Post original: https://boardgamegeek.com/thread/3407492/back-to-the-wild-wild-west

[Um exemplar resistente para revisão foi trazido até mim em uma carroça, conduzida pela editora.]

Retornar à cidade da sua juventude parece uma jornada para uma cidade fantasma.
As ruas brilham como memórias distantes — familiares, mas estranhas. As pessoas se confundem em uma massa desconhecida, ocasionalmente dando uma sensação fugaz de reconhecimento, como se tivéssemos cruzado caminhos anteriormente, trocado gentilezas ou passado um pelo outro na esquina. Reconhecemos as árvores, janelas, talvez até os prédios, mas uma sensação avassaladora de déjà vu permanece — estivemos aqui, mas não estivemos. Lugares antigos, agora novos e desconhecidos.



Quinze anos após sua verdadeira estreia, Carson City retorna em uma edição Carson City: Big Box atualizada, nos levando a uma cidade distante no Velho Oeste. Redemoinhos de poeira giram ao longo de estradas arenosas, o tilintar de canecas cheias de cerveja e os gritos de jogadores de cartas ecoam do salão e na avenida central, um duelo está se formando. Acima de nós, o sol implacável queima o chão; no horizonte, colinas vagamente familiares vigiam.

Sim, já estivemos aqui antes.
Vamos ver se esse revólver ainda tem munição.



Bem-vindo a Nevada, Cowboy

Apesar do tema, Carson City não é um faroeste no estilo sandbox como Western Legends. Em vez disso, é um jogo clássico de alocação de trabalhadores aprimorado com várias mecânicas auxiliares. Há um pouco de controle de área, um toque de construção de cidade por meio do posicionamento de peças, papéis variáveis e assimétricos para adotar a cada rodada e até mesmo uma pitada de rolagem de dados.

Nosso objetivo? Ganhar dólares por meio de ações como renda de propriedades na cidade titular, jogos de azar e, claro, roubos. Embora o jogo não seja excessivamente temático em todos os aspectos, sua vibração de faroeste é mantida no nível certo para manter o cenário vivo sem sobrecarregar a jogabilidade. Não é um jogo de aventura - é economia de cowboy. Alegre-se!



Durante os turnos, os jogadores alternadamente colocam trabalhadores — cowboys — nos espaços de ação que serpenteiam pelo tabuleiro ou diretamente no mapa, indicando quais lotes pretendem adquirir ou quais edifícios planejam roubar. Uma vez que todos os cowboys tenham encontrado suas atribuições, as ações são resolvidas uma por uma. Após quatro desses ciclos, o jogo avança em direção ao pôr do sol.



Preparando a sela

Com uma variedade de espaços de ações para escolher, os jogadores podem reunir recursos, comprar edifícios, comprar terras para construção, fortalecer suas habilidades de duelo e roubo e gerar renda legal e ilegal. Carson City oferece muitas opções, garantindo que mesmo em contagens maiores de jogadores, sempre haja uma chance de ganhar algum dinheiro — ou pelo menos estragar os planos de outra pessoa.

Rompendo com as normas típicas de colocação de trabalhadores, cada espaço de ação e localização do mapa pode se tornar um território contestado. E em Carson City, as disputas são resolvidas com revólveres. Um sistema simples, mas eficaz, de fichas e rolagens de dados serve como o árbitro final. Os jogadores duelarão sobre compras de propriedades, execução de ações e até mesmo roubarão os edifícios uns dos outros para tomar seus ganhos. Ou não — se o proprietário decidir designar um defensor para proteger o local contestado.



As Ações Disputadas e os Conflitos de Cowboys

Essas ações contestadas e escaramuças de cowboys adicionam imprevisibilidade a Carson City enquanto afrouxam as restrições tradicionais de colocação de trabalhadores. Nenhum espaço de ação é totalmente ocupado, mas nenhum é totalmente seguro também. A interação travessa do jogador flui por Carson City como um rio furioso e é sensato manter isso em mente. Afinal, este é o Velho Oeste — regras não se aplicam aqui, pelo menos não as cavalheirescas.



A Gangue de Adam Caolho

Uma mecânica importante no jogo é a escolha de papéis. Vinte personagens estão disponíveis, cada um oferecendo ações adicionais, bônus e uma quantia diferente de dinheiro que pode ser transferida entre as rodadas em comparação com a quantia que deve ser convertida imediatamente em pontos de vitória — geralmente a uma taxa de câmbio menos favorável.

A edição Carson City: Big Box inclui 20 personagens, cada um com dois lados. Esses personagens atendem a diferentes estratégias, permitindo que os jogadores fortaleçam certos planos, superem rivais ou neutralizem suas ações. Assim como em Puerto Rico, o recrutamento de papéis impacta significativamente o jogo, moldando o curso dos duelos, ganhos e estratégia geral.

O mesmo se aplica a edifícios. Eles exigem o desenvolvimento de estradas e estruturas urbanas, com algum poder de fogo crescente. As minas geram renda de montanhas próximas, os ranchos prosperam se estiverem cercados por espaços abertos, enquanto os bancos e saloons lucram quando cercados por edifícios residenciais. Juntas, essas dinâmicas criam um mapa único em cada jogo, repleto de interdependências, vizinhos indesejados e rendas flutuantes — tudo sob os olhos atentos de oponentes competitivos.



Uma década e meia na cidade

Quinze anos em jogos de tabuleiro equivalem a três épocas, se não mais. Carson City: Big Box parece uma relíquia da era de ouro do nosso hobby ou talvez uma peça de museu, levemente polvilhada com areia do deserto. E então há esta edição opulenta...

A edição Big Box é luxuosamente produzida. Ela apresenta bandejas de componentes, marcadores de madeira pesados, dados grandes, um encarte e um organizador de fichas — tudo feito sob medida para caber na caixa. Há também uma riqueza de expansões, módulos e extras, estendendo o tempo gasto descobrindo as variantes disponíveis em vez de apenas aperfeiçoar jogadas de dados ou otimizar sua jogabilidade e economia.

Carson City carrega todas as características de um jogo moderno projetado para o jogador de hoje, que espera design ergonômico, qualidade premium e conteúdo extenso. Mesmo o papelão estranhamente desfiado dentro da caixa, derramando pequenas partículas de celulose e poeira ou os marcadores de lote feitos de papel grosso em vez de papelão comum, não podem minar totalmente essa impressão.



Um Vislumbre do Passado

No entanto, quando se senta para jogar, a caixa se revela como um poço do passado, ecoando alto. Habilidades desequilibradas de personagens, aleatoriedade em sorteios de construção, um sistema de cálculo de renda impraticável que requer atualizações constantes e, finalmente, a dependência de rolagens de dados para resolver muitos conflitos (com quase nenhuma maneira de mitigá-los ativamente) são todos resquícios de filosofias de design mais antigas.

Este aspecto final pode levar a rodadas abaixo do ideal, onde os jogadores priorizam conservar seus trabalhadores em vez de enviá-los para espaços de ação, simplesmente para reforçar seu poder de fogo (calculado a partir da soma de revólveres, rolagens de dados e trabalhadores não utilizados).



A vida ingrata de um fazendeiro

Apesar do seu nível relativamente alto de integração temática para um jogo euro, Carson City: Big Box é, em última análise, uma experiência profundamente matemática e calculista. Cálculos constantes são necessários, pois o custo de compra de um edifício ou terreno depende de seus vizinhos. Isso pode levar à paralisia de decisão, o que prolonga a jogabilidade e prejudica a sensação ocidental. A iconografia independente da linguagem, mas extensa e nem sempre intuitiva, também não ajuda.

A mecânica do jogo não funciona particularmente bem com dois jogadores, enquanto com quatro ou cinco, o jogo se torna muito longo para o que oferece. Além disso, a campanha perdeu a oportunidade de atualizar alguns elementos gráficos que poderiam ter sido atualizados com uma arte mais vibrante e detalhada, como o fundo do tabuleiro do jogo ou a representação do rio.



Um clássico do faroeste

É possível abordar Carson City como um clássico um tanto renovado, melhor aproveitado com uma mentalidade adequadamente clássica. Não é um sandbox aberto, não apresenta mecânicas inovadoras e pode não ter aquele ingrediente mágico que faz os jogadores voltarem para mais partidas.

A caixa inclui módulos como The Carson River, que complica os esforços de expansão; A New Beginning, com objetivos individuais e folhas de preparação; Horses, introduzindo um conjunto de novas ações; e Renegades, que aparecem aleatoriamente no mapa para roubar ou bloquear espaços. Embora esses complementos enriqueçam o jogo e aumentem sua profundidade, eles não o revolucionam fundamentalmente ou o tornam mais moderno. Há apenas... mais Carson City em Carson City.

No final das contas, não dissipam a impressão de que Carson City permanece firmemente enraizada na era clássica dos jogos de tabuleiro. Há uma certa pátina perceptível do tempo, cobrindo os mecanismos e componentes do jogo. Ele tem seu charme, isso é inegável, mas pode não ser a revolução de colocação de trabalhadores que poderia esperar nessa faixa de preço.



Que horas sai aquele trem para Yuma?

No final, há melhores jogos com temática de faroeste e há melhores jogos de colocação de trabalhadores. A comparação mais próxima pode ser Great Western Trail, embora seja objetivamente um jogo muito diferente. Para temas de faroeste, é difícil superar o um tanto esquecido Western Legends, embora Gold West (2nd Edition) também possa valer a pena explorar.

Apesar de tudo, o jogo oferece muita emoção e incerteza, impulsionado por sua interação negativa. Há satisfação em executar um assalto a banco bem planejado, descobrir sinergias vantajosas entre tipos de construção e ser surpreendido pela preparação aleatória do mapa antes de cada jogada. Os módulos incluídos na caixa permitem jogabilidade variada e personalização para atender às preferências pessoais.

Quando estreou, Carson City introduziu alguns elementos novos que não eram difundidos na época, como papéis variáveis e lances baseados em duelo no mapa e espaços de ação.

No entanto, é incerto se o jogo se mantém contra títulos "modernos". Talvez essa seja uma questão melhor resolvida com um duelo ao meio-dia, bem no coração de Carson City.



Prós:
- Edição generosa e rica em conteúdo
- Mecânica temática para duelos, assaltos e construção de uma cidade no deserto
- Preparação variável do mapa inicial e funções diversas
- Forte interação entre jogadores e competição territorial



Contras:
- Aparência espartana de alguns componentes
- A execução de grandes planos geralmente depende de jogadas de dados
- Cálculos e recálculos constantes podem causar paralisia na análise


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Por Piotr Wojtasiak

Traduzido*** por Marcelo GS
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