Olá!
Eu sou o Davi, e você está no Análise Escrita.
Estamos concorrendo ao prêmio Ludopédia em duas categorias: Mídia Escrita e Mídia Revelação.
A você leitor que tornou isso possível, meu muito obrigado.
Hoje vamos falar novamente sobre alguns temas que permeiam a vida de todo jogador, (e possivelmente de todo mundo que mantém um hobby ativo) vamos falar sobre a Angústia.
Primeiro, vamos definir a angústia.
A angústia pode ser definida como uma perturbação emocional (que pode inclusive resultar em sintomas físicos) caracterizada sobretudo pela sensação de vazio, de medo, insegurança.
A Angústia traz a sensação de que tudo está perdido.
E sem surpresas, no período de maior angústia recente, nosso hobby floresceu.
É importante analisar o contexto desse crescimento: com o isolamento, as pessoas precisavam ficar em casa, e a TV ou as redes sociais já não eram bons parceiros.
Ao ligar a TV, o telespectador era bombardeado de informações que alardeavam um "Fim do mundo", uma morte lenta.
O Covid ia chegar até você, você só não sabia como e quando, e não sabia a gravidade do quadro.
Essa situação, deixou o emocional de muitos em frangalhos.
A mente precisava de um refresco, era necessário reagir.
E nesse contexto, surgiram os "Hobbies offline".
Jogos de tabuleiro, artes (desenho, pintura), culinária.
Todos esses hobbies tiveram um "Boom" de novos participantes na pandemia.
É fato também, que para muitos, talvez para a maioria, as novas atividades morreram com o fim do isolamento social.
Gradativamente, esses passatempos que foram fundamentais para preservar a saúde mental de seus participantes, foram sendo substituídos pelos velhos hábitos pré pandemia.
Não era mais necessário jogar algo na sexta a noite, já era possível sair para jantar e pegar um cinema.
Quantos Wingspans, quantos azuis não devem estar parados tomando pó em estantes alheias no momento, sem saber se um dia voltaram a "ver mesa", não?
Para outros tantos, porém, o hobby tornou-se algo "sério", parte de uma identidade, um grupo a se pertencer.
E aí meus amigos, para grande parcela desses novos jogadores, a diversão saiu pela porta e a angústia entrou pela janela.

"As vezes aparecem algumas pedras no caminho..."
A primeira sensação de aperto no peito do novo jogador, surge com o preço dos jogos.
Não somos um país de pessoas ricas.
Somos com certeza um hobby com pessoas privilegiadas, pois não é barato se manter nesse meio.
Mas na maioria dos casos, não somos um hobby de milionários.
E que dor no peito de um novo jogador, quando ele percebe que aquele jogo que custou meio salário mínimo saiu da estante para a mesa apenas uma vez no ano.
Seu suado dinheirinho está parado em uma caixa de papelão que só serve para enfeitar a estante.
E o ritmo frenético de lançamentos ajuda a piorar essa situação.
O FOMO (ou medo de ficar de fora) amplifica esse sentimento.
O jogador que usa a internet minimamente, que consome um pouco de conteúdo relacionado ao hobby, é bombardeado diariamente com novos lançamentos, jogos incríveis que vão reformular o mercado.
A Mídia especializada faz parecer que todo dia surge um novo Puerto Rico no mercado.
A segunda angústia,vem da sensação de solidão.
Um hobby que deveria ser coletivo, torna-se algo individual.
O jogador investe em jogos para 3+ players, compra party games e não tem com quem jogar.
Como é difícil formar um grupo fixo ou pelo menos frequente de jogadores.
O hobby está mais localizado em grandes centros urbanos, mas mesmo assim somos um país de dimensões continentais, com milhares de cidades minúsculas, dificultando ao jogador achar companheiros de jogatina.
A terceira angústia, se refere a dificuldade de "evangelização" de novos jogadores.
Vocês provavelmente vão concordar comigo quando eu disser que trata-se de um hobby para adultos.
Você ainda vai concordar comigo, quando eu disser que antes de entrar nesse mundo, você achava que tratava-se de algo infantil.

A verdade é que grande parte dos jogadores tem dificuldade em abordar possíveis novos companheiros de jogatina, com o medo de serem tachados como infantis, como pessoas que cultivam hobbies de criança.
É mais fácil convidar um novo colega de trabalho para jogar futebol, é mais difícil chamar esse mesmo colega para jogar king of Tokyo.
O hobby torna-se algo extremamente íntimo, um segredo guardado a sete chaves e revelado apenas aos que por ventura já compartilhavam do mesmo gosto.
Existe solução para tudo isso?
Talvez.
Tudo o que tenho abordado nesse canal, é extremamente pessoal.
Acho fundamental falar sobre a saude mental dentro do nosso hobby, e sobre a saúde mental no geral.
Acho que podemos começar com algumas atitudes:
- Compre menos, jogue mais o que você tem.
- Não compre por impulso, conheça seus gostos.
- Perdeu aquele lançamento? Sua vida não acaba aí.
Outros lançamentos virão, e nesse hobby, tudo que faz sucesso volta um dia.
Você não precisa jogar coffe Rush agora, provavelmente você vai comprar, jogar duas vezes e encostar na estante.
- Vale mais uma coleção "enxuta" que vai para a mesa com frequência, do que uma colega gigante e parada na estante.
- Dê preferência ao mercado de usados quando achar uma boa oferta.
Somos um hobby de gente "chata", extremamente cuidadosa, você terá gratas surpresas.
- Da mesma forma, viu um anúncio de jogo usado a preço de jogo novo em loja? Deixe o jogo apodrecer na mão do dono.
Muita gente trata o hobby como um mercado de ações, e isso é lamentável, não fomente um mercado predatório.
- Saiba o melhor momento para introduzir um jogo, não seja o chato que quer jogar taco cabra no meio do churrasco.
O pessoal quer curtir um molejão e comer uma picanha de origem duvidosa?
Não se frustre, o que é divertido para você pode não ser para o outro, e está tudo bem!
Aproveite a sua vida, viva os momentos bons com as pessoas que foram colocadas no seu caminho
Nem todo momento precisa de um jogo para ser memorável.
- E casado, namora? Sua esposa/esposo é mente aberta em relação a jogos?
Invista em uma coleção que rode bem em dois jogadores, é um momento de vocês, offline, vai criar ótimas recordações e vai te trazer a sensação de que o hobby ainda vale a pena.

"Partida do excelente Altiplano com meu amor ontem"
- Não se sinta infantil ao comprar um jogo.
Todo mundo brinca.
A criança brinca, o idoso brinca, só mudam as brincadeiras.
O dinheiro é seu, você gasta com o que quiser.
Todo mundo tem uma criança dentro de sí.
E por fim:
Cada um tem sua verdade.
Tudo isso é muito lógico pra mim, mas para você pode ser diferente, encontre seu próprio caminho para um hobby saudável.
Espero você nos comentários para aquela discussão saudável de todo dia.
O que é o hobby para você?
Com você mantém esse hobby de forma saudável e proveitosa?
Como navegar nesse mar de lançamentos "imperdíveis"?
Esses são meus pontos para hoje.
A todos vocês que leram até aqui, um forte abraço!