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MONOPÓLIO

  • MONOPÓLIO

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    Talvez esse texto pudesse se chamar facilmente IMPERIALISMO 2, em decorrência de já termos abordado parte da temática aqui presente em outro texto, sobre um jogo homônimo, mas hoje aprofundaremos em uma problemática do imperialismo, numa tentativa de expressá-la dentro de jogos de tabuleiro e do comportamento desta indústria.


    Fato é, o sistema econômico atual está em crise, caminha para algum tipo de colapso e, antes de ser acusado de pessimismo ou, dentro dos próximos argumentos, me basear num eterno retorno nietzschiano com previsões vazias, mostrarei os pontos e impactos dessa constatação, que admito passar despercebida aos olhos desatentos, uma vez que ficamos quase como lagostas na água quente, sem perceber que ela está quase em ponto de ferver.


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    Pan Am - Início da Partida



    Recentemente, tive a oportunidade de estar em algumas mesas do jogo Pan Am, sobre a expansão da icônica companhia aérea durante sete décadas do século XX, e por mero acaso, também estava num momento de leitura de "O Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo", livro escrito por Lênin em 1916 e onde ele estabelece: "Se fosse necessário dar uma definição o mais breve possível do imperialismo, deveríamos dizer que o imperialismo é a fase monopolista do capitalismo".


    Até este ponto, talvez não seja nada óbvia a conexão entre esses momentos, porém foi aprofundando na leitura, inclusive deixo a recomendação, que foi possível enxergar uma prática da teoria recém-adquirida. Explico, mais adiante Lênin continua: "O monopólio é o contrário direto da livre concorrência, mas esta última começou a transformar-se em monopólio diante dos nossos olhos, criando a grande produção e eliminando a pequena." Uma definição que praticamente explicaria a gameplay de Pan Am.


    Em Pan Am, somos donos de companhias aéreas disputando rotas pelo mundo, entretanto, ao contrário do que pareceria óbvio, o objetivo de jogo não é criar a melhor ou maior companhia, mas conseguir vender suas rotas, que serão compradas pela Pan Am, tomando todo o mundo. Esta é a melhor maneira de se ganhar dinheiro e conquistar os pontos de vitória, que são as ações bancárias da Pan Am. Ou seja, você vende partes da sua empresa, é absorvido pela Pan Am e se torna sócio desta grande empresa que domina o mercado global. A livre-concorrência do início do jogo se torna o monopólio de uma grande empresa no final, assim como descrito pelo pensador.


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    Pan Am - Final de Partida



    E qual o problema? Aos fãs do neoliberalismo vigente, parece que não há nada demais na questão. Empresas maiores conquistam empresas e territórios menores e mais fracos, é a “lei da selva”, faz parte da nossa “natureza”. Porém não é difícil entender que o monopólio privado gera diversas crises. As operações tendem a encarecer, o desemprego tende a aumentar, pequenas empresas acabam falindo, a desigualdade e a falta de acesso aos serviços aumentam ainda mais.


    Para exemplificarmos, talvez possamos usar outro jogo homônimo a este texto. Em Monopoly, conhecido pela grande massa de jogadores e não jogadores, somos capitalistas do mercado imobiliário e temos um objetivo bastante peculiar, ganhar dinheiro enquanto os outros o perdem. Vence aquele que consegue falir cada um de seus adversários. Consequentemente, ao longo de uma partida bem arrastada, vemos preços subirem em serviços e, de um modo especulativo, inflacionam a mera vontade de quem tem mais dinheiro, enquanto pessoas “sem sorte” aumentam suas dívidas até não restar mais nada.


    Apesar de simplista, Monopoly consegue explicar os riscos dessa prática. Inclusive, voltando ao texto de Lênin, nos fornece a outra parte do imperialismo, quando tudo se torna capital bancário, vira mero rentismo e parasitismo no sistema, ganha-se sem nada produzir, converte-se em clara crise.


    Assim, voltamos ao início deste texto, podemos debater melhor o que indico por crise. Quando temos, em várias indústrias, mas também na de jogos de tabuleiro, empresas estrangeiras comprando partes ou editoras inteiras de vários lugares do mundo, depois indicando cortes, reduções, mudanças drásticas em operações, enfim, tudo isso dá indicativos claros dos caminhos que temos seguido. Veja bem, mesmo com a inundação de jogos e editoras em nosso país, não temos visto os preços baixarem, e o mercado parece cada vez mais se fechar ao pequeno e ser devorado pelos grandes conglomerados.


    Para os que ainda duvidam, se é que conseguiria chegar a alguma clareza a quem se recusa a enxergar, finalizo com a cíclica do nosso sistema. Acontece que ele se alimenta das crises, precisa delas para sobreviver. Quando Lênin escreve em 1916 sobre o comportamento imperialista do capital, ele determina algo que vai se repetir nos anos posteriores e ainda se repete. A livre-concorrência gera o monopólio imperialista, em crise, gera regimes autoritários, que não conseguindo atender aos interesses das elites, converte-se novamente numa falsa sensação de liberdade numa remodelação de livre-mercado.


    Em 1916, Lênin escrevia sobre as crises de 1900 e 1873. Posteriormente, não é difícil ligar a Segunda Guerra Mundial à crise de 29 nos Estados Unidos e seria de uma grande desonestidade intelectual não fazer a relação da crise de 2008 com a ascensão de regimes autoritários e extremistas ao redor do mundo nas duas décadas seguintes. Mais do que ser alarmista, a ideia é entendermos o momento e buscarmos maneiras de reagir, de não sermos parte do problema.


    Aos que chegaram até aqui, agradeço a leitura e peço, por favor, que se inscrevam no nosso canal da Ludopedia, assim como em nosso perfil no Instagram: @pontocapitalbg. Não deixem de curtir, comentar e compartilhar, vamos enriquecer o debate. E lembre-se: o mundo começa a fazer sentido quando entendemos que a vida é um jogo cooperativo!


    Meeples do mundo, uni-vos!


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    Comentários:

  • Excelente texto.
    Será até que o Galápagos spoiler fest é também sintoma desse monopólio querendo moldar outro aspecto, o.social?
    Tira a dinâmica de vários perfis num Doff, mas concentra na minha marca no meu evento

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  • gustavohfchagas::Excelente texto.
    Será até que o Galápagos spoiler fest é também sintoma desse monopólio querendo moldar outro aspecto, o.social?
    Tira a dinâmica de vários perfis num Doff, mas concentra na minha marca no meu evento

    Não havia pensando por esse ponto, mas com certeza é um sintoma, uma estratégia. Monopolizar a atenção do consumidor a somente seus próprios produtos. E mostra a desigualdade do sistema, porque só uma empresa desse porte pode fazer um evento desses, o.que sufoca as menores.  
    Ótimo ponto de vista, muito obrigado pelo comentário!
    Um abraço 

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Pan Am - MONOPÓLIO

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