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A Industrialização Tardia e o Mercado Nacional de Jogos

Banco Imobiliário
  • avatar
    iuribuscacio28/01/25 16:03
    avatar
    iuribuscacio
    28/01/25 16:03
    3108 mensagens MD

    A Industrialização Tardia e o Mercado Nacional de Jogos

     
     
     https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/bc5ba_llsvto.jpg

    Imagem Ludopedia: Banco Imbobiliário, o Monopoly Brasileiro

     
    Qualquer brasileiro conhece os jogos de tabuleiro tradicionais lançados no Brasil, mesmo que nasceu décadas após o seu lançamento. A imensa maioria das populações das grandes cidades conhece Banco Imobiliário, Detetive e WAR, mesmo sem jogar esses board games. Isso não é para menos. Os dois primeiros são da Estrela, maior empresa de brinquedos da América Latina, e o terceiro é o carro-chefe da Grow, outra gigante do setor.
     
    Além disso, é preciso considerar que estas empresas estão atuando há décadas, e por muito tempo foram as principais empresas de jogos de tabuleiro. Só para dar uma ideia, o Banco Imobiliário lançado em 1944, é o “brinquedo brasileiro mais vendido de todos os tempos”. Os outros dois são bem mais recentes, mas mesmo assim também venderam milhões de cópias. O WAR da Grow, cujo título original era 1914, é de 1972 e o lançamento nacional do Detetive da Estrela ocorreu em 1977.
     
    Só para esclarecer o Banco Imobiliário e o Detetive da Estrela são versões nacionais respectivamente do Monopoly e do Clue. Do mesmo modo, o WAR é praticamente uma versão do Risk, apesar de possuir algumas inovações. Portanto as datas acima se referem ao lançamento dessas versões nacionais e não dos jogos originais, ocorrido alguns anos antes.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/c22be_llsvto.jpg

    Imagem Google: Jogos de Tabuleiro Clássicos do Brasil

     
    Acresce ainda que nos anos de 1970 e 1980, a chamada época de ouro dos jogos de tabuleiros no Brasil, não havia tanta opção de jogos como hoje em dia. Isso para não falar que nessa época a informação do que acontecia no exterior não era tão rápida e acessível. Só depois da Internet é que a grande maioria das pessoas realmente se deu conta de que Banco Imobiliário e Detetive não são originalmente nacionais.
     
    Assim sendo, nessa época Estrela e Grow dominavam praticamente sozinhas o mercado nacional de jogos de tabuleiro. A Grow lançou WAR, Diplomacia, Scotland Yard, Interpol, Supremacia, Imagem & Ação, Master, Perfil, Top Secret e Contatos Cósmicos. Já a Estrela lançou Banco Imobiliário, Detetive, Jogo da Vida, Heroquest, Combate, Cilada, Genius, Quina, Cara a Cara, e Blefe de Mestre. E todos esses jogos são da década de 1970 ou 1980 (lançamento nacional).
     
    Por esse motivo os anos 1970/1980 são com toda a justiça a época de ouro dos jogos de tabuleiro. Antes dos anos 1970 ainda não havia tantos jogos. Depois de meados dos anos 1980, os vídeos games, jogos de computador e a internet, posteriormente, diminuíram a relevância dos jogos de tabuleiro.
     
    Nessa mesma época (anos 1970) aparentemente a Estrela começou a pagar royalties para as editoras internacionais de seus jogos. Já a Grow, mais uma vez aparentemente, continuou a lançar os jogos internacionais como se fossem seus apenas mudando o nome. Isso ocorreu com o WAR (Risk), Scotland Yard (218B Baker Street), Interpol (Scotland Yard), Top Secret (Heimlich & Co.), Imagem & Ação (Pictionary). Em alguns casos, se acrescentava apenas algumas mudanças cosméticas aos jogos, ou uma ou outra e regra. Em outros casos, nem isso acontecia, como foi o caso do Contados Cósmicos e do Supremacia, lançados aqui, inclusive, com o mesmo nome original.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/9153a_llsvto.jpg

    Imagem Google: Scotland Yard e Interpol os jogos que dividem o mesmo nome original

     
    Outro fator que está diretamente ligado jogos de tabuleiro, foi o processo de industrialização brasileira. Para tratar disso é preciso recuar alguns séculos na História. Durante o período colonial, Portugal impediu a industrialização de sua maior e principal colônia, para evitar qualquer concorrência aos produtos da metrópole. A situação mudou totalmente quando Corte Portuguesa veio para o Brasil, em 1808 fugindo de Napoleão. Logo de início houve a abertura dos portos do Brasil ao comércio com as demais nações, sem ter de passar antes pela alfândega portuguesa.
     
    Alguns anos depois por volta de 1815, Napoleão já estava derrotado e exilado em Elba, e também ocorreu o Congresso de Viena (1814/1885). Essa foi uma das conferências mais importantes da história europeia, que decidiu entre outras coisas, restaurar as Casas Reais, depostas por Napoleão. Isso causou um grande constrangimento diplomático para D. João VI que era o único monarca europeu que reinava, mas exilado em uma colônia.
     
    Para piorar a situação, em Portugal crescia o descontentamento com a permanência da Corte Portuguesa no Brasil, pois já não havia mais a ameaça de Napoleão. Para tentar remediar a situação, D. João VI elevou o status do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves, em 1815, situação que perdurou até a independência em 1822. Essa elevação do status de colônia para reino, juntamente com a Abertura dos Portos, feita ainda em 1808, melhorou bastante a situação econômica brasileira. Coisas que antes eram proibidas como o livre comércio e a instalação de pequenas manufaturas, mais para oficinas do que para fábricas, foram incentivadas.
     
    Infelizmente a influência e dominação inglesa, que já era muito forte no período colonial, perduraram por todo o período imperial. Isso dificultou sobremaneira a industrialização brasileira, que só começou a ocorrer de verdade, mais de um século depois, durante a república.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/f8df9_llsvto.jpg

    Imagem Wikipedia: Chegada da Corte Real Portuguesa ao Brasil

     
     
    Somente ao final da década de 1930 já caminhando para o terço final da Ditadura Vargas é que surgiram as primeiras empresas brasileiras. A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) surgiu em 1941, e A Companhia Vale do Rio Doce em 1942. Na década de 1950 foi a vez da Petrobrás (1953) e o Governo de Juscelino Kubitschek trouxe as primeiras montadoras automobilísticas para o Brasil.
                                                                            
    Só para dar uma ideia, reza a lenda, que a construção do Estádio de Futebol de São Januário do clube de futebol carioca Vasco da Gama, inaugurado em 1927, utilizou cimento trazido em navios, de Portugal. Na década de 1920 a diminuta produção nacional de cimento era toda voltada para as obras estatais. No mesmo sentido, só depois do início da produção nacional de plástico em 1949, a Estrela pôde lançar a Pupi, sua primeira boneca de plástico.
     
    Antes de 1950, as bonecas tinham a cabeça e membros feitos de um material chamado “massa de composição” e o corpo de tecido. A pesquisadora e colecionadora Ana Caldatto tem um trabalho muito interessante sobre bonecas e brinquedos mais antigos, especialmente da década de 1940. Seu trabalho pode ser visto no seu excelente canal no Youtube e em seu blog. Quem se interessar pelo assunto vale dar uma olhada.
     
    Uma curiosidade é que nessa época as bonecas da Estrela vinham com o nome da empresa escrito com dois “L” (Estrella). Com o início da década de 1950 as bonecas passaram a utilizar o plástico no corpo inteiro e ganharam articulações na cabeça e membros.


    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/14c2e_llsvto.jpg 

    Imagem Blog Ana Caldatto: Bonecas de Massa de Composição

     
    Esse dado histórico, sobre o início da produção nacional de plástico, diz muita coisa sobre o nível da industrialização brasileira da época. Isso porque o plástico é um produto muito mais moderno, cuja produção demandava uma industrialização muito maior, do que papel, madeira, metal ou tecido. Hoje o plástico é um material muito mais barato para se produzir, e mais fácil de trabalhar, tanto que quase tudo é de plástico atualmente. Porém, 80 anos atrás, a história era muito diferente.
     
    O início tardio da produção nacional de plástico impactou diretamente na produção nacional de jogos de tabuleiro, porque parte das peças era de plástico. Assim, somente na metade dos anos 1950 é que a produção, e lançamento, dos jogos de tabuleiro no Brasil, ganhou força. Duas décadas depois, nos anos 1970, com a indústria nacional de plástico, e de outros setores, já bem estabelecidas, os jogos de tabuleiro deslancharam. 
     
    Obviamente essa tese da relação entre a industrialização tardia brasileira e a produção de board games pode ser contestada. Mas seria no mínimo muita coincidência mão haver quase nenhum jogo de tabuleiro produzido no Brasil na década de 1940 e um grande quantidade a partir da década de 1950, quando iniciou a produção nacional de plástico.
     
    Outro argumento contrário é que poucos componentes usavam plástico, e primeiros jogos de tabuleiro eram basicamente feitos de papelão. Desse modo, em tese, a falta de plástico não impactaria, pelo menos em tese, a produção de jogos de tabuleiro. O problema com esse argumento é que os primeiros jogos de tabuleiro eram fortemente baseados na mecânica “role e mova”. Em outras palavras os primeiros board games funcionavam na base do “role o dado e ande tantas casas”.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/59321_llsvto.jpg

    Imagem Wikipedia: CSN uma das Primeiras Indústrias de Base Brasileira

     

    E é justamente aí que entra a dependência do plástico porque os dados são feitos basicamente desse material, e isso até hoje. O início da produção nacional barateou o plástico e tornou esse material mais acessível, mais ou menos como aconteceu com as bonecas. Isso tornou possível lançar jogos de tabuleiro, onde basicamente havia trilha, em que a movimentação das peças dependia do resultado dos dados.
     
    Essa falta de jogos de tabuleiro na década de 1940 também explica o motivo do Banco Imobiliário ser o brinquedo mais vendido de todos os tempos no Brasil. Lançado em 1944, o Banco Imobiliário praticamente não tinha concorrente, o que só veio a acontecer décadas depois. Conforme dito antes, as décadas 1970/1980 foram a “Era de Ouro” dos jogos de tabuleiro no país. Só que a comparação dessas duas décadas traz dados interessantes. Sem sombra de dúvida entre os grandes títulos, a década de 1980 teve uma quantidade maior de lançamentos. Alguns parágrafos atrás aprece as lista daqueles que provavelmente foram os 10 principais jogos de tabuleiro tanto da Grow, quanto da Estrela.
     
    A divisão desses 20 jogos pela data de lançamento revela que a década de 1970 teve muito menos jogos lançados, que a década de 1980. Os jogos da década de 1970 são: Combate (1970), WAR (1972), Diplomacia (1974), Scotland Yard (1975), Contatos Cósmicos (1977), Detetive (1977).
     
    Já os jogos da década de 1980 são: Quina (1980), Genius (1980), Cilada (1981), Master (1982), Interpol (1983), Supremacia (1984), Top Secret (1984), Imagem & Ação (1986), Jogo da Vida (1986), Cara a Cara (1986), Perfil (1988), Blefe de Mestre (1989). O Banco Imobiliário ficou de fora dessa seleção porque é de 1944.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/ad645_llsvto.jpg

    Imagem Google: Banco Imobiliário Primeira Edição de 1944

     
    A questão é que quanto menor a opção de jogos, maior é a procura por essas poucas opções, o que leva a uma maior produção desses títulos. Assim, como a década de 1980 teve mais jogos lançados, individualmente eles venderam menos, porque a opção era maior. Na década de 1970 ocorreu o oposto, menor opção, maior produção e maior sucesso de vendas. Agora, se na década de 1970 já havia poucas opções de jogos de tabuleiro, dá para imaginar o quanto esse tipo de produto era restrito nos anos 1940.
     
    Também é preciso considerar que nos anos 1980 surgiu no Brasil o Atari, o vídeo game que definiu a década em termos de diversão eletrônica. Inicialmente o Ataria era um produto muito caro, mas seu enorme sucesso aumentou drasticamente a produção. Isso diminuiu o preço do Atari, que ficou mais acessível para classe média.
     
    Combinado a isso também ocorreu o lançamento dos computadores pessoais brasileiros de uso doméstico, com destaque para alinha CP da Prológica. Um dos principais usos para esses computadores pessoais foram justamente os “jogos para computador”. Desse modo, na década de 1980, os jogos de tabuleiro perderam muito espaço e mercado para os novos jogos eletrônicos.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/159ee_llsvto.jpg

    Imagem Google: Atari 2600 e Apple II

     
    Outro fator a se considerar é que quando um produto faz sucesso ao longo dos anos, ele costuma consolidar uma posição no mercado, que só faz aumentar com o passar do tempo, desde que ele continue relevante. Desse modo, quando surgiram WAR, Detetive e Scotland Yard, talvez os jogos que mais se aproximem do Banco imobiliário em termos de vendas, esse já tinha mais de 30 anos de lançado. E isso quando quase não havia jogos de tabuleiro para de comprar e se jogar no país.
     
    Por isso, mesmo que atualmente o Banco Imobiliário não seja mais o mesmo colosso de outrora, todo o sucesso conquistado ao longo de décadas o coloca em uma posição muito confortável, como jogo de tabuleiro nº1 do Brasil, pelo menos em termos de unidades vendidas.
     
    Indo além, e considerando a magnitude e tamanho da Estrela e da Grow, não é de se estranhar que todos os brasileiros conheçam seus jogos e brinquedos. Essas são as duas maiores empresas nacionais do setor, que praticamente monopolizaram o mercado de brinquedos durante décadas. Os jogos Estrela/Grow já fazem parte do imaginário coletivo e afetivo do brasileiro e moldaram o conceito de “jogo de tabuleiro” no país. Isso todo mundo sabe e não é nenhuma novidade.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/c7056_llsvto.jpg

    Imagem Google: Coluna, Glasslite, Nig e Gulliver

     
    Por outro lado, o que nem todos sabem é que Estrela e Grow, mesmo sendo de longe as maiores e mais importantes empresas nacionais de jogos, ainda assim não foram as únicas. Outras empresas também deixaram sua marca no mercado nacional dos board games, algumas esquecidas, outras pouco lembradas. Algumas dessas empresas faliram, mas outras estão aí até hoje. São empresas como A Coluna Jogos e Brinquedos do Paraná, a Glasslite dos jogos baseados nos seriados norte americanos, a NIG Brinquedos e a Gulliver. Mesmo sem a mesma relevância e impacto de Estrela ou Grow, ainda assim essas empresas também contribuíram e muito para o mercado nacional de jogos. Elas também fazem parte da história dos jogos de tabuleiro nesse país, e por isso também merecem todos os aplausos.
     
    Com a chegada da década de 1990, aconteceu no Brasil, o mesmo que já acontecia no resto do mundo. Em outras palavras os jogos de tabuleiro perderam muito espaço, como entretenimento, principalmente por conta da Internet e dos jogos eletrônicos. Essa situação perdurou quase duas décadas após o início da Era dos Jogos Modernos, com o lançamento do Catan em 1995. Assim sendo, somente em 2013/2104 os board games internacionais, e de grande relevância, realmente começaram a ter lançamento nacional. E mesmo assim, apesar do lançamento ser de uma empresa nacional, na quase totalidade dos casos a produção é feita na China.
     
    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/bcfb0_llsvto.jpg

    Imagem Google: Catan

     
    Naturalmente se pode argumentar que isso decorre do fato dos jogos internacionais terem tiragens mundiais. Nesse caso, nenhum outro país do mundo consegue igualar os preços das fábricas chinesas, de modo que é natural produzir os jogos lá. A questão é que esses custos de produção imbatíveis, das fábricas chinesas dependem de uma produção gigantesca, na casa de centenas de milhares de unidades. Isso deixa claro que só compensa produzir na China os jogos de nível mundial, lançados em diversos mercados inclusive o brasileiro.
     
    Por outo lado, os jogos nacionais, com uma expectativa de venda basicamente doméstica, e tiragem muito menor, não se encaixam nesses parâmetros chineses. Mesmo assim, durante anos, mesmo os jogos originalmente nacionais foram produzidos na China, simplesmente porque o nosso parque fabril não era adequado. Até hoje, muitas editoras reclamam, por exemplo, da dificuldade em conseguir um fornecedor adequado para as caixas dos jogos.
     
    Isso leva a um círculo vicioso que afetam profundamente o mercado nacional de jogos. As editoras não produzem os jogos aqui, porque as gráficas não tem maquinário adequado, e as gráficas não investem em maquinário adequado, porque não há demanda por parte das editoras. Felizmente, na contramão disso, algumas editoras já contam com a produção nacional, talvez não de todos os componentes, mas parte deles. Isso já é alguma coisa, e quem sabe no futuro talvez a nacionalização da produção leve ao fortalecimento desse mercado, ao aumento das tiragens e consequentemente a redução dos preços.
     
    Quem viver verá!
     
    Um forte abraço e boas jogatinas!
     
    Iuri Buscácio
     
    P.S. Quem porventura tiver interesse em textos no mesmo estilo pode encontrá-los acessando o canal iuribuscacio no Ludopedia ou a seção de Jogos de Tabuleiro no portal maxiverso.com.
     
    https://ludopedia.com.br/canal/iuribuscacio
    https://maxiverso.com.br/blog/category/nerdgeek/jogostabuleiro/

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    Comentários:

  • caiom88
    406 mensagens MD
    avatar
    caiom8828/01/25 17:31
    caiom88 » 28/01/25 17:31

    iuribuscacio:: 
    Naturalmente se pode argumentar que isso decorre do fato dos jogos internacionais terem tiragens mundiais. Nesse caso, nenhum outro país do mundo consegue igualar os preços das fábricas chinesas, de modo que é natural produzir os jogos lá. A questão é que esses custos de produção imbatíveis, das fábricas chinesas dependem de uma produção gigantesca, na casa de centenas de milhares de unidades. Isso deixa claro que só compensa produzir na China os jogos de nível mundial, lançados em diversos mercados inclusive o brasileiro.
     
    Por outo lado, os jogos nacionais, com uma expectativa de venda basicamente doméstica, e tiragem muito menor, não se encaixam nesses parâmetros chineses. Mesmo assim, durante anos, mesmo os jogos originalmente nacionais foram produzidos na China, simplesmente porque o nosso parque fabril não era adequado. Até hoje, muitas editoras reclamam, por exemplo, da dificuldade em conseguir um fornecedor adequado para as caixas dos jogos.
     
    Isso leva a um círculo vicioso que afetam profundamente o mercado nacional de jogos. As editoras não produzem os jogos aqui, porque as gráficas não tem maquinário adequado, e as gráficas não investem em maquinário adequado, porque não há demanda por parte das editoras. Felizmente, na contramão disso, algumas editoras já contam com a produção nacional, talvez não de todos os componentes, mas parte deles. Isso já é alguma coisa, e quem sabe no futuro talvez a nacionalização da produção leve ao fortalecimento desse mercado, ao aumento das tiragens e consequentemente a redução dos preços.
     

    Excelente texto Iuri! 
    Nunca me desceu que o Brasil não tem tecnologia suficiente para nacionalizar a produção de jogos de tabuleiro. 
    Isso sempre me cheirou a vira latismo brasileiro para com produto estrangeiro, e pior, chinês.

    Se produzimos um avião vendido em mais de 20 países é ridículo pensar que não temos capacidade para fazer tabuleiro e pecinha de plástico.

    Olha a Copag por exemplo: o baralho da copag é excelente, plástico, com um embaralhamento ótimo, com impressão digital ótima e ainda dispensa a necessidade de sleeve... mas continuamos a aceitar cartinha de papelão mole e mal feita na china...




    4
  • iuribuscacio
    3108 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio28/01/25 17:53
    iuribuscacio » 28/01/25 17:53

    pinlias::seria uma tese muito válida se por resposta empírica você não percebesse um mercado de falsificados chinês pra praticamente qualquer nicho, por menor que seja.

    Quantos de nós já não abriram o aliexpress só pra encontrar cópias de jogos que não são famosos e grandes pra justificar uma tiragem absurda num preço extremamente menor ao praticado, com a mesmíssima qualidade de componentes do original ?

    Eu também tenho interesse em algumas marcas de moda underground e tênis exóticos, e descobri pesquisando no meio, anos atrás, que existe mercado counterfeit chinês pra isso também. Modelos e produtos extremamente limitados, fabricados de poucas pessoas para poucas pessoas, tem várias fábricas chinesas disputando os poucos consumidores pelo simples fato de haver mercado. Não sei, pelos termos de uso da ludopedia, oquanto eu posso falar disso aqui, mas a titulo de informação, algumas dessas fábricas inclusive tinham os moldes originais dos tenis e mão de obra que já tinha trabalhado nas fábricas originais, só pra conseguir reproduzir certinho.

    O mercado de jogos brasileiros pratica preços injustificáveis. No final de tudo, é literalmente papel, papelão e, no máximo, plástico. Fica difícil demais atribuir responsabilidade a falta de manufatura especializada sendo que é um produto logicamente simples de fabricar. Fora os reajustes constantes, os lançamentos com preços absurdos, não é a toa que tiveram que diminuir a tiragem pra começar a resolver um pouco o problema de encalhar jogo, porque era comum ver jogo saindo em retail a 500, 600 reais pra encontrar eles em promoção encalhado nas lojas online a 100-200. 

    Entretanto, apesar de saber de tudo que eu citei, também é inegável que é o tipo de coisa que tende a não mudar, a não ser que ocorresse um milagre.A popularização dos jogos no Brasil tá fazendo o mercado só crescer, só que sem expectativa ou prova real de popularização nos preços, também. Cenário triste.

    Caro pinlias

    Na verdade o meu artigo falava mais a respeito do impacto que a  nossa industrialização tardia teve no surgimento dos primeiros board games no nosso país. O Detetive/Clue é um jogo de 1949 e o Jogo da Vida/Game of Life é de 1960 (a versão moderna, lançada 100 anos depois da versão original de 1860). Mas eles só chegaram ao Brasil mais de 25 anos depois (em 1977 e 1986 respectivamente).

    Quanto à facilidade dos board games serem produzidos aqui, pela simplicidade dos componentes, eu também penso assim. Porém se tem uma coisa que eu aprendi é que dinheiro não tem nem pátria, nem ideologia, e se fosse mais baratos e viável produzir aqui os jogos (desde que isso fosse permitido contratualmente ao invés de se exigir a produção na China), acredito que as editoras estariam produzindo aqui. Os jogos 100% nacionais não tem nenhuma cláusula obrigando a produção na China como os jogos gringos, e mesmo assim boa parte da produção desses board games "brazucas", também ocorre na China. Eu sinceramente não atuo profissionalmente no setor de jogos de tabuleiro, mas vez por outra aparece algum profissional da área, para dizer que mesmo com o frete, mesmo com o desenlace aduaneiro, mesmo com as baixas tiragens, ainda assim compensa mais produzir na China que aqui. 

    Eu acho que nisso também conta o nosso "complexo de vira-lata", porque se o jogo for produzido 100% nacionalmente, na mesma hora o sujeito começa a se perguntar sobre a qualidade dos componentes. Quem tem ais tempo de hobby vai lembrar do fiasco que foi a produção nacional do Maracaibo, portanto essa desconfiança não é de todo injustificada. Por outro lado, alguns jogos tiveram produção local de alguns componentes e  ninguém reclamou, e isso também é necessário levar em conta. 

    Mas tirando isso, eu acho que você está certo. Eu não faço apologia a versões "alternativas" de jogos, até porque isso é crime. Mas eu também acho que é irreal esperar que as pessoas deixem de comprar as versões alternativas dos jogos nos sites chineses, principalmente quando a diferença do alternativo par ao oficial está cada vez menor. Quem tem esse tipo de prurido somos nós boardgamers de classe média e alta, mas se o Dixit começasse a ter um grande apelo junto a massa da população, eu não tenho dúvida de que elas vão optar pelo produto alternativo, que é muito mais barato.

    Outra coisa que sempre me deixou com uma pulga atrás da orelha é que os sites alternativos são da mesma nacionalidade que as fábricas dos jogos. Com isso, eu não vejo muita dificuldade em uma fábrica chinesa fazer uma "tiragem caixa 2", que nesse caso terá a mesma qualidade do jogo original, e desviá-la para os referidos sites.  
    Se as coisas realmente forem assim, aí ficará realmente muito difícil, segurar o comércio alternativo. 

    E isso para não falar nos próprios alternativos nacionais. Eu sempre digo que quando quem atua nesse sentido à margem da lei, se der conta do quanto se paga por papel, papelão e umas pecinhas de plástico, ele vão entrar pesado nessa brincadeira. Nessa infeliz situação, não será necessário nem esperar o jogo chegar da China. Bastará o sujeito dar um pulinho em qualquer feira popular e encontrar aquelas banquinhas características nas adjacências. Isso será um verdadeiro desastre para o nosso já combalido mercado nacional de jogos, porque esse party games e jogos família que serão o alvo dos alternativos, são justamente o que sustentam as editoras e permitem o lançamento desses jogos super pesados, com 10k de componentes, preço acima de mil reais, e triagens limitadas.

    Eu sinceramente não quero que isso aconteça e vou lamentar bastante se essa previsão sombria se realizar, mas como cada vez mais o mercado nacional de jogos se baseia na exclusão, vejo essa possibilidade trevosa cada vez menos remota.

    Um forte abraço e boas jogatinas!

    Iuri Buscácio

    P.S. Falando em alternativos, existe um motivo para nem a Mattel, nem a Copag, se preocuparem com cópias alternativas do UNO...

    0
  • betoritter
    398 mensagens MD
    avatar
    betoritter28/01/25 18:22
    betoritter » 28/01/25 18:22

    Excelente texto @iuribuscacio.

    O fato do Brasil não conseguir impulsionar qualquer indústria, deve-se ao fato de alguns fatores principais:

    Alto investimento.

    Máquinas precisas, de última geração ou que entregue o melhor produto no fim da produção, são caríssimos, temos altas taxas de importação, temos altos custos na cadeia produtiva (mão de obra, matéria prima BOA, etc...)


    Saída (venda) do produto de maneira massiva.


    Se houve um alto investimento, tem que ter uma alta saída do produto para poder pagar tudo acima.
    Existem muitas empresas que fazem por exemplo embalagens (pq são coisas simples, tem somente uma forma fácil de produção, pote de iogurte, embalagem de leite, garrafas, potes, etc....)

    Nicho de mercado.

    Imaginando que pegando o TOP 3 aqui da ludopedia, onde temos um total de pouco mais de 11mil jogos existentes SOMADOS em COLEÇÕES de usuários daqui (vamos dizer que cheguem a 15mil unidades dos 3 jogos por pessoas que não cadastram ou nao tem usuários aqui), dois desses jogos possuem alguns itens fáceis de serem produzidos (basicamente cartas) e alguns itens de plástico ou madeira (sem detalhes), o gaia fica complicado pelas peças detalhadas.

    Só pelo NICHO as empresas desistem. Pois não existe saída desses produtos de maneira que se paguem.

    Lembro da época em que a Kronos Games tentou fazer o tabuleiro do Gold West numa empresa brasileira e falhou miseravelmente (só procurar aqui na ludopedia os relatos), pq não conseguiu reproduzir a peça que cortava o tabuleiro. E era coisa SIMPLES, imagine um tabuleiro do GAIA PROJECT errado...


    A competitividade do mercado MUNDIAL sempre irá jogar as coisas para serem feitas na china, os custos lá são mais baratos (nem vamos entrar no mérito do porquê).

    Dizem que algumas coisas são produzidas aqui, mas tem muitos itens que são produzidos ainda fora, então é um mix de É FÁCIL FAZER AQUI e a gente consegue? Se sim, faz, senão pega de fora.


    Infelizmente vendemos banana e pedra para o mundo, não somos competitivos o suficiente para ter um mercado somente disso




    2
  • iuribuscacio
    3108 mensagens MD
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    iuribuscacio28/01/25 18:34
    iuribuscacio » 28/01/25 18:34

    caiom88:: 
    Excelente texto Iuri! 
    Nunca me desceu que o Brasil não tem tecnologia suficiente para nacionalizar a produção de jogos de tabuleiro. 
    Isso sempre me cheirou a vira latismo brasileiro para com produto estrangeiro, e pior, chinês.

    Se produzimos um avião vendido em mais de 20 países é ridículo pensar que não temos capacidade para fazer tabuleiro e pecinha de plástico.

    Olha a Copag por exemplo: o baralho da copag é excelente, plástico, com um embaralhamento ótimo, com impressão digital ótima e ainda dispensa a necessidade de sleeve... mas continuamos a aceitar cartinha de papelão mole e mal feita na china...


    Caro caiom88

    Rapaz eu estava justamente respondendo isso (entre outras coisas) para o pinlias, mas aparentemente o comentário dele sumiu. 

    De todo modo, eu também acho no mínimo estranho que uma empresa como a Copag, seja a única empresa licenciada para produzir o Yu-Gi-Oh fora do Japão, e que forneça baralhos para os maiores cassinos do mundo, e mesmo assim não tenha expertise necessária para produzir board games. E essa é apenas uma.

    Agora tem também o outro lado da moeda, porque nós boardgamers temos o mau hábito de exigir muito mais por aquilo que queremos pagar  em alguns casos, e em outros casos aceitarmos muito menos, pela fortuna que pagamos. Você vejam como são as coisas. Um dia o sujeito entra aqui no Ludopedia para escrever que aquele jogo que custou mil reais e atrasou dois anos para chegar, está com uns "errinhos", mas que nada que atrapalhe a jogabilidade. No dia seguinte o mesmo sujeito entra aqui para reclamar que o outro jogo que ele comprou e custou 100 reais, veio com as cartas um pouco mais brilhosas que o original, o que só pode ser visto com uma inclinação de 17 graus em relação ao solo, e com iluminação de uma lâmpada fosforescente de exatos 60 watts, ou que, as cartas estão desalinhas 1/4 de milímetro. 
      
    Assim sendo quando se fala que um jogo teve produção 100% nacional, algumas pessoas começam a fazer cara feia antes mesmo de conferir os componentes. 

    Só para contar um "causo" uma vez eu tive uma baita discussão porque contestei o preço de um jogo. O motivo da minha contestação era muito específico, ou seja era um jogo 100% nacional (eu não vou revelar o nome, para não ser lixado on-line novamente) que usava apenas uma centena de dados, e alguns cartonados, mas custava R$ 350,00 reais. O problema não era a valorização do trabalho intelectual, a baixa tiragem (foi um financiamento de muito sucesso), nem nada semelhante. O único motivo para o jogo, bastante simples por sinal, custar tão caro é que os dados seriam produzidos na China "nas mesmas fábricas dos grandes board games mundiais". Diante disso, eu resolvi fazer uma simulação e descobri que comprando a mesma quantidade de dados na Ludeka (e no varejo, não no atacado), e mandando fazer alguns cartonados semelhantes, o protótipo do jogo sairia por algio em torno de 80 reais, salvo engando (essa história já tem alguns anos). Então veja, o superfaturamento do jogo não era por conta dos impostos, por conta do frete, por conta dos direitos autorais, nem nada disso, mas apenas porque o jogo seria produzido na China. E sei que existem muitos custos atrelados a um jogo de tabuleiro, mas passar de 80 para 350 reais é difícil de engolir. O resultado é que um jog que tinha tudo para ser um sucesso, principalmente por conta do tema que é muito importante para boa parte dos brasileiros, foi esquecido e ninguém mais lembra ou comenta dele (e definitivamente não sou que vou tirar esse jogo do esquecimento)!!!!!

    Como eu sempre digo, a produção nacional em parte do Maracaibo foi um fiasco, mas eu acho que isso já ficou para trás, e parte dos componentes dos jogos já se produz por essas bandas. Eu só não vejo isso se refletindo no preço dos jogos.   

    Muito infelizmente, redução do preço dos jogos e popularização do hobby, não são uma preocupação e nem mesmo uma pauta das grandes editoras nacionais de jogos.  e E eu digo popularização de verdade, não inchar o mercado com mais uma cacetada de gente endinheirada que paga qualquer quantia que as editoras pedirem, por qualquer jogo. Na verdade o que se verifica a cada ano é que cada vez mais o mercado nacional de jogos está cada vez mais voltado para um lógica de consumo baseada na exclusão. Em função disso, não é de se espantar que cada vez mais gente tem se preocupado com tamanho de coleção, com aguarda os preço baixarem e comprar o título no Mercado de Usados.   

    Um forte abraço e boas jogatinas!

    Iuri Buscácio

    6
  • Lucas_Pira
    45 mensagens MD
    avatar
    Lucas_Pira28/01/25 19:42
    Lucas_Pira » 28/01/25 19:42

    Esse tópico me fez lembrar da época que jogava com minhas irmãs mais velhas, anos 80/90.
    Tinha um jogo que se chamava "Talento", se não me engano era da estrela, e outro era "Grande Leilão", acho que da grow.
    Eu gostava bastante e nunca mais vi esses jogos. 

    0
  • iuribuscacio
    3108 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio28/01/25 21:04
    iuribuscacio » 28/01/25 21:04

    Lucas_Pira::Esse tópico me fez lembrar da época que jogava com minhas irmãs mais velhas, anos 80/90.
    Tinha um jogo que se chamava "Talento", se não me engano era da estrela, e outro era "Grande Leilão", acho que da grow.
    Eu gostava bastante e nunca mais vi esses jogos. 

    Caro Lucas_Pira

    Rapaz dá uma olhada nesse jogos aí de baixo e vê se são esses que você está falando.

    https://ludopedia.com.br/jogo/talento

    e

    https://ludopedia.com.br/jogo/masterpiece

    Um forte abraço e boas jogatinas

    Iuri Buscácio

    0
  • gabriel
    1439 mensagens MD
    avatar
    gabriel28/01/25 21:27
    gabriel » 28/01/25 21:27

    betoritter::Excelente texto @iuribuscacio.

    O fato do Brasil não conseguir impulsionar qualquer indústria, deve-se ao fato de alguns fatores principais:

    Tem que levar em consideração também que o Brasil é um Estado agro-exportador e isso significa que a influência do agro-negócio na formação de políticas públicas é determinante para a definição de quem é o Brasil como nação. Num país em que o agro tem a maioria absoluta na câmara (324 de 513 deputados) e no senado (50 de 81 senadores), é de se esperar que esta posição seja mantida por um bom tempo. Porque o orçamento da União é limitado, um incremento no subsídio à indústria não relacionada ao agro necessariamente significa uma redução nos subsídios ao agro (que em 2024 foi de 400 bilhões de reais, enquanto cobra-se IR de quem ganha 5k como se fosse isso um fator capaz de "equilibrar as contas públicas") para exportar soja para suínos chineses ficarem bem gordinhos para o abate enquanto tem gente aqui se mantendo de pão com água. Isso não vai mudar enquanto se mantiver essa composição congressional. A hegemonia do agro representa a estagnação da industrialização do Brasil. Eles têm uma participação significativa, embora indireta, no hobbysta brasileiro estar pagando mil reais em jogo lacrado mofado. 

    13
  • Lucas_Pira
    45 mensagens MD
    avatar
    Lucas_Pira28/01/25 22:07
    Lucas_Pira » 28/01/25 22:07

    iuribuscacio::
    Lucas_Pira::Esse tópico me fez lembrar da época que jogava com minhas irmãs mais velhas, anos 80/90.
    Tinha um jogo que se chamava "Talento", se não me engano era da estrela, e outro era "Grande Leilão", acho que da grow.
    Eu gostava bastante e nunca mais vi esses jogos. 

    Caro Lucas_Pira

    Rapaz dá uma olhada nesse jogos aí de baixo e vê se são esses que você está falando.

    https://ludopedia.com.br/jogo/talento

    e

    https://ludopedia.com.br/jogo/masterpiece

    Um forte abraço e boas jogatinas

    Iuri Buscácio

    O 1o era esse mesmo, um dixit antigo 
    O 2o que falei achei aqui, era
    https://ludopedia.com.br/jogo/die-grosse-auktion
    Ambos rendiam boas jogatinas na família 

    1
  • iuribuscacio
    3108 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio28/01/25 22:16
    iuribuscacio » 28/01/25 22:16

    GabrielAlmeida::
    betoritter::Excelente texto @iuribuscacio.

    O fato do Brasil não conseguir impulsionar qualquer indústria, deve-se ao fato de alguns fatores principais:

    Tem que levar em consideração também que o Brasil é um Estado agro-exportador e isso significa que a influência do agro-negócio na formação de políticas públicas é determinante para a definição de quem é o Brasil como nação. Num país em que o tem a maioria absoluta na câmara (324 de 513 deputados) e no senado (50 de 81 senadores), é de se esperar que esta posição seja mantida por um bom tempo. Porque o orçamento da União é limitado, um incremento no subsídio à indústria não relacionada ao agro necessariamente significa uma redução nos subsídios ao agro (que em 2024 foi de 400 bilhões de reais, enquanto cobra-se IR de quem ganha 5k como se fosse isso um fator capaz de "equilibrar as contas públicas") para exportar soja para suínos chineses ficarem bem gordinhos para o abate enquanto tem gente aqui se mantendo de pão com água. Isso não vai mudar enquanto se mantiver essa composição congressional. A hegemonia do agro representa a estagnação da industrialização do Brasil. Eles têm uma participação significativa, embora indireta, no hobbysta brasileiro estar pagando mil reais em jogo lacrado mofado. 

    Caro GabrielAlmeida

    Meu amigo você está coberto de razão. Infelizmente o Brasil é, sempre foi, e ainda será por algum tempo o país do privilégio, do latifúndio, do atraso e acima de tudo da concentração de renda. Nós somos um país de 200  milhões de pessoas, que está na mão de menos de 100 famílias milionárias, que detém quase que toda a riqueza produzida aqui. 

    Antes se dizia que 1% da população brasileira detinha 50% da riqueza, e os outros 99% ficava com os outros 50%. Atualmente a coisa está pior, porque 1% da população detém 63% da riqueza e os 50% mais pobres ficam com apenas 2%, segundo relatório da Oxfam. A fonte dessa informação é o site da CNN Brasil, que eu vou colocar abaixo, caso alguém queira conferir. 

    E o pior é que desde a revolução industrial, no século XVIII, a humanidade inteira já sabe que produtos industrializados tem um valor agregado muito maior do que os produtos in natura. Por isso essa fixação do Brasil com o agro, e que impede que se invista em outras áreas é um tiro no pé, para o país. Já para as famílias que controlam o agro com mão de ferro isso é um excelente negócio. Conforme você bem falou, nós somos o maior produtor mundial de soja disparado, mas um litro de óleo de cozinha, custa quase R$ 10,00, ou mais, dependendo da cidade em que se está.

    Por isso toda vez que eu vejo um deputado ou senador da bancada do agro dizer que o agro é a locomotiva que move o Brasil, eu sinto uma revolta muito grande, porque na verdade ao invés de tocar o Brasil para frente, o agro só nos atrasa. Em 2009 a atividade industrial respondia por 25% do nosso PIB. Uma década depois, me 2019, portanto antes da pandemia, a participação da indústria no PIB foi de meros 11%. Isso quer dizer que enquanto os países em desenvolvimento sérios, tentam a todo o custo se industrializar, nós estamos nos desindustrializando.

    Essa é a nossa triste realidade, e com muito pouca chance de mudar, em um futuro próximo. Brasil o país do futuro que nunca chega!

    Um forte abraço e boas jogatinas!

    Iuri Buscácio 


    Link da CNN Brasil https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/desigualdade-63-da-riqueza-do-brasil-esta-nas-maos-de-1-da-populacao-diz-relatorio-da-oxfam/#:~:text=COP%2030-,Desigualdade%3A%2063%25%20da%20riqueza%20do%20Brasil%20est%C3%A1%20nas%20m%C3%A3os%20de,popula%C3%A7%C3%A3o%2C%20diz%20relat%C3%B3rio%20da%20Oxfam&text=Dados%20do%20relat%C3%B3rio%20da%20Oxfam,m%C3%A3os%20de%201%25%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o.

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