“O que esperar de” é uma série de comentários abordando características de um jogo, de preferência jogos que possuem pouca informação. Seu intuito é auxiliar aqueles que estão em dúvida sobre compra-lo ou não. Tudo aqui se trata da minha experiência de mesa e nada mais.
O que esperar de Nessos?
O que se pode esperar de um jogo de blefe? No mínimo que ele produza tantas boas sensações quanto Coup, Saboteur ou outros do gênero. Foi com essa expectativa que adquiri Nessos logo em seu lançamento. Ele é tão bom quanto os consagrados do mercado? É o que tentarei transmitir para vocês.
(Caixinha pequena, cartas boa qualidade)
O jogo do Diabo
Bem, sendo o diabo o pai da mentira, logo, Nessos é o jogo do diabo, porque aqui a mentira rola solta, e seu alvo é exatamente mentir melhor, ou seja, blefar! Sério, sua boa capacidade de jogar Nessos pode fazer com que uma dezena de jogos sejam muito mais difíceis para você, pois as pessoas sempre vão pensar: “Ele/Ela tá mentindo de novo...”.
Além disso, ao explicar o tema, é bem possível de alguém exclamar um “CREDO!!”, uma vez que o Caronte te levar para o mundo dos mortos soa como “Ele vem para te levar pro inferno”, embora esse possa não ser o real significado na mitologia. Bem, de toda forma, essa já é uma das partes boas rsrsrs.
(Muita carta de Caronte pra você prejudicar o amiguinho)
Faltou elementos?
Se Domíniom pode ser considerado o jogo de Deck Building puro, Nessos pode ser considerado o jogo de Blefe puro. Ele não possui elementos que colaborem com a mecânica, gerando uma dependência gigantesca da capacidade dos jogadores de induzirem outro ao erro. É diferente de Coup no qual os personagens interagem, gerando assim duvidas, ou de Saboteur no qual atividades suspeitas de um outro player possam gerar chance de você incriminá-lo e sair livre. Isso transmite no jogo uma percepção que pode ser terrível para alguns, que é a de repetição, ou mais do mesmo, e de fato não estão errados, mas o que deve ser pesado é: o quanto isso te incomoda? Será que a interação na mesa proporcionada pelo jogo é suficiente pra te divertir? Ou o jogo tem que entregar algo também?
De todo modo, ainda assim você será capaz de aproveitar da leitura de jogo dos demais, pois se alguém sempre pega suas cartas, CARONTE NELE!!, mas se a pessoa sempre rejeita, TOMA AQUI MEU DEZINHO :B.
(O que achou dessa arte? Achei bonita, mas sem evidência, sem destaque entre uma carta e outra. Ao jogar, nem se observa as figuras mitológicas)
Totalmente dependente
Lembro da primeira e única vez em que joguei “The resistence”, com um casal conhecido e outro desconhecido. Eu nunca havia jogado com nenhum deles, mas entre si, a interação de jogo deles era muito boa. Eu não consegui entrar no clima do jogo que pede uma descontração, julgamentos, dissimulação, tudo o que o blefe tem pra oferecer. O resultado foi um questionamento se o jogo de fato é bom. Contudo, eu acredito que deve ser, mesmo que minha experiência tenha sido de razoável para ruim por causa da mesa.
Em Nessos essa dependência da mesa é ainda maior, exatamente pela falta de mecânicas sugestivas como supracitado. Portanto, ao propor uma jogatina, esteja certo de que essas pessoas se interessam em entender e se envolver com a proposta do jogo. Em meu círculo de amigos tento identificar aqueles que estariam dispostos e os que não fazem nem questão de entrar no mundinho. De todos os jogos que possuo, este é de longe o que tem mais possibilidade de ser o “jogo chato” da coleção. Já tive amigos que disseram “Não gostei, jogo chato”, na mesma mesa que outro disse “jogo massa, cara!”. Portanto, não taxe o jogo sem tentar extrair as melhores experiências.
(Marcador de primeiro jogador que vive sendo esquecido pra trás rsrs)
Uma possibilidade desagradável
Lembro da última vez que tivemos uma partida (aliás, faz tempo). Conversando com minha esposa, ressaltei o quanto o envolvimento da mesa foi bom com o jogo, sobre a reação das pessoas ao perceberem que foram enganadas, sobre as interações de blefe. Ela concordou comigo, mas complementou com algo que me fez ficar com uma dózinha dela. Ela disse: “o ruim é que eu quase não recebi carta, quase ninguém passou para mim”. Essa é uma possibilidade muito real dentro do game e que pode ser bem frustrante. Parece fazer parte do jogo a questão de que se alguém te enganou, você PRECISA enganá-lo de volta, e isso pode gerar uma menor interação com alguém. O mau não está no jogo em si, mas na percepção das pessoas quanto ao blefe mesmo.
Você pode muito bem interagir com alguém que está avançando em pontos para fazê-lo cair. Ou pegar uma suspeita de caronte, mas incluir uma carta de valor alto assumindo possibilidades de ônus e bônus, mas geralmente quem faz isso são jogadores mais experts. Os casuais não costumam analisar o jogo como um todo.
Enfim, concluo que Nessos é um bom jogo, mas sempre carrega consigo um questionamento: Será que vai rolar?
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Se você estava indeciso sobre a aquisição deste jogo espero ter ajudado.