Com tantos lançamentos por mês, com tantos reviews, fora os jogos antigos, como é que eu seleciono o board game que eu vou comprar? Como é que você escolhe?
Esses dias parei para tentar imaginar o que as pessoas (e eu) usam para escolher o seu próximo jogo, afinal, aqueles que compram vários títulos em um ano (às vezes em um mês) são poucos.
Acho que todo mundo aqui já passou por isso: além da vontade de ter os jogos novos, ainda há o desejo de ter aqueles títulos clássicos (cujo número vai aumentando à medida que se alongamos no hobby). E como a farinha é pouca, o pirão de algumas editoras vai para a sua prateleira primeiro.
Alguém aí fez uma wish list logo no início, aquela com os jogos que você teria de qualquer jeito porque foram eles que te carregaram para esse universo? Eu fiz e ainda a tenho, de recordação. Estavam lá
Robinson Crusoé: Aventuras na Ilha Amaldiçoada, Above and Below, Dungeon Lords, Battlestar Galactica: The Board Game, Alquimistas. Logo de cara 3 jogos que estavam fora de catálogo (out of print) e um importado. Meus pecados começaram cedo...
O que fiz para escolher estes jogos à época faço até hoje:
- O tema é importante (mesmo que seja um euro cujo o tema se fixa na base da saliva);
Dificilmente uma pessoa vai escolher um tema do qual não goste para jogar, mas isso não pode ser determinante (tento até hoje convencer um amigo que não gosta do tema zoológico a jogar
Ark Nova)
- Mecânicas interessantes, inovadoras e/ou que se conversam bem;
No início você não conhece muita coisa, mas logo, logo entende que “alocação é ótima”, “deck building é sensacional”, “que gostosinho rolar dados e contar com a sorte”. E quando as suas melhores se combinam, bingo!
- Vídeos de review e gameplay;
Certo, aqui cabe um capítulo à parte: dificilmente um produtor de conteúdo vai descer a lenha no jogo e, por causa disso, sempre tento ver uma boa soma de vídeos (incluindo os lá de fora, como Rahdo, John Gets Games, Dice Tower, Heavy Cardboard). Com o tempo você aprende a “ler” se eles falam a sério sobre o jogo e, PRINCIPALMENTE, aprende o gosto de cada um deles e ver se ele bate com o seu. Se o Rahdo é apaixonado por
Dominion e este não saiu dos seus melhores até hoje, quando ele falar que um deckbuild é bom, melhor ficar atento (o mesmo vale para jogos similares a
Russian Railroads no que diz respeito ao Paulo do Covil).
Já as gameplays são bem particulares para cada um. Eu, particularmente, tento me imaginar ali, jogando, vendo se os três quesitos citados acima estariam me agradando (eu sei, é algo que eu só vou descobrir jogando de verdade, mas já ajuda a ter uma pequena prévia). Também gosto demais de ver o “flow” do jogo, como ele se desenrola. E algumas gameplays são ótimas para isso.
- BGG x Ludopedia;
Sempre vou prestigiar nosso produto, mas não posso ignorar o maior portal mundial de board games do planeta. Assim, se um jogo me interessa eu dou um confere na Ludopedia, mas sempre passo no Board Game Geek para fazer comparações, olhar o ranking (se o jogo está bem colocado nos dois tem algo de bom aí), comentários (esse um pouco menos, porque gosto é bem pessoal e o ódio corre solto) listas e etc.
Vale ressaltar que o
número de usuários no BGG ultrapassou os 3 milhões (7% são brasileiros), enquanto aqui, na Ludopedia, temos alguma coisa além dos 200 mil (eu sei, é um país só, mesmo assim isso já é bastante significativo). Não tem, no entanto, como lutar contra a gigantesca amostragem do BGG (mesmo porque nossa opinião também está lá).
- Ter paciência;
Difícil aquietar o “verme” do BG, mas algo que faço e aconselharia a qualquer um é: espere mais um pouco. Me ferrei algumas vezes com lançamentos caros e descobri, com o tempo, que nada melhor que o tempo. Muitos jogos baixam de preço. Existem às exceções e os que saem de catálogo (ficando ainda mais caros)? Claro que existem (
The Thing: The Boardgame que o diga - cadê o reprint, pelamordeDeus). Mas é melhor aguardar. Alquimistas, por exemplo. Lembra que ele estava lá na minha listinha inicial? Pois é, decidi que não pagaria de jeito nenhum os R$ 450 por ele à época (seria uns R$ 600 hoje, pelo menos) e aguardei. Dito e feito, teve reprint e o preço despencou. São vários os exemplos,
Village,
Shipyard (2nd edition),
Fresco e por aí vai. Tenha paciência, uma hora aparece.
Agora eu quero saber de você: o que faz para escolher seus jogos? Tem alguma dica para os que estão começando (ou até para os macacos velhos como eu)?
Luciano Marques