“O que esperar de” é uma série de comentários abordando características de um jogo, de preferência jogos que possuem pouca informação. Seu intuito é auxiliar aqueles que estão em dúvida sobre compra-lo ou não. Tudo aqui se trata da minha experiência de mesa e nada mais.
O que esperar de Welcome To: Seu Lar Perfeito?
Já ouviu falar no fumante passivo? Aquele que era pra não ter nada a ver com a situação, mas ainda assim é prejudicado? Bom, essa é a situação dos jogos Roll/Flip & Write em minha vida. Trabalhei cinco anos e meio em um local no qual eu passava boa parte do expediente escrevendo, seis dias por semana... Isso gerou em mim uma aversão gigantesca a escrever, o que faz com que qualquer proposta de experimentar jogos com essa mecânica seja recusada imediatamente. Mas ainda bem que estamos na era digital, pois assim eu pude conhecer esse jogo que é realmente sensacional!
Colhendo do que plantou
Este jogo talvez seja o conceito mais perfeito de igualdade (lógico que a equidade fica pela experiência com o jogo em relação aos novatos). O tabuleiro individual é igual, as oportunidades de escolha são iguais, e o quanto você vai depender de sorte ao longo do jogo vai depender exclusivamente da maneira como você desenvolve sua partida. Sério, aqui ganha quem jogar melhor, SEMPRE!
Mais do mesmo?
O jogo contém 29 cartas de objetivos, e em cada partida somente 3 delas são utilizadas. Isso traz um número absurdo de possibilidades, pois a chance de você repetir objetivos de modo enjoativo é bem pequena. O “porém” fica com o fato de que, apesar do grande número de cartas, os objetivos são muito parecidos. Para algumas pessoas isso pode trazer uma sensação de mais do mesmo, de “fecha o olho e vai”, mas para mim não é assim, principalmente porque, a não ser que você jogue exaustivamente com a mesma ou as mesmas pessoas, fica difícil e divertido tentar supor qual dos objetivos uma pessoa irá tentar primeiro.
Isso também pode gerar uma ocasião vibrante na partida, que é quando um número considerável de pessoas completa um objetivo ao mesmo tempo. Fica aquele clima de “Sério?”, mas é bem divertido. Ou até mesmo pode ocorrer a sensação de triunfo, ao perceber que os outros oponentes lamentaram quando você foi o primeiro a completar um objetivo de maior pontuação. Esse jogo é pura sensação de quem é mais eficiente.
(Objetivos a serem cumpridos)
Uma boa variedade
É muito bom quando um jogo familiar oferece muitas oportunidades para a vitória. Já venci partidas encerrando o jogo rapidamente, deixando meus adversários no meio do caminho. Já presenciei pessoas vencerem focando nos pontos extras, ou seja, sem completar objetivos primariamente. Também já ocorreu de o jogo acabar por alguém ter três permissões de construção recusadas. Olha, eu aprecio muito quando um jogo não é “scriptado”, ou leva os jogadores a serem mais tendenciosos em alguma jogada.
Em meu review de
7 Wonders Arquitetos citei o quanto isso é positivo, e aqui em Welcome To essa pontuação também é bem balanceada quanto os caminhos a percorrer em 7WA. Apesar de haver algumas possibilidades que são preferenciais, o jogo consegue muito bem te levar a escolher a necessidade das cercas ao invés de bons benefícios em pontos. É uma pena quando você tem que pegar uma cerca ao invés de uma boa piscina ou um parque, mas quem sou eu para arriscar (uma vez fiquei sem opção de cercas, pois muitas haviam passado, e fiquei traumatizado rsrs).
(Além dos objetivos, todos estes ícones abaixo são formas de pontuar: Parques, Piscinas, Placa que não sei o nome, Melhorias e Bis)
Minutos antes da desgraça acontecer
Se costumo escrever sobre as sensações deliciosas nos jogos, Welcome To proporciona uma sensação inversa, que é quando você percebe que fez besteira e fica aguardando o momento da ruína. Isso ocorre se você deixar passar demais as cartas de ponta, e chega um momento que você sabe que não vai conseguir colocar nenhum número, e só fica olhando os adversários se deleitarem. Na medida em que vai ganhando experiência isso diminui, mas pode ocorrer naquele dia em que você se pega pensando: “hoje eu tô ruim, viu”.
Muito raramente vai acontecer de uma sequência de mesmas cartas aparecerem como opção em rodadas seguidas, e isso é frustrante, mas considerando que as oportunidades são as mesmas para todos, não há oportunidade para choro.
Pontos de atenção
Diferente da versão digital, o que os jogadores devem estar atentos é na possibilidade de não haver volta em uma decisão. Acho que se você jogar de caneta e decidir mudar de ideia, fica uma coisa meio bizarra. Então, esteja certo do que você está escolhendo! Isso implica também no fato de, à medida que você joga, vai gastando os tabuleiros. Isso é um fato impeditivo para muitas pessoas, e eu compreendo, mas a formas de contornar isso, imprimindo novos tabuleiros (depois de muitas partidas!!), ou plastificando alguns e usando canetas removíveis (essa é uma boa opção).
Outra questão a ser considerada é a baixa interação existente no jogo. O que você faz com seu jogo independe totalmente dos seus oponentes, e para algumas pessoas jogo sem interação é jogo morto. Algumas partidas podem se assemelhar àquela sensação de jogar Adedonha, cada um escrevendo, todos calados, analisando possibilidades. Se você busca algo com grande interação, esse não é o jogo. Esse é um ponto muito exaltado em Cartógrafos.
O meu conselho é que, se você é um amante de jogos simples e divertidos, experimente este jogo no BGA. Vale muito a pena!
*
*
Se você chegou até aqui, fica o meu muito obrigado. Caso tenha gostado, se inscreva no canal
"O que esperar?" para receber as notificações dos reviews!
Se você estava indeciso sobre a aquisição deste jogo espero ter ajudado.