Por: Linauro. Apaixonado por literatura, música e jogos, desde sempre. Descobriu nos jogos de tabuleiro uma desculpa perfeita para passar mais tempo com amigos e pessoas amadas.
Para dar continuidade às nossas entrevistas, hoje o papo será com Bruno Liguori Sia (
ChangesKhan), designer do belo
Rewild: South America. O jogo explora as ricas fauna e flora dos biomas sul-americanos, no qual os jogadores procuram recuperar paisagens exploradas e destruídas, preservando as águas, minerais e sementes, para a vida florescer novamente. As sinergias envolvidas entre os diferentes biomas e tipos de animais levam à prosperidade e criam oportunidades de pontuação para os jogadores. O jogo está atualmente em financiamento coletivo pela
Kickstarter, tendo já alcançado sua meta inicial de financiamento. Espero que vocês curtam a entrevista e deem uma olhada no financiamento coletivo, que está bem legal!
Segue a entrevista, na íntegra:
Bruno, seja bem-vindo ao canal! Você poderia falar um pouco sobre o tema de Rewild?
Grato pelo convite Linauro, é um grande prazer contribuir para seu canal. Rewild é um jogo sobre regeneração. Trazer de volta a vida para um ambiente devastado, onde os jogadores irão fazer isso recuperando a fauna e flora daquela região.
Como surgiu a ideia de retratar os biomas, a fauna e a flora da América do Sul num jogo de tabuleiro?
Inicialmente esse era um jogo exclusivo sobre a Caatinga. A Caatinga é um dos biomas únicos do Brasil que muitos brasileiros acabam não conhecendo tanto e eu quis trazer mais informações e conscientização sobre esse ecossistema em um jogo. Após assinar o jogo com a editora, eles resolveram englobar o continente como um todo e assim conseguir aproveitar melhor a oportunidade.
Pode nos falar um pouco também sobre a arte, que ficou bem legal?
Sim, o editor (Marc) tem bastante experiência em financiamentos coletivos internacionais, no caso o Kickstarter, e ele entendeu que a “cara” do jogo é importante, nesse primeiro momento. Então, o investimento dele em arte foi massivo, resultando em uma estética bem agradável e encantadora.
Como foi a recepção do protótipo?
Foi ótima, realmente, a arte acaba gerando uma receptividade muito boa para o jogo, mas também acaba gerando algumas surpresas, quando as pessoas percebem que se trata de um jogo bem apertado e tenso, ao contrário do que a arte sugere.
Nos últimos anos, infelizmente, temos presenciado notícias difíceis sobre a preservação ambiental, como a aceleração dos processos de desertificação da Caatinga e a destruição da Floresta Amazônica. Na sua opinião, temas complexos, como a degradação e a preservação ambiental, podem ser problematizados por meio dos jogos de tabuleiro?
Com certeza. Querendo ou não, mesmo que de forma subjetiva, as ações de um jogo podem atingir uma camada da consciência capaz de nos fazer refletir acerca de determinados assuntos, e acredito que os temas ambientais não fogem dessa linha.
Poderia resumir o funcionamento estrutural do Rewild?
Cada vez mais eu tenho gostado de jogos simples na estrutura de turnos e procuro trazer isso para meus jogos também. Basicamente, você escolhe uma carta e joga: essa carta vai te permitir colocar terrenos de biomas no seu tabuleiro, ganhar recursos ou melhorar biomas já colocados. Uma vez jogada sua carta, você pode atrair animais para seus terrenos, predadores e também adquirir cartas de plantas através de suas sementes. Você joga uma carta, decide se quer atrair algum animal ou planta e passa a vez. Quando algum jogador tiver 8 ou mais animais, ou tiver coberto todo seu tabuleiro com peças, o fim do jogo é disparado e uma última rodada é jogada, quem tiver mais pontos de vitória será o vencedor.

Você optou por lançar o jogo fora do Brasil, pode nos falar dos prós e contras dessa opção?
Atualmente, tenho 4 jogos assinados, sendo dois fora do Brasil e dois internamente. Eu acho que a grande vantagem é a conversão da moeda que te permite receber mais pelos royalties e a visibilidade do mercado internacional, que pode te projetar melhor como autor. A parte ruim é que como a maioria das editoras, é um processo moroso e que leva tempo, para você ter uma ideia, Rewild foi meu segundo jogo assinado e vai sair antes do meu primeiro que já deve ter uns 4 anos assinado. Então, é bom ter paciência porque tanto as conversações quanto os processos de publicação podem ser enrolados.
Quais são as expectativas em relação ao financiamento coletivo?
Olha, são boas no geral, pessoal tem elogiado bastante as artes e acredito que isso vá contribuir para boas vendas.
Deseja deixar alguma mensagem final para os leitores/jogadores?
Eu espero que esse jogo possa chegar ao Brasil através de alguma editora por um preço acessível, porque é realmente triste ter que procurar uma editora estrangeira para conseguir dar visibilidade para um tema interno, portanto, minha vontade e desejo é que todos possam experimentar o jogo sem que o custo seja uma barreira.
Link do financiamento coletivo:
https://www.kickstarter.com/projects/marcduer/rewild-south-america
Obs.: Existe um frete amigável para o Brasil no valor de 60 dólares que pode ser dividido com mais apoiadores, caso mandem para o mesmo endereço.
Imagens cedidas pelo entrevistado.