Nesta série de resenhas, você encontra 2 partes:
. Parte 1: para quem não conhece o jogo.
. Parte 2: para quem já é safo.
1920 WALL STREET
Um jogo de Perepau Llistosella
PARTE 1: LUCRAR COM AÇÕES EM BOLSA DE VALORES. PERGUNTE-ME COMO.
O atentado de 16 de setembro.
Não está escrito errado! Na referida data do subtítulo, no ano de 1920, uma carruagem “dinamite pura”
explodiu no distrito financeiro de Manhattan.
Resultado: quase 40 mortes, dezenas de feridos e centenas de prejudicados (fisicamente). Um crime
ainda sem solução. Essa estranha mania de atentados em Nova Iorque em setembro.
Em
1920 Wall Street, um jogo de
cartas e poucos outros componentes, os jogadores são
corretores da Bolsa de NY e devem
manipular o mercado, e comprar e vender ações para se tornar o maior quando a bomba
ferrar com tudo.
As cartas na “Roda da Fortuna”, os Cartolas, algumas moedas e títulos de empréstimos.
Na partida, os jogadores
adquirem ações de 4 Companhias e fazem a
Tabela de Cotação variar para conseguir
o maior número de pontos no final. Eles têm à disposição um
capital fixo para investimento e podem conseguir mais dinheiro com
vendas e empréstimos. No final, quando a “bomba explodir”, um
prejuízo será gerado. Somam-se os pontos das ações e do dinheiro e quem tiver mais,
vence.
A versão
tupiniquim da Ludofy (hoje, um selo da Grok Games) traz
duas expansões para aumentar o jogo: “Magnatas” e “Opção de Compra”.
Fazendo a Roda da Fortuna girar.
Para um jogo de cartas,
1920 Wall Street é relativamente
elaborado, mas
não é difícil de se jogar. Uma partida é montada conforme a figura abaixo. Cada jogador recebe uma
carta de capital fixo (verde) com um disco de sua cor em cima, mais
um dinheiro inicial (moedas prata e ouro). É com isso que eles podem
comprar as ações.
A mesa de jogo: no centro, as cartas disponíveis para aquisição em círculo com os cartolas dos jogadores; à direita, tabuleiro de descartes e estoque de moedas e empréstimos; além do tabuleiro de cotação com as Companhias de Milho, Algodão, Aço e Petróleo.
Na sua vez, o jogador deve
escolher 1 opção:
a. Mover (seu cartola)
e Comprar: o custo final é $1 por movimento + valor da carta.
b. Vender: se desfaz de 1 Ação e ganha moedas.
c. Aumentar Capital: pagar $2 para ganhar $1 de capital fixo.
Antes ou depois da sua jogada, o jogador escolhe pagar $1 para
mudar o sentido do movimento (horário ou anti-horário). E a qualquer momento, ele pode pegar 1
carta de empréstimo, que é paga em (preciosos) pontos de vitória no final da partida.
A coisa mais importante do jogo é
a compra de cartas. Elas podem ser
as Ações das Companhias ou ter
efeitos especiais, tais como Flutuação de Mercado (quando a cotação de uma Companhia sobe ou desce), Dia Negro (todos se endividam) e Troca de Ações. Em qualquer jogada (inclusive Comprar), pode-se
descartar cartas no tabuleiro próprio (nº 2 da figura acima) em uma das 3 posições (em branco). No final da partida, a que
somar mais Dinamite (saudoso, e ótimo atacante, a propósito)
será o prejuízo que atingirá todos os jogadores.
Algumas cartas do jogo: (da esquerda para a direita): sentido do movimento, Ação dupla (vale para as 2 Companhias) e Ação dourada (curinga), Flutuações do Mercado e Dia Negro. Note o custo em moedas no topo e a quantidade de dinamites na parte inferior.
O jogo
acaba quando uma carta específica aparecer, a da
Explosão. Aí, deve-se verificar o
efeito negativo da bomba e se possui
um mínimo de ações de cada Companhia. Se não atingir a quantidade mínima,
não somará pontos! O dinheiro (exceto o capital fixo) também vale pontos. Quem tiver mais, ganha.
Na expansão
Magnatas, as 4 cartas deles entram no jogo. Ao atingir o máximo ou mínimo de ações de uma Companhia, o efeito (positivo ou negativo) dessas cartas acontece. Na expansão
Opção de Compra, cada jogador recebe 1 carta especial que pode ser adicionada a uma que está disponível no centro da mesa, aumentando seu custo.
PARTE 2: VOCÊ ESTARÁ JOGANDO DINHEIRO NO LIXO SE PARAR DE LER AGORA.
O Vira-Lata Caramelo de Wall Street.
Aqui, tem-se um
jogo de cartas de caixa pequena, que tem um
final imprevisível, os jogadores
influenciam o resultado o bastante e devem
agir em diferentes frentes. É exigida uma quantidade mínima de ações (das Companhias) para ganhar pontos, ao passo que precisa se preocupar
com o valor delas e com o
tipo de prejuízo que pode levar no final. Não bastasse isso, precisa ficar de
marcação cerrada no movimento dos oponentes.
O
1920 Wall Street não é um jogo estritamente econômico. Os jogadores
não focam no dinheiro em si — graças ao capital fixo. Deve-se
prezar pela quantidade de Ações que possuem. Adquiri-las
não é trivial, uma vez que seu custo
encarece quanto mais espaços seu cartola se movimenta. Só então a Venda ou Aumento de Capital
entram em cena.
Tabela de Cotação: tem 2 lados (um mais fácil e previsível); o valor da Ação é multiplicado pela quantidade de tais Ações do jogador para gerar pontos; ou seja, é ponto pra dedéu!
No caso de
Vender, é sempre pela
metade do preço da Cotação. Sem contar que o jogador está se desfazendo de uma Ação, ou seja, pontos. Se faz por pura necessidade, mesmo. Ao vender, ela volta
pra pista para ser comprada por alguém, o que é outro
ponto de atenção.
Não se pode deixar os oponentes
soltos em Floripa na partida. As cartas de
Flutuação de Mercado devem ser usadas
sem pudor também contra os adversários. A carta
Tendência de Mercado, que determina o sentido do movimento, é outra boa estratégia, pois
vai encarecer (muito ou pouco) aquela provável carta que o oponente quer. Mas não pense que é dedo no
censurado e gritaria. Toda ação contra, na verdade, vai
respingar um pouco em você. A
balança das decisões está ligada o tempo todo.
Das Kapital.
Apesar de um bom jogo,
1920 Wall Street pode trazer alguns
desconfortos. As Ações
não são compradas pelo seu valor de tabela, mas são vendidas por ele; matemática estranha, né? Ademais, a maioria das
alterações das Cotações são
pré-determinadas, causando uma
previsibilidade de Mercado (após muitas partidas); fossem todas à escolha, o blefe seria magnífico.
O jogo é
fácil de jogar, mas complicadinho de explicar como funciona. Quero dizer, o novo jogador vai saber como agir, mas não terá noção do que vai acontecer — uma analogia a “eu sei o que essas palavras significam, mas não entendi o que elas querem dizer”. O jogo vai mudar de sentido toda hora, compra Ação, muda tabela, troca Ação, vende Ação... quando é melhor fazer, por que fazer... Isso
pode espantar os mais casuais — e os menos capitalistas.
O Acordo do Plátano.
Apesar dos pesares, o jogo empolga pela sua
variabilidade de jogadas e pelas
informações ocultas (embora poucas): as Ações dos jogadores ficam viradas para baixo e as cartas descartadas (com dinamites) também não são consultadas. Mesmo com
o tema fugindo um tanto do rumo,
ele e a mecânica, que é relativamente diferente do usual, faz este jogo sair da estante
de vez em quando, porque se torna uma
experiência única e bastante
disputada.
A carta de Explosão! É fim de papo!
Além do mais,
não se vê muitos jogos de Bolsas de Valores ou de Ações de empresas
dando sopa por aí. Alguns famosos são o
Cartel (mundialmente conhecido por Acquire) e os da
série 18XX. Porém, eles são difíceis de achar e/ou
cabeça demais. Desse modo, é bom ter o
1920 Wall Street como opção “moderna”
* para os mais despretensiosos.
*Nota: tem um Wall Street App da Grow para quem quiser, também.
Até a próxima.
Fonte das Imagens: Ludopedia, BGG e Manual do Jogo.
PS: O
1920 Wall Street é parte de uma série de jogos
19XX da editora
Looping Games; já são 7 caixinhas do mesmo tamanho abordando os
mais variados fatos históricos do século XX. Infelizmente, os outros 6 ainda
não foram publicados aqui; mas mereceriam uma chance.