E vamos seguindo nessa saga de recapitular 10 anos de hobby! Já falamos de 2014 a 2017 então bora vislumbrar como estava o exercício do hobby em 2018 para este kina que vos fala! Esse foi o ano dos abstratos pra mim, e como tal foi um ano pra se debruçar sobre puzzles coloridos e suas pontuações... O insight lúdico seria “Afinal, beleza põe mesa”? Além disso, da mesma forma que em postagens anteriores seguiremos a seguinte estrutura:
-Como estava minha "mente jogadora" na época, pelo menos até onde consigo lembrar no feeling de retrospectiva, e como essa mentalidade/perfil de jogador seguiu se moldando com os anos avançando.
-Qual o melhor jogo que conheci e adquiri naquele ano, e que está na coleção até hoje! Remetendo ao porquê de possuir uma cópia, seja pelas mecânicas, seja pela abordagem/tema ou outros motivos.
-Qual o jogo que disse adeus, e merece destaque por fazer falta em algum nível (nem que seja pelo saudosismo) ou que não faz falta nenhuma e "já foi tarde".
-Uma amarração mais ou menos conclusiva, dando alguma deixa para o ano seguinte, 2019.
Então bora lá!
-Sobre meu panorama de jogador em 2018:
Jogos abstratos são facilmente meus preferidos! Se a arte/o artista abstrato expressa suas ideias e sentimentos através de cores e formas, esses jogos expressam suas mecânicas e pontuações principalmente através de cores e formas. Podemos dizer que são quase que totalmente independentes de tema (tendem a ser tematizados, mas não temáticos), há pouca presença de sorte (embora alguns aumentem essa presença na formação da pool de peças em um mercado, ou na compra de cartas etc) e as regras tendem a não se preocupar em fazer sentido tematicamente, apenas compõe a forma de resolver com maior ou menor otimização o puzzle/a proposta do jogo. Preciso mencionar REEF que inclusive foi o texto embrionário do canal, Dragon Castle que é facilmente um tesouro escondido (foi lançado com preço caro pra época, e depois foi encoberto pelas novidades incessantes do mercado), e recentemente CASCADIA que parece agradar particularmente a faixa de jogadores euro do hobby. Inclusive temos lançamentos bacanas de "um dia desses", como o verdant (que só recebeu aquela atenção básica de 15-30 dias e depois ninguém vê ninguém falar muito) e os meio que "quentinhos do forno" (em termos de lançamento nacional) akropolis, ou pyramido.
Este kina que vos fala considera particularmente interessante a abordagem desse filão por ser uma zona cinza que permite diversão nas linhas gerais com a família, bem como contagem ponto a ponto, blocks perversos e jogadas de alto nível para os experientes. Mal comparando é quase como jogar dominó a passeio ou contando as peças, entendendo o que ficou de fora da partida (famoso "dorme") e dizendo o que o oponente vai ter que jogar, bem por aí. 
Outra coisa que lembro desse ano de 2018 foi que emparelharam azul e sagrada como se não houvesse amanhã, mas embora tenha a seleção de peças, o posicionamento delas em um playerboard e a pontuação através de construção de padrão, são jogos bem diferentes.
Parando pra pensar se afinal, BELEZA PÕE MESA ou não, talvez instintivamente a resposta seja o mais simples e direto “SIM” concordam? Mas as vezes não é tão simples. Apelo visual e sensação tátil, coroam a experiência da mesa de jogo, mas podem passar a impressão errada, no caso dos abstratos pelo toy factor, apenas observem abaixo um mosaico coloridão de alguns títulos:
Pra não ficarmos só olhando pro lado euro da força, também considero interessante ver que jogos abstratos podem gerar designs derivativos com certa facilidade. É quando vemos o Knizia fazendo o witchstone com uma mecânica de colocar peças que é basicamente de outro jogo dele: o genial. É quando vc vê a trilogia de filho/Pai/Avô do Habitats/Nova Luna/Framework (sendo os 2 últimos do Uwe Rosenberg) e por aí vai. Não é um jogo tão conhecido, mas por exemplo o colheita de dados tem muitas semelhanças com o sagrada(com diferenças leves aqui e ali), é quase um sagradinha... E claro, o jogo também pode derivar nele mesmo, tipo um efeito franquia, tá aí a quadrilogia do Azul pra provar (fora a quinta incursão que é 90-95% “reskin” do primeiro hehe). Mas esse 2018 foi muito sobre cair de cabeça no azul e no sagrada (inicialmente mais no segundo) e eu tinha tido apenas um estalo em relação a esse filão de jogos com o alhambra no ano anterior.
-Quais jogos marcaram em 2018 e marca até hoje? (e os motivos em torno disso)
A dobradinha foi forte, como já falei acima. Juro que não entendi o Beatles VS Rolling Stones / Doce ou salgado que fizeram na época, mas foi pela janela de lançamento dos dois mesmo. Observando com os anos já tendo avançado, pois estamos falando de meia década atrás, fica claro que os azulejos levaram a melhor, isso pra quem liga pra esse tipo de embate (eu digo: bota os 2 na mesa e pronto! 
). É notável que ambos foram sucesso comercial (Sagrada lá fora tem expansões sendo lançadas até agora 2023), mas azul é o referenciado como novo clássico, como material que serve pra introduzir pessoas no hobby ou sentar com outro jogador experiente e “xadrezar” um duelo bem encorpado. Não me entendam errado, em minha modesta opinião, esses “louros” têm que ser dados ao azul mesmo, mas foi com sagrada que eu cheguei muito perto de 3 dígitos de partidas. Tanto por gostar e terminar uma partida querendo outra, quanto também por caberem umas 4 partidas em 1 hora (duelo ou solo), e no ápice da apreciação eu jogava umas 5 ou 6 seguidas, isso tudo meio que dia sim dia não haha. Se eu já tivesse o hábito de registrar partidas em aplicativo, teria um histórico monstro disso tudo, pena não ser o caso nessa época.
Então mesmo não sendo o caso do ponto de vista de mercado, pra minha coleção em específico eles foram seminais. A paixão por abstratos dessa estirpe foi se tornando quase um hobby dentro do hobby. Nos grupos que participo em Recife a gente as vezes forma um #teamabstract e aqui e ali eu faço umas abstract sessions onde só entram jogos do tipo, e a experiência é sempre das melhores, da mesma forma que existem grupo que focam em party game, ou jogos de cartas de caixinha e tal, sem que sejam apenas aperitivo, é mais ou menos como quando numa sessão, alguns apontados como fillers passam a ser o prato principal hehe.
Quais jogos marcaram em 2018, mas não permanecem na coleção? (e os motivos em torno disso)
Atlandice tinha tudo pra ser legal, famoso jogo bonitinho na mesa, como dá pra ver mais abaixo... Porém O jogo é um pequeno amontoado de set collections(com uma única regra... oh god why?) se abalroando um no outro e resolvendo de forma parecida, na verdade, de forma IGUAL entre si (majority). Você parece estar apenas correndo para ter mais recursos do que o oponente, em 5 tipos diferentes, opa... na verdade não “parece” não, é isso mesmo! Os benditos recursos aparecem nas 5 áreas do jogo, existe uma sexta área chamada de mercado negro, que funciona como coringa na possibilidade de obter qualquer recurso, em termos de set collection e... é isso. Você pontuará por ter exaurido uma área de seus recursos (o que a faz afundar), mas fora isso é realmente apenas um monte de checagem de maioria neste ou naquele recurso T_T. Mas gente, custava ter várias formas de colecionar os componentes? Digamos: maioria, 1/3/6/10 pts, x pontos a cada par etc etc. A sensação de fazer a mesma coisa de formas ligeiramente diferente bateu rapidinho em poucas partidas. Mas como assim? O jogo é apenas coletar recursos de áreas diferentes e ver quem tem mais em cada um deles? E a resposta é que simplesmente é isso mesmo. Mas ninguém lembra desse jogo! Ainda assim eu tinha que registrar, tamanha foi a decepção com esse trambolhinho.
Já sobre o mansions, sim ele está na categoria de neste ano, não ter permanecido na coleção, mas a saída dele não foi algo retilíneo. O jogo é muito imersivo, mas contém em sua entrega o que pra mim e meu grupo é uma benção/maldição... o uso de aplicativo! Entendam que eu não tenho nenhuma necessidade de ser purista, ou de levantar a bandeira de que se eu estou numa experiência analógica eu a quero 100% analógica... Mas pra ser sincero foi metade do motivo pra dar adeus a esse grande título. Eu fico neutro em relação a boards com dependência de app, não sou anti, mas passo longe de ser pró app. Meu grupo não gostava de forma alguma do “aparato adicional” ou ferramenta externa, como quer que chamemos. Eu me diverti muito na mansão do Vanderbilt (tio van-van pros chegados), mas isso já era 20% da entrega, pois embora exista pano pra manga, pra jogar digamos, 3 vezes cada cenário, as linhas gerais se mantém muito, e só há 5 cenários.
Em 15 dias tínhamos completado já as 3 primeiras, e eu estava vindo de um eldritch horror com uma entrega bem elástica (muito aleatória pro melhor e pro pior, mas quase sempre pro melhor hehe) sendo jogado desde 2014, então fiquei pasmo com o fator “expira rápido” do mansions 
. Se você me disser que rejogabilidade é algo superestimado, hj eu até concordo, mas não concordaria 5 anos atrás, e se me disser que a solução pra quem sente essa defasagem é o aplicativo desenvolvido pela comunidade (valkyrie) eu só posso concordar, mas essa criança só bombou e passou a ser comentado bem depois do jogo deixar a coleção... bad timing, paciência. Outro ponto é que os desenvolvedores tem uma tara específica por puzzles no estilo daqueles jogos de pc, jogos adventure de exploração (point and click etc) ou algo do tipo. Dar match em glifos/símbolos, sequenciar tudo de forma correta e por aí vai... Isso podia ser feito em 4-5 minutos ou em 20-30, e isso era(ou é) um balde de água fria no ritmo que a partida desenvolve até chegar no bendito (normalmente maldito mesmo) puzzle.
Então nem só por um fator, nem só por outro, mas pela somatória de dependência de aplicativo, poucos cenários na caixa base e quebra de ritmo com os puzzles, eu dei um tchau, um adeus cheio de ressalvas. Acabei tendo um bônus involuntário pois a venda do jogo me aproximou de um grupo de aplicativo de mensagens que é o maior de Recife, e estou nele até hoje, o bestboardgamers (o nome é original, eu sei).
Na época ele era um jogo de 450-500 se bem lembro, que seria equivalente aos jogos perto de 800 reais atualmente, então pra mim o jogo tinha que ser impecável... Creio que hoje eu gerencio melhor as expectativas e sei o que cabe melhor na coleção ou não, pois já tenho as medidas de custo benefício delineadas dentro do meu perfil... A gente ganha XP afinal né? Ficou a lição desse quinto ano de hobby.
-Não sei, só sei que foi assim...
Como esperado esse ano desenvolveu mais alguns insights lúdicos no hobby. Foi citado lá em cima o desenvolver da paixão pelos abstratos, e ela permanece bem viva até hoje, como uma parcela generosa da minha coleção e da wishlist (go teamabstract, go!). Cabe dizer que em 2018 comecei a vislumbrar a escalada dos preços, com alguns jogos ensaiando fazer teste de mercado em relação ao que era visto como teto de preços, mas foi em 2019 que começaram em alguns ponto$ a bater pra $angrar, porém isso é outro assunto. Também deixo pontuado, que nesse 2018 a semente de jogador solo já estava presente, em boas partes na figura do Sagrada (que é um modo solo digamos... Esculhambado, e não estou exagerando no adjetivo, sério), germinando de vez em 2019 essa questão de jogar sozinho, e entre outras coisas é sobre isso que vamos falar no próximo flashback. Ainda tem 5 anos de recapitulada, que vou distribuindo nas postagens do canal. Espero ter sido proveitosa minha relembrada do quinto ano de exercício mais efetivo do hobby (2018), propondo pensarmos juntos se beleza põe mesa”. A verdade é que o boardgamer médio acaba alternando entre ser técnico e analisar bastante antes de adquirir um título ou se empolgar com fotos/vídeos de divulgação e só conseguir exclamar: “Olha que negócio bonito, preciso desse jogo” 
Até a próxima caros(as) companheiros(as) de cavalaria!
