Caros Board Gamers
Realmente está ficando cada vez mais difícil acompanhar o hobby. Apesar do Res Arcana não ser "nenhuma brastemp", eu gosto do jogo, só que pagar R$ 150,00 por apenas 32 cartas e 25 pecinhas é o fim da picada. Na outra ponta temos o Super Mombo Quest Board Game, que é um projeto do Catarse, um jogo bem divertido, com uma cacetada de componentes, custando apenas R$ 199,00 o apoio inicial, mas como não está no hype, apenas pouco mais de uma centena de pessoas embarcou na empreitada. Sinceramente às vezes eu não entendo com funciona a cabeça dos boardgamers brasileiros.
Eu tenho perfeita noção de que "produzir jogos no Brasil é complicadíssimo", de que "a cotação do dólar está altíssima", que "a nossa carga tributária é uma indecência", que "o licenciamento dos jogos é caríssimo", que o "real está desvalorizado", que "o poder de compra do salário médio do brasileiro é uma piada" e diversos outros argumentos usados para justificar o alto preço dos jogos e expansões.
Mas é justamente por isso, que cada vez eu me convenço mais, de que board game não é um passatempo para quem tem salário em real, ou pelo menos não é para o bico da nossa combalida classe média. Eu já até desanimei de tentar trazer meus amigos não-jogadores para o hobby. Isso porque é sempre aquela mesma história: todo mundo acha os jogos sensacionais, até que eu digo que eles custam R$200,00/R$ 300,00/R$400,00. Nesse momento, as pessoas continuam achando os jogos muito legais, mas que o preço é um absurdo, e que não vale a pena gastar dinheiro com isso. Desse modo, o pessoal topa continuar jogando, mas desde que sejam os meus jogos, e com isso ninguém novo entra para o hobby.
Talvez o problema seja meu, e da minha incompetência para atrair novos jogadores, e aí cabe um bom questionamento: quantas pessoas você conseguiu trazer para o hobby e que se converteram em pessoas que compram jogos (porque são essas que sustentam o mercado), e não apenas em pessoas que jogam board games?
Por fim, não quero iniciar mais uma grande discussão sobre preço de jogos, porque esse tema de tão gasto e batido, parece até que já perdeu o sentido discutir. Na verdade isso aqui é mais um desabafo e um registro da minha frustração do que uma proposta de discussão. Até porque, os preços dos board games não vão baixar, pelo contrário a tendência é subir cada vez mais. Assim como, as tiragens dos jogos não vão aumentar em um futuro próximo, e o hobby não vai se popularizar. Basta pensar que mesmo com o crescimento pífio do hobby nos últimos anos, se mantidas as condições atuais, board game no Brasil continuará sendo aquilo que sempre foi, ou seja, uma brincadeira de meia dúzia de excêntricos. Basta lembrar que em 2022, com as pessoas saindo da pandemia e super ansiosas pelos eventos de board games, e doidas para jogar ao vivo, o DOFF não conseguiu atrair nem 20.000 pessoas, em uma cidade onde moram 15 milhões, e isso sem considerar aqueles que viajaram de outras cidades, e de outros estados, para ir ao evento
É triste, é lamentável, mas é assim que eu vejo a situação do nosso hobby.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio