Olá!
Eu sou o Davi e você está no Análise Escrita.
A tempos eu não me animava imediatamente com um jogo, pelo menos não a ponto de resolver escrever sobre ele.
Hoje falarei sobre o novo membro de minha coleção, o aclamado Glory to Rome.
Em Glory to Rome, você é um patrício romano em busca de fortuna e fama, encarregado pelo imperador Nero a ajudar na reconstrução de Roma após o grande incêndio.
Como é tradição neste canal, Senta que lá vem história.

Realmente ocorreu um grande incêndio em Roma em 64 D.C, sob o reinado de Nero.
E quem foi Nero?
Não, Nero não foi apenas um programa que você usava no computador para gravar seus CDS do furacão 2000.

Nero é talvez um dos imperadores romanos mais estudados e com maior presença na cultura atual , rivalizando em infâmia apenas com Calígula (sim, aquele que considerou nomear o próprio cavalo como Cônsul).
No ano de 64, um incêndio colossal destruiu 10 dos 14 setores de Roma.

Muitos acusaram Nero pelo ato, pois recentemente o mesmo tinha solicitado ao senado a construção de um novo complexo palaciano, o que foi negado, há quem argumente que com tal negativa, Nero ordenou o incêndio diretamente a homens de sua confiança.
Há ainda, teorias levantadas por antigos historiadores cristãos que argumentam que Nero mandou queimar Roma para se inspirar a fim de escrever um poema "Épico".
Vem daí ainda a teoria de que Nero tocava lira no palácio enquanto assitia Roma queimar.

Fato é, que após o grande incêndio Nero precisava de um "Bode expiatório" e ninguém melhor em Roma na época que os cristãos.
As perseguições se intensificaram a níveis nunca antes vistos.
Pedro foi crucificado, Paulo foi decapitado as portas de Roma, e acreditem a Paulo só foi dada uma morte "rápida" por ser cidadão Romano.
Uma informação interessante: O número 666, associado por muitos ao "número da besta" é provavelmente uma referência direta a Nero.
Explico: em Hebraico cada letra é também associada a um número, isso é conhecido como Gematria.
Em Apocalipse 13:18 temos: "Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis".
A soma dos números relativos às letras do nome de Nero em Hebraico, somavam exatamente 666.
Ressalto ainda que o livro do Apocalipse foi escrito provavelmente entre o ano 80 e 95 D.C.
Finalizada a nossa breve aula de história, voltarei ao jogo onde pretendo traçar um breve e (inevitável) comparativo com seu irmão mais novo (o talvez floopado) Mottainai - Edição Deluxe (que você pode testar gratuitamente no Yucata! :
Glory to Rome é uma pérola de Carl Chudyk, autor daquele que para mim é um dos melhores jogos já feito, o grande Innovation.

Glory to Rome é basicamente um irmão mais velho do Mottainai, outro jogo do mesmo designer.
Possuo uma cópia de Mottainai que consegui em uma troca, e confesso que sempre tive receio de adquirir uma cópia de Glory to Rome dada a dificuldade em ensinar Mottainai a alguém.
Em cerca de 10 partidas físicas de Mottainai, apesar de eu achar o jogo divertido, sempre achei um tanto quanto burocrático.
Era difícil levar o jogo a mesa e mais difícil ainda ensinar (um saco entender e explicar o lance das vendas cobertas por exemplo).
Prova disso, é que o próprio manual do jogo cita que você não deve desistir logo de cara, pois leva tempo para entender e se divertir com o jogo.
Para minha surpresa, Glory to Rome simplificou diversos pontos que me desagradam em Mottainai.
Em Glory to Rome, cada jogador terá um player Aid que servirá também como sua área de jogo.

A Área superior do Player Aid se refere aos pontos de influência do jogador, esses pontos vão definir quantas cartas você pode manter em sua clientela e quantas cartas pode manter em seu cofre, cada jogador já inicia com dois pontos de influência.
No lado esquerdo, temos a clientela.
As cartas na clientela nos permitem realizar uma vez a mais a ação da carta da rodada, ou caso o adversário declare uma ação, se eu tenho uma carta daquela cor em minha clientela, eu posso seguir a ação sem ter que descartar uma carta daquele tipo.
No lado direito, temos o cofre, as cartas do cofre ficam viradas para baixo e serão pontuadas no fim de jogo e podem nos render bônus a depender da quantidade de cada material armazenado por jogador.
Por fim, na parte de baixo está o nosso depósito, ele contém cartas que podem ser usadas em construções ou que podem ser movidas ao cofre.
O jogo flui em turnos alternados, onde você pode liderar uma ação ou pensar e completar a sua mão.
O objetivo principal é realizar as construções dentro da cidade, ou fora da cidade (nesse caso pagando uma ação a mais).
A simples ação de pensar para completar a mão eu já achei muito interessante, pois em Mottainai você precisa liderar uma ação de tecelão para encher completamente a sua mão, e ainda assim descartando uma ou mais cartas na ação.
O jogo também possui uma pegada mais simples, menos complicada que seu irmão mais novo.
Como citei acima, em Mottainai uma venda "cobre" uma carta na loja (cofre) ou na galeria, permitindo ganhar mais pontos ou fazer mais vezes uma ação.
Isso é um saco de entender e de explicar.
Em Glory to Rome isso não existe, cada carta em cada aba funciona individualmente e pronto.
Até a parte das construções é mais lógica.
Em Mottainai você apenas mostra as cartas da sua mão para construir, o que gera questionamentos de novos jogadores (ué, não tenho que descartar para concluir a obra?)
Em Glory to Rome você efetivamente "gasta" as cartas nas obras e inclusive pode lançar as fundações de uma obra em um turno e só terminar essa obra lá na frente.
Ainda sobre as obras, outro ponto que sempre gerava dúvidas aos novos jogadores de Mottainai era o seguinte: o caminho padrão para construir era através da ação "Ferreiro", porém eu poderia sempre fechar uma obra do mesmo tipo da carta que joguei.
Ou seja, toda carta acabava tendo sua função e também a função construir.
A única diferença é que uma função me permitia usar cartas da mão para construir e a outra me permitia apenas usar cartas do estoque.
No Irmão mais velho isso não acontece, temos apenas duas funções que nos permitem construir (Arquiteto e artesão) e só, simples e claro.
Sobre a experiência de jogo:
Muitos me falaram que o jogo era absolutamente horroroso em dois jogadores.
Bom, pelo menos não foi o que senti.
Em dois jogadores a partida teve uma duração média de 40 minutos e fluiu muito bem.
Dá para jogar furando o olho do adversário na corrida pelos materiais mais interessantes, dá pra fazer combos construindo as melhores construções, é bem legal.
Eu joguei com a expansão república, mas pelo que li a expansão Império traz uma partida ainda mais pegada, creio que seja mais divertido em dois jogadores.
Bom, meu humilde resuminho de partida está aí.
Talvez ainda esteja impressionado com o jogo, mas quis compartilhar um pouco da experiência com vocês, peço desculpas a quem nunca jogou nenhum dos jogos citados, no alto da minha empolgação eu resolvi escrever esse pequeno texto (coisa rara falar de jogo aqui no canal né?).
Já jogaram Glory to Rome?
Como foi?
Um abraço!