Por: Linauro. Apaixonado por literatura, música e jogos, desde sempre. Descobriu nos jogos de tabuleiro uma desculpa perfeita para passar mais tempo com amigos e pessoas amadas.
Bastante aclamado (vencedor do
Golden Geek 2015 e nomeado ao
Kennerspiel des Jahres 2016, dentre outros prêmios),
7 Wonders Duel é ambientado no mundo de
7 Wonders e usualmente indicado como um dos melhores jogos de tabuleiro modernos para 2 jogadores. Como seu predecessor, retrata as disputas e conflitos entre cidades em construção e o seu desenvolvimento por três eras, com inspiração nos
civ games. Durante a partida, os jogadores constroem estruturas e maravilhas do mundo antigo, como a Grande Pirâmide de Gizé, o Mausoléu de Halicarnássio, o Templo de Ártemis, a Estátua de Zeus, o Colosso de Rodes, o Farol de Alexandria e os Jardins Suspensos da Babilônia, dentre outras. O objetivo é sobrepujar a cidade rival, o que pode ocorrer de três formas: por supremacia científica ou militar, que podem suceder a qualquer momento, ou através da vitória civil, somando-se os pontos de vitória ao final da partida.

A estrutura de 7 Wonders Duel é simples, porém afinada com o tema e refinada pelas várias possibilidades estratégicas oferecidas. O jogo combina com perfeição as mecânicas de seleção de cartas e gestão de recursos, que se valorizam durante a partida, destacando o domínio dos oponentes em cada área da produção. A cada turno, os jogadores devem escolher uma carta disponível e jogá-la de três formas possíveis: construir uma estrutura ou uma maravilha, ou descartá-la, para receber moedas. O único detalhe que aponto é a presença, ainda que pequena, do fator sorte na ordem das cartas que se revelam, o que pode influenciar no resultado da partida. Fator este, por outro lado, que pode ser contrabalanceado pelas escolhas anteriores de cada jogador, ou seja, pela capacidade de planejamento e antecipação, portanto, em nada tira o brilho do jogo.
A sensação ao jogar uma partida de 7 Wonders Duel é a de disputar um cabo de guerra entre as duas cidades em conflito. As maravilhas do mundo antigo, por sua vez, exercem um importante papel: entregam bonificações aos serem construídas, porém, só um dos jogadores poderá construir quatro delas, deixando o rival limitado a três. A arte é belíssima e os componentes são ótimos, com destaques para a caixa compacta e o insert preciso. O jogo ainda oferece bastante conteúdo adicionável, como duas expansões (Panteão e Ágora), um modo solo oficial disponibilizado pelos designers para impressão, cartas promocionais diversas e até uma recente reimplementação, chamada 'O Senhor dos Anéis: Duelo pela Terra Média'. Porém, posso afirmar: a pequena caixa-base do jogo é suficiente para proporcionar dezenas de partidas emocionantes.

7 Wonders Duel, mesmo que sutilmente, aborda temas complexos, como militarismo e o uso das ciências e da cultura em conflitos bélicos. Nesse aspecto, reproduz o conceito positivista de progresso, tão comum nos
civ games. Por outro lado, proporciona interação entre os jogadores, tensão na escolha das ações, estratégias variadas para se alcançar a vitória e um tempo de partida bastante razoável. Pelo conjunto da obra, possui também um ótimo custo-benefício. Não é à toa que figura no TOP 20 do BGG e da Ludopedia a anos. Avalio-o muito melhor que o original,
7 Wonders, e um jogo estratégico, para 2 jogadores, tão essencial quanto
Twilight Struggle. Em resumo, ressalvadas tais pequenas reflexões sobre a implementação do tema e a presença do fator sorte, considero
7 Wonders Duel um jogo fantástico e acredito que tenha espaço em qualquer coleção.
Imagens
Acervo pessoal.