O Podcast Tipo War fez uma provocação que, acredito, já esteve em quase todas as rodas de jogatina (aqui e no exterior). E diante de alguns jogos muito ruins do mercado baseados em filmes, a galera do podcast pediu para que os ouvintes dessem ideias de obras da sétima arte que poderiam se tornar jogos e como isso se daria. Ao invés de comentar lá, resolvi trazer para cá para poder desenvolver um pouco mais e, claro, dar chance a quem não ouviu comentar por aqui que filme poderia virar um jogo e como seriam as regras (mesmo assim, escute lá o episódio que vale muito a pena). 

Fiz aqui um exercício rápido de filmes que dariam bons jogos (e que, obviamente, necessitariam de uma maior explanação para criar boas ideias):

Um sonho de liberdade
Todos os jogadores representam um detento e um deles joga como o diretor da prisão. Os detentos vão reunindo cartas (itens) que, juntos, apresentados no fim do jogo, ditarão o caminho de uma fuga. Se ela vai ser bem-sucedida ou não depende daquilo que o diretor reuniu/preparou também para o final do jogo. Durante a partida o diretor pode apertar certos jogadores e vistoriar celas, mas só de um jogador, o que deixa os outros livres naquela rodada para darem continuidade ao plano.
Diferente das outras fugas de presídio em jogos, neste aqui cada um está planejando sozinho a fuga, como o protagonista do filme (Andy Dufresne). Isso significa que, ao fim do jogo, teremos vários planos de fuga sendo implementados e um só diretor, que só vence se conseguiu “fechar” todos os gargalos.

A Origem
Todos os jogadores estão em uma missão na cabeça de um alvo, definido por carta (ou um capítulo do manual, como uma aventura de uma campanha). A cada nível em que descem na consciência deste, mais o jogo fica difícil. As dificuldades vão sendo apresentadas por um deck de cartas, adicionando mais problemas.
Além de ir atrás do objetivo, os jogadores precisam preparar o “kick” que os fazem retornar dos níveis, caso contrário, se perdem no limbo (que pode ser outra fase do jogo onde alguns dos participantes teriam missões ainda mais complicadas para retornar).

Interestelar
Todos os jogadores estão na nave que foi até aquele sistema solar investigar a possibilidade de se viver em x planetas ali localizados (cada partida seria como um novo sistema solar). Antes da partida esses planetas são sorteados (cada um contendo uma característica específica que se repete a cada vez que ele aparece em uma partida) – mas que vão ganhando novas características a cada rodada por conta de cartas sorteadas de um deck. O desafio é visitar esses planetas, enfrentar os perigos e sobreviver para retornar à nave.



O Silêncio dos Inocentes
Jogo de personagem escondido. Uma pessoa interpreta a policial do FBI, outra interpreta Hannibal Lecter e um terceiro interpreta outros assassinos que estão matando, mas não interessam, naquele instante, à polícia (que só está interessado em achar "Buffalo Bill").
O assassino em série Bill é quem tem o papel escondido principal e, se for pego, perde o jogo, enquanto todos os outros ganham. Se outro bandido for, ao final do jogo, indicado pela agente do FBI, este e a policial perdem o jogo (ela sempre vai indicar/prender alguém no final).
O papel dos bandidos vai ser, ao longo das rodadas, realizar atividades suspeitas (que podem colocar uma pulga atrás da orelha da pessoa que interpreta a agente do FBI). Eles precisam fazer isso (em objetivos distribuídos em cartas), pois, caso não realizem suas tarefas, são obrigadas a se revelar e estão automaticamente fora.
O papel de Hannibal Lecter (o único que sabe quem está jogando com Buffalo Bill – é ele quem distribui as cartas) é dar dicas à agente sempre que ela o procura. Ele é obrigado a dar dicas a ele que ajudem a identificar Bill, mas isso não pode ocorrer até a rodada X, caso contrário ele perde o jogo. Se ele consegue dar dicas até essa rodada específica sem que o jogo acabe (a policial descubra quem é Bill), Lecter escapa e tem sua vitória garantida.
 
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
Cada jogador está tendo suas memórias deletadas mas se arrepende no meio do processo. Eles vão perder cartas que os fazem lembrar seu amor, mas precisam preservar ao máximo um certo número delas para poder sair do procedimento sem ter esquecido sua cara-metade. O jogo pode ser em tempo real para ser ainda mais caótico.

O Exorcista
Um jogador faz o papel de possuído e os demais assumem o lugar de padres que fazem o exorcismo. O possuído, em seu turno, joga cartas que provocam, machucam e tiram os “poderes” dos padres. Os religiosos, por sua vez, jogam cartas para conseguir expulsar o coisa ruim.
Pode haver uma track com cabo de guerra (o medidor vai pra lá e pra cá) que indica o fim da possessão ou a morte dos padres.
 
E vocês, continuando a brincadeira do Tipo War, que filme gostariam de ver em forma de jogo?


Luciano Marques