"Difuso
adjetivo
- 1.
que se espalha largamente por todas as direções; disseminado, divulgado."
Terraforming Mars, em minha opinião,
é um jogo ok. Ele não é as mil maravilhas que muita gente pinta ele como sendo, e ele não é horroroso como vejo gente pregar, mas ele
claramente tem muitos problemas.
Sua arte é ok, condizente com o padrão artístico de hoje, o jogo não é feio, e seus componentes são bem feitos. O seu tema é bem integrado com o jogo como um todo, o que também não é uma coisa simples de se fazer, principalmente considerando que o
designer era novato na época que ele lançou o jogo. O seu problema, reina em sua mecânica, tamanho ocupado na mesa, e principalmente no fator duração.
Vamo descer a lenha?
- Jogador A começa o jogo com a empresa de eletricidade.
- Jogador B começa com a empresa mineradora.
- Jogador A fica com 3 projetos iniciais na mão.
- Jogador B fica com 1.
- Jogador A desce 2 projetos que geram recurso.
- Jogador B desce 1.
Eles rodam o turno, gastam o que tem que gastar e vão pro próximo.
- Jogador A, fica com 3 projetos na mão.
- Jogador B, fica com 2.
E o jogo continua nesse ritmo, beneficiando amplamente quem teve
"sorte de puxar os projetos na hora certa" e o outro jogador, sem ter alternativa,
é obrigado a fazer ações genéricas até vir algo que ele realmente vá usar em sua mão.
"AH BOMBA, MAS O JEITO CERTO DE JOGAR O JOGO É COM DRAFT!"
Concordo. Porém, isso não elimina o risco do cara
não ter como fazer seu jogo ser fluido.
Eu já vi o jogo ficar travado mesmo draftando. O erro, na minha opinião é na
mecânica empregada. Comprar cartas só no início do turno (claro que tem cartas que quebram essa regra, mas são poucas), dá um ar de
"se eu não conseguir o que eu preciso meu jogo não vai rodar nunca". E é aí que o jogo se perde.
500 expansões pra tentar corrigir o problema.
O cara milkou o jogo de tudo que é forma possível.
Suas expansões, curiosamente ajudam nesse problema que eu citei acima.
Mas nenhuma delas corrige o problema. Terraforming Mars: Prelúdio é uma expansão pequena que te dá mais coisas ao início do jogo. Mais recursos, materiais e símbolos de pré requisitos pra descer
aquelas cartas pesadas que vem na tua mão inicial. E ter mais recursos, obviamente vai te ajudar a descer as cartas que existem em sua mão.
Outra, te dá colônias. Em
Terraforming Mars: Colônias você tem acesso a recursos
enviando sua navinha na colônia X, pra pegar aquele recurso que você tanto precisa, que também tira a sua dependência um pouco das
milhares de cartas do baralho. Mas denovo,
não resolve seu problema, porque esse engine building a ideia é fazer seu jogo virar usando suas cartas. Isso aqui é só um paliativo.
Na
Terraforming Mars: Hellas & Elysium, você ganha mapas novos pra jogar. Facetas novas de Marte, pra colonizar, e outros objetivos bem diferentes do jogo base.
É uma boa quebra de ritmo do jogo marcado do jogo base.
Já em
Terraforming Mars: Venus Next, ela acaba aumentando relativamente o problema anterior.
Ele adiciona mais uma mecânica/símbolo no jogo. O da Nuvenzinha. E num esquema
Dilma Roussef,
você estoca vento pra fazer produção de outros efeitos. Eu até gosto dessa expansão, mas
são mais trocentas cartas num baralho onde já tem muita carta.
Já joguei várias vezes com essas expansões (Nunca com a
Terraforming Mars: Reviravolta, que já me relataram
ser a pior de todas), e todas as vezes eu vejo pelo menos parte disso acontecer. Um jogador ficar travado
porque ele não consegue as cartas certas ou pelo menos parecidas pra fazer o seu jogo fluir.
E o jogo não possui mecânica nenhuma pra garantir que aquelas cartas apareçam pra essa pessoa.
Toda vez que eu jogo ele, eu fico com a impressão de que se ele tivesse a mecânica do
Imperial Settlers: A Ascensão de um Império (
ter um baralho de cartas grande, e um baralho individual de facção pra cada uma), o problema já teria sido resolvido há muito tempo.
Era só lançar 5 cartinhas de cada empresa, 1 delas começa na mão e o resto você pode escolher ir comprando durante o jogo se ver que comprar do baralho central não está fluindo, pra pelo menos você ter um norte no seu jogo e ele não ficar fadado a sorte.
Mas o Sr. Jacob preferiu ir pro caminho capitalista, e pagar suas dívidas fazendo várias expansões. E se tão pagando tá tudo certo, né?
Além de 500 expansões, os fãs ainda fizeram um monte de pecinha 3D pra megalomania ser maior.
Além do problema citado acima, tem um outro que também me incomoda muito, que é a sua duração. 4h de partida pra um engine building sinceramente, é muito.
A mecânica Engine Building é cansativa. E você se propor a fazer tudo repetidamente a cada rodada, tem uma hora que enjoa. E sinceramente eu já tive experiências com esse jogo que me fizeram cansar dele enquanto ele ainda estava na mesa.
O jogo demora pra engrenar. E se um jogador conseguir fazer o seu jogo engrenar mais rápido que os outros, sinceramente, ele tem muita vantagem sobre os outros.

"Lacônico
adjetivo
- 1.
que se exprime por poucas palavras; conciso, sucinto, breve."
Ark Nova é um jogo badalado. E com motivos pra isso. O seu tema é no mínimo incomum:
desenvolver um zoológico onde você coloca seus animais, e ao mesmo tempo, tem um quê de responsabilidade social, pois você contribui com a conservação de biomas, projetos ambientais e seu impacto direto no mundo.
Porque eu coloquei esse jogo em paralelo com o TfM? Porque eu sinto que
esse jogo faz tudo o que o TfM faz, mas mais rápido, mais bonito, e melhor.
O jogo tem 5 ações, e essa trilha de ação funciona exatamente como a trilha de ações do
Sid Meier's Civilization: Um Novo Amanhecer.
Se a carta está no nível 5, você vai fazer aquela ação com a força 5, a carta vai descer pra posição 1 da trilha, e todas as outras irão subir.
As ações são, Comprar cartas, construir no seu espaço de zoológico, descer um patrocinador na mesa(
efeitos passivos), enviar um trabalhador do seu zoológico para fazer uma ação no esquema alocação de trabalhadores, e colocar animais no zoo (
desceu faz o efeito na hora).
Iconograficamente o jogo é muito limpo, você entende tudo muito rápido e seus textos são muito bons.
Ocupa espaço de tamanho 5, 17 dinheiros, me dá 2 símbolos de predador e um de África. Sobe 6 pontos e compro 3 cartas do baralho.
É isso.
O jogo termina como no
Ganges, onde você tem
duas trilhas e elas tem que se encontrar pro jogo terminar. (
Trilha de conservação e trilha de "atração" do seu parque).
E o jogo flui perfeitamente.
Ele tem decisões que vão pesar no seu jogo, todas as cartas de ação podem pegar nível 2, mas somente 4 subirão pro segundo nível. O que faz você ter que pensar,
profundamente sobre como você quer que seu jogo flua no futuro.
Seus trabalhadores que você vai enviar para fazer uma associação, também tem que ser bem pensados, pois você vai ter dois caminhos, o que você acha que é melhor seguindo a sua mão, ou o que você acha que é melhor,
seguindo as pontuações que estão na mesa.
Confia no pai, esse jogo é muito, muito bom.
Ah Bomba, mas aqui também tem um monte de carta no baralho e tu pode puxar cartas que não vão te ajudar.
Correto.
Mas aqui não é uma vez por turno. Você consegue fazer essa ação várias vezes,
inclusive, existe uma trilha de cartas em aberto para serem compradas, o que ajuda também na circulação das cartas que podem aparecer.
E aqui eu
afirmo tranquilamente também que esse jogo quando todo mundo souber jogar (de 1 a 4 jogadores), ele roda em
2:30h fácil, fácil.
Eu joguei
Ark Nova muito menos do que eu já joguei TfM na minha vida. Mas você
pode ter certeza que ele vai estar na minha coleção, e o
Terraforming Mars e a sua
megalomania, eu vou passar longe.
Muito longe.
Às vezes temos que nos lembrar de que menos é mais.
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Manda PM.
Considere seguir o #canalversus!
Tudo nessa vida é equilíbrio, meus amigos.
Edit: Corrigi algumas imagens e um erro no texto.
Salve @
samduarte usei tuas foto!
#terçou