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Você está sentado aí esperando. Esperando. Mantendo-se firme, porque um leve movimento e eles ouvirão. Então, um deles, em uniforme verde monótono, segurando uma submetralhadora, move-se para a linha de sua mira. Você aperta o gatilho suavemente e... relaxa. Eles se esquivaram, procurando por algo. Espere... Eles pararam. Eles estão pegando um cigarro... clique... O som de um rifle ecoa pela câmara cavernosa e o soldado cai no chão. O caminho está livre, mas o som disparou o alarme e você terá que se mover rapidamente.
Sniper Elite: The Board Game, que se deleita com esse momento de imersão, faz parte de um reino crescente de videogames que receberam tratamento de jogo de tabuleiro. E farei esta advertência agora: sou cético, em geral, quanto à transição nessa direção. A grande questão para mim é por quê? Veja o caso de
Darkest Dungeon: The Board Game, um videogame perfeitamente bom que a Mythic Games decidiu fazer como um jogo de tabuleiro. O resultado? Na minha opinião, uma abstração terrivelmente monótona de um grande jogo que demora tanto para ser preparado que eu poderia ter terminado a campanha na minha versão para iPad quando começamos. Assim como os livros que não foram feitos para serem transformados em filmes, alguns videogames não foram feitos para serem transformados em jogos de tabuleiro. Existem exceções, é claro. Talvez o
Sniper Elite da Rebellion Unplugged possa ser um deles...
Minha hesitação foi um pouco tranquilizada pela presença de David Thompson, juntando-se a Roger Tankersley como co-designer; a série
Destemidos: Normandia de David Thompson para Osprey Games ajudou a remodelar os jogos de guerra tático por meio da construção de baralhos. No entanto, em termos de mecânica central,
Sniper Elite é, essencialmente, uma reformulação de
Interpol; o clássico jogo de movimento oculto que foi publicado pela primeira vez em 1983. Talvez compreensível – pegue um clássico estabelecido, adicione alguns novos elementos e todos ficarão felizes. Porém, será que ele consegue repetir a imersão que o videogame oferece?
Os princípios básicos de
Sniper Elite: The Board Game são os seguintes: um jogador assume o papel de um soldado aliado que deve completar dois objetivos sorteados aleatoriamente em um mapa dentro de um determinado período de tempo; o(s) outro(s) jogador(es) controla(m) um esquadrão de um oficial e dois outros soldados que precisam localizar e impedi-lo de fazê-lo. O protagonista possui um rifle de precisão que lhe permite atacar soldados e também pode se munir de uma variedade de objetos para ajudá-lo, como uma espingarda ou minas. Os objetivos são carregados de forma que o jogador tenha que percorrer pelo menos duas das três zonas do tabuleiro para completar sua missão. Assim, é necessário que este jogador planeje cuidadosamente o seu percurso à frente, mas também seja capaz de se adaptar rapidamente. Os jogadores adversários podem escolher uma série de habilidades especiais para impulsionar seus próprios esquadrões, incluindo seu próprio atirador, cães de guarda e assim por diante.

Tal como em Interpol, o jogo gira em torno do movimento oculto e, como tal, o protagonista recebe a sua própria versão do mapa no qual traça o seu movimento. A mecânica de movimento do jogo é agradavelmente simples; quanto mais você se move, mais barulho você provavelmente fará. Se for feito barulho, o atirador deve alertar o jogador adversário de uma forma vaga. Os jogadores adversários vencem se os cubos no rastreador de turno chegarem a zero, então o atirador precisa completar um objetivo antes que eles sejam redefinidos. Portanto, há uma variedade de estratégias disponíveis nas quais o atirador pode jogar; ao jogar com meu filho, ambos descobrimos que tentar completar os objetivos localizados na borda do tabuleiro era muitas vezes problemático se concluídos no início, por isso era melhor mirar primeiro nos objetivos centrais, quando o jogador adversário estava mais propenso a procurar pelo atirador na periferia.

A mecânica do atirador é adequadamente emocionante, como deveria ser. As fichas, que incluem ruído, recuo e supressão, são colocadas em um saco e devem anunciar primeiro o número sorteado. Isso adiciona muita tensão, e se você pretende tentar eliminar soldados de alguma distância, torna-se bastante difícil. Na minha experiência, é provável que você consiga eliminar um ou dois soldados, no máximo, antes que sua posição seja revelada, então escolha esses alvos com cuidado. Este foi talvez o ponto alto do jogo, especialmente se você atinge um oficial, que não pode ser substituído: o(s) jogador(es) alemão(s) precisa(m) ter muito cuidado na utilização dos seus oficiais.

No entanto, existem problemas até certo ponto com o jogador adversário e com o seu jogo. Descobri que isso se tornou um tanto mecânico quando o atirador inevitavelmente revelou sua posição. Torna-se então um simples caso de mover figuras para fechar o atirador e encurralá-lo. Quando o atirador estava escondido, havia um elemento de excitação, mas nas cinco ou seis partidas que jogamos, a excitação passou e houve uma sensação de que o jogo estava jogando sozinho. Em duas partidas, a posição do atirador foi revelada muito cedo e tudo acabou para ele em cerca de quatro ou cinco turnos, o que pareceu insatisfatório.

Tematicamente e artisticamente o jogo é bem feito. Os tabuleiros são dupla face, dando desafio extra ao segundo mapa, com acréscimo de altura. As minis adicionam um elemento de prazer visual e o livro de regras está bem escrito. Encontramos muito pouco em termos de questões que não foram definidas no início e não houve necessidade de voltar a elas após a nossa segunda partida. No entanto, apesar do brilho, havia uma sensação de que
Sniper Elite não era um jogo ao qual continuaríamos a regressar após uma exploração inicial. Embora tenha alguns aspectos interessantes e interesse a quem já gostou do videogame, não senti realmente um elemento de magia nesta recriação que me fizesse recomendá-la. Existem melhores jogos de movimentos ocultos por aí; por exemplo,
Star Wars: Rebellion e
Fury of Dracula (3ª Edição). E para aqueles interessados no tema da Segunda Guerra Mundial, a série Destemidos de David Thompson vale bem o seu dinheiro e tempo. Dito isto, devo confessar que ainda não experimentei as regras solo de
Sniper Elite criadas por David Turczi...
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Traduzido*** por
Vania Telles
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