Povo da jogatina, eu peço licença (e compreensão; muita compreensão) para compartilhar uma
humilde e rústica torre para peças do jogo
Sobek: 2 Pessoas (do Bruno Cathala e Sébastien Pauchon). O jogo é bem bacana e tem
partidas rapidíssimas (20 minutos cada) que te faz emendar uma atrás da outra facilmente. Mas uma coisa estava “incomodando”:
empilhar 55 peças quadradas (4,3 cm de lado)
e não as derrubar no processo toda vez.
Como esse
não é um jogo de
destreza, a solução simples para isto é: fazer dois ou três
montinhos; ou talvez apenas um, pois 32 peças são posicionadas no tabuleiro na montagem da partida (restando 23 delas para deixar amontoadas, caso você tenha se perdido no meio de tantos números). Várias pilhas é o
modus operandi do
Carcassonne, por exemplo.
Figura 1: (a) 55 peças do Sobek sem embaralhar; (b) 55 peças do Sobek embaralhadas e empilhadas; (c) As pilhas de peças do Carcassonne.
Entretanto, diferentemente da obra-prima do
Klaus-Jürgen Wrede, o Sobek 2 Pessoas tem
um detalhe: as 55 peças são de
dois tipos (Mercadorias e Personagens), que são identificados pelos seus
versos diferentes (cinza e laranja, respectivamente). Essa situação deixa qualquer jogador
hardcore bastante
noiado. Se você não conhece o jogo, ele é daqueles de
contar peças. Se você não entende o significado disso,
a analogia é: aquela inocente partida de
Dominó de quando somos crianças se transforma numa
briga de foice no escuro — ou num jogo de dedução para saber quem tem o quê, e o que está por vir — quando somos adultos.
Portanto, com várias pilhas de peças, ou ficar pegando um pouco delas — para as posicionar no tabuleiro — e voltando o restante para o monte tira um pouco do brilho da dedução que o Sobek 2 Pessoas tem; ainda mais se vocês estiverem jogando para decidir
quem vai lavar a louça mais tarde. A solução, então, o
Alhambra: Edição Revisada nos deu — e ele nem precisa disso: uma torre para peças de modo que todas elas fiquem
numa pilha só.
Figura 2: A torre para peças da edição revisada do Alhambra.
A
verdade é que eu quis
passar trabalho e gastar as minhas poucas habilidades com
engenharia de artesanato aprendidas com programas como o
X-Tudo — do saudoso
Gérson de Abreu — para deixar o Sobek 2 Pessoas
quase-nada-um-pouco-mais funcional. E estou aqui compartilhando com o mundo inteiro (via internet) como fazer isto com uma
caixa de creme dental anticárie com flúor, tesoura, caneta, fita crepe e cola — nem
MacGyver faria igual; faria melhor e com clipes de papel e chiclete.
O
resultado é este da imagem abaixo (eu disse que era humilde; e rústico). Essa torre também é perfeitamente “guardável” na caixa do jogo.
Figura 3: (a) Torre finalizada e contendo as peças; (b) Sugestão de organização da caixa com a torre.
Para chegar nessa
maravilha do mundo da modernidade líquida atual, primeiro, remove-se um dos fundos da caixa (eu usei uma de 180 g da marca que começa com
Co e termina com
te). Depois, corta-se um dos lados da caixa (o mais largo) até o final,
mas sem o remover (Figura 4a). Agora, precisa-se medir a torre para caber na caixa do jogo;
mantenha o manual, folhetos e tabuleiro dentro caixa no processo; corte o excesso e ficará similar à Figura 4b.
A
parte mais trabalhosa é a que vem a seguir. Na aba solta, é preciso determinar 3 segmentos (escrito em vermelho na Figura 4a); após isso, corta-se o excesso (
guarde esta sobra). Nas duas marcações (traços pretos), faz-se dobras (com o auxílio de uma régua, por exemplo) e ficará como na Figura 4c. Aí, é só colar onde diz que é para colar (usei cola instantânea porque eu já sou
crescidinho; crianças é cola branca ou bastão, ok?). A Figura 4d demonstra o resultado desse procedimento num corte longitudinal (
expressão bonita, né?).
Figura 4: (a) Caixa com um dos lados cortados; também há 3 segmentos para posterior dobradura; (b) Medir a torre para que caiba na caixa do jogo; (c) Como dobrar para fazer a rampa que mantém as peças dentro da torre e facilita a sua retirada; (d) Desenho que demonstra como deve ficar a rampa (inclinação leve).
A caixa de creme dental é frágil e fica bamba quando na vertical. Portanto, coloca-se uma
base de papelão: recortei
dois pedaços da aba de uma caixa que peguei no supermercado para trazer as compras e as colei embaixo (Figura 5a). Com aquela sobra (mencionada no parágrafo anterior), faz-se um recorte de modo a “abraçar” a parte de baixo da torre (Figura 5b; veja que não aparece as bases de papelão adicionadas); isso dá mais estabilidade e tira a feiura.
Figura 5: (a) Base de papelão embaixo da torre; (b) Parte inferior da torre finalizada.
O “telhado” da torre é montado conforme a Figura 6. A altura da torre é medida com as 55 peças. Então, é cortar ali (Figura 3a). Ainda precisa fazer mais um corte no topo (onde está levemente dobrado na Figura 6a). Dobra-se tudo e cola-se; desse modo, a parte superior ficará firme também, evitando o esgarçamento quando estiver preenchida. E a torre para peças do Sobek 2 Pessoas
está pronta pra jogo literalmente (Figura 6b).
Figura 6: (a) Recortes da parte superior da torre; (b) Torre finalizada.
Aí, vai do
gosto do freguês dar os devidos acabamentos à torre. A minha ficará
bonitona assim. Até pensei em inverter a caixa — deixando a parte marrom para fora. Mas até nisso eu
evitei a fadiga (
Jaiminho que me ensinou). Aqui,
é importante que funcione; não precisa ser lindo.
A torre já foi testada e aprovada. Não precisamos mais ficar
cheio de dedos na hora de empilhar e buscar peças. Está
tudo bruto como deve ser: depois de embaralhar,
enfia todas as peças na torre e
vai arrancando uma a uma
e jogando no tabuleiro; e só a peça de cima terá o verso visível. Eu sabia que aquelas
aulas de artes na escola serviriam para alguma coisa (inclusive para passar vergonha na Ludopedia).
Até a próxima.
PS: A fita crepe auxilia na fixação temporária das partes que deverão ser recortadas e/ou coladas com cola; prefiro a crepe porque é de fácil remoção e recorte.