SETTLEMENT
Um jogo de Oleksandr Nevskiy (o mesmo do Mysterium)
Uma temática chamativa. Um jogo bom.
Aviso: esta resenha foi escrita após
algumas partidas em
dois jogadores no
Tabletopia. Este texto tem tradução livre dos nomes em inglês do manual.
Como o jogo ganhou atenção?
Falado na Feira de Essen 2021, o jogo prometia
exploração de terrenos,
extração de recursos,
construção da cidade e
defender-se de inimigos (algo que lembra
Catan: O Jogo - Cidades e Cavaleiros).
Por que se quis jogar?
Após ler as regras, as
expectativas com relação à experiência de jogo
caíram por terra. Porém, resolveu-se dar uma chance a ele e ver se
Settlement é bom na prática (e para não pensar que ler todo o manual foi em vão).
Resultado: agradou a ponto de se querer jogar algumas vezes.
Como o jogo funciona?
Aviso: se não quiser saber de
andamento de jogo, apenas da “
filosofia” sobre ele, pule para a pergunta “
E as sensações?” abaixo (em vermelho).
O
objetivo do jogo é ter
mais pontos. Eles são somados somente no final da partida e só a partir de três segmentos:
heróis (cartas adquiridas),
ouro no Banco e
diamante na Catedral (estes dois últimos são edifícios que se precisa construir).
São
6 rodadas e cada uma delas tem
vários turnos. Em cada turno, o jogador pode fazer 1 ação e/ou convocar um herói. Quando quiser (ou precisar), o jogador passa a vez. Quando todos os jogadores passarem, a rodada termina.
O jogador tem
sete opções de ação e, em todas elas, precisa-se gastar 1 ou mais colonizadores (fora os recursos, quando cabível):
.
Construir: edifícios na cidade que gerarão recursos, comércio ou pontos.
.
Explorar: terrenos, que são de três níveis e proporcionarão recursos e monstros para caçar.
.
Fortificar: construir Fortes nos terrenos, que evitam monstros, fornecem e guardam recursos.
.
Caçar: os monstros de vários níveis, sempre recompensando com recursos caros.
.
Ativar Cidade: para usar os edifícios construídos.
.
Ativar Terrenos: para pegar os recursos e, se não tiver Fortes, os monstros reaparecem.
.
Ativar o Forte: para pegar o recurso daquele terreno.
Tabuleiro do Jogador: colonizadores em alguns espaços de ação; o artefato (abaixo, à esquerda), o local para recursos, a Região (centro, acima e com Monstros e Fortes) e a Cidade (centro, abaixo mostrando a Catedral com diamantes roxos e o Banco com moedas de ouro).
Convocar
o Herói é simples: paga os recursos e pega seu bônus (se houver).
Ainda há os
Artefatos, que dão uma ajudinha e precisa-se trocá-los todas as rodadas (existem 3 + N jogadores desses itens à disposição), e o
comércio, que se pode fazer a qualquer hora com o estoque (não entre os jogadores).
Tudo isso acontece no tabuleiro de cada jogador. O “tabuleiro” central serve apenas para disponibilizar edifícios, terrenos, heróis e artefatos.
"Tabuleiro" Central: os heróis (à esquerda), os edifícios, os terrenos, o marcador de rodada e mais heróis (no centro) e os artefatos (à direita).
No fim da sexta rodada, somam-se os pontos e se vê quem ganhou.
E as sensações?
A
temática (colonizar) está
bem bacana, o jogo é
divertido, mas tem
seus defeitos. Quem sabe, no futuro, o Sr. Nevskiy não cria uma “
errata” tipo
Star Wars: Rebellion – A Ascensão do Império (que não é uma expansão; é um ajuste do jogo-base). Que “problemas”, então?
São SETE opções de ação!
Estão todas muito bem
iconografadas no tabuleiro de jogador, são
todas simples de entender e fazer,
mas é muita opção! Aparentemente, o autor quis fazer um jogo para todos os públicos, mas com tudo isso de escolhas, parece que ele quis trazer algo de nível mais avançado. Confuso. E em termos de mecânica, não se justifica ter ações separadas para exploração, construção e fortificação.
Comércio.
A
interação entre jogadores se resume a
ver quem chega primeiro nos heróis, artefatos e edifícios. Num jogo de colonização, não é difícil implementar um comércio entre os participantes, seja diretamente (como em
Catan: O Jogo), seja indiretamente (como em
7 Wonders). Além disso, o comércio com o estoque é
atrapalhado: tem troca vantajosa, troca travada, troca muito inconveniente.
Final estendido.
Não adianta. No terço final da partida, o
Analysis Paralysis vem. É a hora do
rush: o jogo está para acabar, sua região está bem explorada, sua cidade bem montada, chegam mais colonizadores para ajudar, precisa-se de pontos urgentemente e
qual a melhor sequência de ações? Isso não tem muita solução. Mas é evidente a diferença de “velocidade” entre o começo e o fim do jogo.
A parte mais grave: os Heróis.
Os Heróis
não caçam os monstros. Os Heróis
indicam qual monstro aparece no terreno recém explorado. Não, você não leu errado: em vez de ajudar, o herói atrapalha.
Na verdade, ele é seu herói por lhe dar pontos de vitória para vencer o jogo. Pois é. Foi até difícil de acreditar ao ler as regras (talvez ainda esteja sendo difícil). Sendo assim, fica parecendo que a ideia original era uma e a prática final foi outra. Muda-se o nome da coisa, então, não é mesmo?
Mas o jogo é divertido. Sim,
tem suas benesses.
O
tempo de partida foi de 60 minutos, no máximo e honesto. Importante: enquanto um joga, o outro já vai pensando na sua jogada.
Calcular onde colocar os edifícios (numa matriz 3x3) é legal. Você só pode usar uma linha (de até três) de construções. Portanto, há algum planejamento.
Explorar
terrenos também não é ruim por conta de
seus três níveis, cujas diferenças são sutis, porém importantes.
Os
Fortes são, talvez, a
principal estrutura do jogo. Os benefícios deles são altos, mas caçar monstros rendem bons recursos. Isso dá peso à estratégia.
Os
artefatos, apesar da pouca ajuda, são
bem atuantes na rodada e é preciso escolhê-los sabiamente.
O
modo simples de pontuar é um ponto positivo [
trocadilho off]. Só tem
três jeitos e dois deles você precisa “trabalhar” para conseguir (bancos e catedrais). Os heróis serão a maior parte da pontuação, exigem planejamento, mas os referidos edifícios é que podem fazer a diferença.
No fim das contas...?
Lamenta-se os “problemas”, mas se reconhece as coisas boas. Agradável de jogar, um bom passatempo e tem rejogabilidade principalmente em termos de estratégias (o que é ótimo para se
ficar discutindo no pós-jogo).
Fiquem bem. Se cuidem.
Fonte das Imagens: Ludopedia, BoardGameGeek e Manual do Jogo.