamento deles. Eu também gerencio e dou consultoria para algumas lojas e editora de jogos de tabuleiro e dá para ter uma noção dos números de ambos.

Mas sobre os 10 jogos citados como "flopados", concordo com todos exceto esses 3:

1. As viagens de Marco Polo tem 1753 "Tenho" aqui no Ludopedia. (Todo mundo que tem o jogo marca lá? Não, mas é um parâmetro de mercado bem interessante para analisarmos demanda). Enquanto jogos que são sucessos incontestáveis como Gloomhaven tem 2115 "Tenho", o que já mostra sua força! E ao mesmo tempo teve espaço para lançar uma segunda versão que gerou vendas "extras" com mais de 500 "Tenho", eu por exemplo ficaria extremamente contente de poder ter vendido um Marco Polo, certamente alavancaria qualquer editora.

2. Teotihuacan, esse falo com ainda mais propriedade por ser licenciado para a Bucaneiros. Tem 1449 "Tenho" aqui no Ludopedia (lembra que o Gloomhaven tem 2115 ein) e foi fabricado 2000 unidades dele em 2 momentos diferentes. É difícil ver um jogo euro ter duas tiragens em anos diferentes e conseguir trazer todas as 3 expansões. Nós arrecadamos 207mil reais na pré-venda (FC) via Catarse para trazer a segunda tiragem + expansões, o que prova a demanda e amor do público sobre o jogo. 

3. Kingsburg, esse também foi trazido por nós, e eu concordo e discordo sobre a floopagem rs... ele vendeu relativamente bem quando trouxemos, mas foi em uma época de menos jogos lançados por mês, ou seja, na época não foi nada floopado como os demais citados mas se fosse relançado hoje eu acho que flooparia sim, a não ser que saísse por um ótimo preço, na casa dos R$290.

CONCLUSÃO PARTICULAR MINHA SOBRE O ASSUNTO:

Os jogos euro, especialmente os que tem como mecânica principal alocação de trabalhadores ou até dados, tendem fortemente a ter uma vida útil (comercialmente falando) bem menor que a média das outras "categorias" (amerigames, family, party games etc..). Uma boa parte são viáveis de serem localizados para nosso idioma, mas a maioria não é possível fazer mais de uma tiragem de 1000 cópias. 

Realmente, conseguiu o bait com o título. Caí aqui por isto kkkk

Particularmente eu gosto bastante da mecânica, talvez seja meu lado ameritrasher em descontrução rsrsrs. 

Um dos meus jogos preferidos, recentes e que carrega a mesma mecânica é o Encyclopedia. Lindo e gostoso de jogar. Meio "flopado" por aqui no BR também.

Também discordo parcialmente do critério de "Não deu certo", ainda mais dele ser baseado nas promoções. A gente veio assistindo jogos com históricos gigantescos de sucesso travarem nas prateleiras (independente das mecânicas envolvidas), como foi o caso do Caverna, Scythe, entre outros. Existem inúmeras variáveis envolvidas, como excesso de lançamentos, mercado de usados, preços abusivos, etc. Além disso, tem jogos que entram em promoção mais rápido que outros porque os componentes são mais sensíveis ao mofo do que outros. 

É muita coisa, mas entendo que temos poucos elementos para discernir o gosto das pessoas pelos jogos para além das compras. Pessoalmente, prefiro olhar as reviews e críticas, de preferência de pessoas que não são produtoras de conteúdo para evitar aquela passadinha de pano pra editora X ou Y. Um jogo dar certo, para mim, envolve tempo de jogo plausível para o que se propõe, mecânica alinhada ao tema, balanceamento nas estratégias (ou assimetria, se o tiver) e o principal, ser divertido. Afinal, lúdico é vida!

Meu problema com jogos de dice placement é que, tal qual os jogos de worker placement tradicionais, eles tendem a ter o mesmo feeling independente do título. Então fica aquela amarga impressão de que "jogou um, jogou todos". Nesse sentido, eu gosto sempre de citar o Euphoria, que é um dice placement que ao menos tenta algo diferente que é ser um jogo de treta ao mesmo tempo em que tem mecânicas de euro clássico. Ele faz isso por meio de espaços limitados de ação cooperada, em que pelo menos um jogador sempre fica de fora da cooperação. Com a mesa certa isso pode causar tretas bem interessantes levando em consideração que este tipo de jogo costuma ser muito cada um na sua.

Gostaria de ressaltar também que Castles of Burgundy não possui a mecânica de worker placement com dados. Esta mecânica parte da premissa de que há espaços comuns de ação que serão draftados pelos jogadores com seus trabalhadores (no caso em questão, com dados). Não acontece isso em Burgundy.

Passando aqui só pra comentar q Tekhenu não é exatamente alocação de dados (inclusive nem na Ludopedia nem no BGG essa mecânica está listada na página do jogo). Pra mim ele está mais para um draft de dados.
Mas admito q ele fica nessa fronteira nebulosa das mecânicas. Mas, mesmo se fosse, ele estaria mais pra uma "desalocação de dados" rs

Logan_df::

O título, é claro, só serve para chamar atenção. É claro que a mecânica não é odiada. Mas daí a dizer que ela é amada, outra história. Tenho a impressão de que são raros os jogos com alocação de dados como trabalhadores que dão certo.

A versatilidade dessa mecânica me encanta, tanto que a escolhi para um dos meus jogos criados, sobre a indústria cinematográfica brasileira dos anos 1970 (Boca – depois crio um artigo só para falar dele). A alocação tradicional, com meeples, já é espetacular e uma das mais populares. Então, por que a que é feita com dados, que acrescenta diversas camadas à estratégia, não ganha a mesma luz? (este é apenas um exercício de percepção, não um doutorado baseado em dados, com o perdão do trocadilho).

Dá para citar alguns jogos recentes que deram certo com esta mecânica, como Bitoku(não sei até onde o sucesso dele vai), The White Castle (que apesar de ser um jogão, teve queda de 20% no preço) e As Tabernas do Vale Profundo (de longe o melhor lançamento da mecânica nos últimos tempos). Temos também alguns clássicos que geram interesse até hoje, como The Castles of Burgundy (dispensa apresentações), Ganges (que tem uma alocação de dados diferenciada e adjacente) e Lorenzo il Magnifico.

Do outro lado, temos tanto jogos recentes quanto clássicos que possuem a alocação de dados e por algum motivo não deu certo (e, vejam, quero dizer com “não dar certo” é não alcançar um status como o de Burgundy ou Lorenzo. São eles:

• Tekhenu: Obelisco do Sol – em minha modesta opinião, um jogaço que caiu de R$ 400 para R$ 200;
• Teotihuacan: City of Gods– outro baita jogo, que tem expansões e inclusive está ganhando versão deluxe, mas que por aqui ninguém comprou a ideia;
• Santa Maria – adoro o jogo, mas no Brasil sempre foi patinho feio;
• As Viagens de Marco Polo – é um clássico bom demais, mas meio que foi esquecido e até o II me parece ter ficado fora do radar de muitos.
• Kingsburg (2ª Edição) - classicão maior que esse estou para ver, mas, hoje, quando ele passa perto, o povo muda de calçada;
• Coimbra – sempre achei um dos melhores jogos dessa mecânica, tudo roda lindamente, mas as pessoas o tiram para troco;
• Alien Frontiers – de longe um dos melhores e mais clássicos, mas aqui virou um jogo nichado de quem o ama (não entendo como nunca foi publicado por aqui);
• Brew – veio com um hype danado, depois se embebedou e caiu num beco escuro;
• Signorie – já falei aqui que é um jogaço, mas que poucos conhecem;
• Origins: Primeiros Construtores – outro que, se não me engano, foi um fracasso total de vendas, embora seja um jogo bem interessante. Boa dica de custo-benefício (nos últimos 3 anos caiu de R$ 300 para R$ 100);

Acredito eu que temos mais exemplos de flops (ou de jogos que caíram no esquecimento) do que de sucessos. Novamente, é apenas uma percepção, ao olhar para o mercado ao longo desses últimos seis ou sete anos. Assim, não dá para saber se é a mecânica que cai no gosto de poucos ou se há a coincidência de a mecânica estar presente em jogos que não deram certo. Vai saber...

Gostaria muito de saber sua opinião. Ao contrário de alguns, que não gostam de ler pontos de vista diferentes, vejo esta prática como parte essencial do debate, da resenha que tanto engrandece esse hobby.

Luciano Marques

Faltou na lista o Sky Team, que levou o Spiel deste ano. Ele utiliza a alocação de dados de forma bem inteligente.

Sobre a mecânica: eu acho que a rolagem e alocação de dados pode não ser tão amada por razões bem simples. Eventualmente pode ser cansativo ficar rolando os dados diversas vezes, os dados podem bater nos componentes do jogo ou rolar para fora da mesa. São coisas pequenas, mas elas são sentidas na experiência do jogo. Inclusive, acho que por isso a gamegenic criou uma torre como acessório só para rolar dados (outro jogo que possui uma torre para essa finalidade é Wingspan). 

Eu sou dos que até jogo, mas gosta creio que não gosto não. Até porque em alguns jogos essa mecânica (alocação de dados) torna a experiência da partida bem frustrantre.