UNLOCK! ESCAPE ADVENTURES
Três jogos: um de Alice Carroll, outro de Thomas Cauët e outro de Cyril Demaegd.
Já existem
trocentos UNLOCK!s no mundo. Todos eles são jogos do tipo “
escape room” que, em tradução livre, significa “
não seja lesado e cai fora dessa sala trancada logo, rapá”. É possível adquirir tais aventuras em versões avulsas ou em caixas com um combo de três delas. Esta resenha trata apenas do “
Escape Adventures”, que
ainda não foi lançado no Brasil, mas seria uma boa pedida para se juntar aos seus irmãos localizados
Aventuras Heroicas,
Aventuras Atemporais e
Guerra nas Estrelas — fique com essa
crinjada!
“Teje Preso”!
A
premissa de qualquer aventura do UNLOCK! é essa: os jogadores estão “presos” em algum lugar e precisam resolver uma situação para vencer o jogo
*. Para tanto,
é preciso pegar um maço de 60 cartas, ler a primeira carta, abrir
o aplicativo e seguir o fluxo. Sim! É um joguinho com um aplicativo de
smartphone que funciona
offline e
não tem como jogar sem ele.
*Nota: é um jogo de 1 a 6 jogadores, portanto, você pode se virar nos 30 sozinho se quiser. Nossas partidas foram em 2 pessoas.
Ao longo da partida, os jogadores
abrirão novas cartas aos poucos e conforme solicitado pelas cartas já abertas; terão
desafios e quebra-cabeças para resolver; poderão
combinar cartas para avançar na história e usar de um bom tanto de
dedução para aquilo que não está óbvio. Ah, e coloque seus óculos ou lentes de contato porque também será preciso encontrar umas
coisas escondidas. Ou seja, a jogabilidade clássica desses jogos do tipo
escape.
O
aplicativo é importante para ganhar dicas (algumas são automáticas), aplicar a resolução dos desafios e digitar códigos que abrem portas. Além disso, ele conta
regressivamente 60 minutos! Mas, fique em paz, pois é possível continuar jogando mesmo após esse tempo
*. Ao final da aventura, o
app fará uns
cálculos no melhor estilo Nazaré Tedesco para avaliar o desempenho dos jogadores.
*Nota: meu celular não explodiu, mas não garanto que aconteça o mesmo com você.
Um Passatempo Voando!
“
Quê!? Já se foram 30 minutos”! Pois é, a primeira coisa a relatar sobre o jogo é essa contagem regressiva de 1 hora. Legal jogar
sob pressão, porque isso aumenta a
adrenalina e a
imersão. Mas teve algumas situações para
se curtir o momento, o desafio, ficar pensando e discutindo. Era a hora de expandir o jogo para além do jogo; para os jogadores conversarem fatores externos, porém relacionados à partida. Portanto, ao jogar UNLOCK!, essa é uma escolha a fazer:
se prender ao tempo e aderir à proposta do jogo
ou deixar a vida acontecer e aproveitar a reunião de amigos para uma experiência completa de jogatina.
Independente disso, a
noção de tempo é perdida ao se jogar cada aventura. E essa sensação é muito gostosa. É impressionante como esse jogo prende a sua atenção com uma jogabilidade tão simples. Os autores constituíram desafios para um
público exigente, que não quer tudo
dado de bandeja, mas sem ser um
bicho de sete cabeças com situações impossíveis. E se empacar em alguma carta, o aplicativo pode ajudar com dicas e até com a solução dos problemas.
Sobre as histórias, elas têm uma
narrativa simples, porém concreta; uma analogia às Histórias em Quadrinhos
sem balões — ou com quase nenhum deles. O
grosso do texto é a primeira carta, que dá a atmosfera da aventura. Depois, é
tudo muito visual, às vezes com termos ou frases curtas para explicar algo. À medida que os desafios são superados, outros aparecem e assim por diante até que o código final seja digitado no aplicativo e isso decrete o fim da partida.
Entretanto, observou-se umas
pisadas de bola em uns quatro ou cinco momentos (somando as três aventuras) com relação à lógica dos desafios. Entende-se que foram feitas para
embaralhar as ideias — e obrigar a usar o aplicativo para buscar dicas. Contudo, outras
situações foram cabulosas e completamente resolvíveis, eventualmente causando
penalizações — quando a resposta é errada, perde-se tempo daqueles 60 minutos iniciais. Mesmo assim, a diversão
não foi comprometida, afinal, o
app ajudou.
Sobre cada Aventura
(Relaxa! Sem spoilers, lembra?)
The Formula (Nível Médio)
Se ver a minha imagem de perfil aqui da Ludopedia
*, sabe que sou chegado em ciências. A tal fórmula tem a ver com isso e não com
Hamilton ou
Scott Dixon. Foi a história mais linear e típica de
escape rooms dentre as três da caixa. Uma
ótima maneira de começar seu UNLOCK!.
*#ParaTodosVerem: uma mão com luva de nitrila virando um béquer e transferindo suco de uva (ou pode ser uma solução aquosa de KMnO4) para um Erlenmeyer.
Squeek & Sausage (Nível Médio)
Ambientada no gênero
cartoon, o vilão prendeu os heróis (jogadores) em seu covil e irá pôr seu plano diabólico em prática.
Imersão certa se você brincou — ou ainda brinca — de super-herói (só lhe faltarão os superpoderes). Os desafios são bem bacanas. Foi o que mais divertiu aqui.
The Island of Dr. Goorse (Nível Difícil)
Única aventura
não permitida jogar solo. Os 2 a 6 jogadores
se dividem em dois grupos — porque o avião que os transportava caiu e os ventos levaram seus paraquedas para lugares diferentes da tal ilha — cada um com um baralho, e
não podem se comunicar, nem mostrar as suas cartas ao outro time. Foi a partida
mais interessante e com os
desafios mais abstratos, porém as (novas) regras poderiam estar mais claras; foram 2 horas para encerrar o jogo. E teve um detalhe que nos deixou cismados, mas vou contar em letras miúdas ali no final do texto
**.
“Qual a próxima aventura”?
Unlock!: Escape Adventures divertiu e trouxe
momentos ótimos. Mas que passaram rápidos demais. Até se permite uma ou outra conversa pós-jogo, autoavaliação e afins. Porém, é preciso deixar claro que este é um jogo para exercitar a mente por 1 hora e pouco (cada aventura), o que certamente
faz sucesso em entusiastas do gênero
escape room e a quem gosta de
rachar a cuca um pouco — como nós.
Até a próxima.
Fonte da Imagens: Ludopedia e BGG.
**Nota sobre The Island of Dr. Goorse (sem spoilers da história!): Após o aplicativo acusar o fim do jogo (e a vitória), verificou-se as cartas restantes (não reveladas) e descobriu-se que havia duas delas relacionadas ao fim da aventura. Iniciou-se a história no app outra vez, mas diretamente para o código (supostamente) final. E eis que, nesse momento, ele pede para revelar uma daquelas cartas que tinha sobrado e ganhou-se mais dois enigmas para resolver. Acreditamos que isso aconteceu porque a primeira partida já tinha a duração de 2 horas. Então, o app simplesmente resolveu nos declarar vitoriosos no penúltimo desafio que, em termos de história, já era uma resolução suficiente — ou seja, ter saído do local em que estávamos.