(Análise) Say Bye to the Villains
Título: Say Bye to the Villains (2012)
Designer: Seiji Kanai
Arte: Noboru Sugirura
Editora nacional: Galápagos Jogos
Nº de jogadores: 3 a 8, mas o próprio manual recomenda 4 a 6!
Após dias de planejamento em segredo, a noite cai e os aldeões, aparentemente inofensivos, cruzam a escuridão para se livrar das mãos opressoras dos vilões que comandam a cidade. É com este enredo, apresentado de forma bem temática, que os jogadores irão trabalhar cooperativamente em Say Bye to the Villains.
Resumo de Como o Jogo Funciona
Com o objetivo de vencer vilões, representados por cartas dispostas na mesa, em que os jogadores não sabem exatamente quais os status e condições de vitória (devido a cartas de situação que são colocadas fechadas para estes vilões), os jogadores irão alternar turnos jogando cartas de ação de sua mão para melhorar seu personagem, descobrir informações sobre os vilões e/ou enfraquece-los. Quando um jogador chega ao limite de cartas jogadas (que representam tempo dispendido no planejamento do ataque), ele deve escolher um vilão para combater. Quando todos os jogadores tiverem atrelado seu herói a um vilão, são reveladas e resolvidas todas as cartas de cada vilão. Neste momento é descoberto se os vilões foram derrotados ou não pelos heróis. Os jogadores vencem caso todos tenham derrotado os vilões (ou caso alguma nova condição de vitória seja cumprida).
Mecânicas Principais: Gestão de mão.
Critérios
Ø Qualidade dos Componentes
PRÓS: Sinceramente, não tem o que elogiar aqui. O jogo conta apenas com cartas (que são de uma qualidade mediana), um manual e uma caixa. Sendo bem sincero, a parte boa em relação aos componentes está retratada no valor super acessível do jogo, raramente passando de R$40 (quarenta reais) uma cópia usada em bom estado (e olha que pela qualidade da caixa, achar uma em bom estado não é tão fácil como acontece com outros jogos).
CONTRAS: A caixa é bem fina, de uma qualidade bem sofrível e acabamento simples; Manual feito com um papel fino, que amassa com certa facilidade; As regras do jogo são relativamente simples, porém o manual possui muito texto, parecendo que complica em momentos que não precisava.
(Todos componentes)
Ø Arte
PRÓS: A arte das cartas de Heróis e Vilões possui um visual bacana que retrata bem o tema e remonta a clássicos do gênero, lembrando ilustrações que retratam kabuki. Noboru Sugiura, o artista, conseguiu mesclar esta inspiração com cores e texturas que deixaram o jogo visualmente atraente, sem perder a identidade histórica relacionada ao tema.
CONTRAS: Por outro lado, as cartas de Ação e de Situação, que possuem apenas silhuetas pretas, apesar de passar bem a informação, são bem simples e perdem um pouco da identidade que as cartas de Herói e Vilão introduziram ao jogo, parecendo coisas de obras diferentes.
(Caixa do jogo. É barato... e a caixa bem frágil)
Ø Curva de Aprendizagem
Fácil. Aprender as regras não é difícil, assim como entender como tudo dialoga também não. A dificuldade mesmo encontra-se no elemento de aleatoriedade, pois apesar dos jogadores terem todas as manhas, ainda sofrerão com decepções que simplesmente não estavam a seu alcance contornar, logo, tenha em mente que é preciso aprender a saber perder sem nem ter culpa em Say Bye to the Villains.
Ø Presença de Tema
Alta. Claramente inspirado em filmes do estilo chambara (filmes japoneses que retratam samurais na época feudal, de forma grosseira, seria um ‘velho oeste oriental’), Say Bye to the Villains é uma homenagem ao estilo! Temos o tema presente a todo momento: No manual com pequenos parágrafos que explicam a biografia de cada herói e cada vilão; Nos tipos de cartas de Ação e Situação; Na própria ideia geral mecânica de planejar o ataque sem saber ao certo o que encontrará no dia e local, apesar do planejamento. Dentre todos elogios e críticas ao jogo, certamente a Presença de Tema é o ponto alto e maior chamariz para Say Bye to the Villains.
(Cartas de heróis)

(Cartas de Vilões)
Ø Rejogabilidade
Média. O jogo possui diversos Heróis, diversos Vilões e uma quantidade bem alta de cartas diferentes (tanto de Ações – as dos Heróis, como de Situação – as dos Vilões), de forma que precisarão de diversas partidas para ter usado todas opções possíveis. Além disso, a variabilidade é grande, uma vez que poucas cartas de Situação realmente aparecem em cada partida, então o jogador não sabe contra o que realmente estará combatendo.
Ø Interação
Alta. Como todo jogo cooperativo, a conversa é essencial para que decisões sejam feitas de forma mais eficientes. Say Bye to the Villains, acima da média por ai de cooperativos, vai exigir não apenas uma conversa, mas uma negociação de ideias, uma vez que ninguém realmente sabe o que é melhor, ficando um ar de ‘quem chutou melhor’ no ar na maioria das partidas.

(Cartas utilizadas durante a partida)
Ø Fator Sorte
Relevância na partida: Alto. Para mim, Say Bye to the Villains tem um único grande problema, que é o impacto da sorte. Durante a preparação da partida, e sem que os jogadores saibam quais (obviamente), são dispostas cartas de Situação que concedem aos Vilões poderes, habilidades e melhoras em seus status. Caso nessa preparação um Vilão fique super apelão, os jogadores só saberão disso ao final da partida, logo, se você está fadado a perder, não tem o que fazer para mudar isso, salvo der MUITA sorte – só que, de qualquer forma, você não saberia que já tinha perdido até a partida terminar. Além disso, o fato de existirem muitas cartas diferentes (tanto Ação, como Situação) apesar de ser legal para o Fator Rejogabilidade, acabam ampliando muito o espectro de possibilidades, de forma que a leitura do que pode acontecer, por parte dos jogadores, fique bem limitada.
Ø Fator Estratégia
Relevância na partida: Baixo. Em grande verdade, a estratégia existe durante uma partida, porém ela vai consistir mais no jogador gerir bem sua mão para melhorar os status de seu herói ou driblar alguma Situação que conseguiu revelar dentro do limite de cartas (tempo) estipulado na regra. Sendo assim, o jogador vai precisar aprender quais cartas criam combos mais eficientes para turbinar seu herói em menos tempo, sabendo quando e qual carta dispensar e qual utilizar. Contudo, no final, mesmo assim a sorte terá impacto predominante no resultado da partida, uma vez que o jogo é como se fosse um grande puzzle, que pode ou não pode ser resolvido, dependendo das cartas que estão presentes naquela partida e a ordem que aparecerão. Em outras palavras, no momento do clímax da partida, é como assistir um filme e ver qual foi a resolução dos conflitos, e isso também pode ser divertido para alguns.
MOMENTO PARA PARA PARA TUDAE! (a.k.a. Momento João Kleber)
Quem acompanha os meus textos (e me conhece) sabe que não gosto de jogo com excesso de sorte e que também não escrevo sobre jogos que não gosto, então pelo que leu até agora, deve estar se perguntando “Qual motivo de ter escrito sobre Say Bye to the Villains?”. Eu explico:
- Eu gostei de Say Bye to the Villains!!! Sério! Apesar da grande sorte envolvida, a arte e o tema me conquistaram. Da época de jogador de videogame (me considero um retrogamer ainda), Say Bye to the Villains é o jogo que melhor me remeteu a uma espécie de “Tenchu do Playstation1 versão Cardgame”. Como um jogo leve e descontraído, para aqueles momentos que não quero pensar muito, onde bem caberia uma partidinha de qualquer coisa com baralho convencional, Say Bye to the Villains preenche com louvor o tempo e a vaga de cooperativo, apesar de faltar nele um modo em dupla e solo eficiente. O jogo realmente não está dentro do meu TOP100 (está longe, aliás), mas para um jogo de 2012, ele apresenta elementos criativos, que divertem e adicionam um fator surpresa interessante, como um jump scare barato em filme de terror B, e sendo bem sincero, às vezes quero algo mais pastelão mesmo.
(Exemplo de uma partida ocorrendo)
Ø BÔNUS: Algumas dúvidas corriqueiras:
- Dá para jogar com crianças? Sim, sem problemas. Pela minha experiência, inclusive, crianças se frustram menos do que adultos eurogamers de coração com o impacto da sorte e até se divertem bastante com o momento de revelar o combate entre heróis e vilões.
- Funciona bem em qualquer número de jogadores? Não muito. Infelizmente o jogo não possui uma versão oficial para se jogar em dois jogadores, mas é facilmente adaptável sem maiores perdas mecânicas (Faltou um modo solo também). Além disso, jogar em muita gente apenas deixa o jogo mais longo, apesar de um pouco mais fácil, já que aparecerão mais cartas de ação na mão dos jogadores. Considero que entre quatro e cinco jogadores são as contagens melhores (tanto que o manual diz que o jogo é de 3 a 8, mas recomenda de 4 a 6. Se decide ae, designer!).
Opinião Pessoal
“Um jogo com um tema atrativo e bem implementado, em que a vontade de resolver o desafio da partida é o grande motivador para se jogar uma partida atrás da outra, apesar de existir sempre o sentimento de que estamos quase que acompanhando um pequeno conto interativo, mas que sabemos que o final não depende totalmente de nós. Sinto que atualmente poderia surgir uma nova versão remodelada que sanaria parte do impacto da sorte. Estou esperando e se aparecer certamente irá conquistar meu coração.” (Raphael Gurian)
“Say By to The Villains é um jogo com um tema interessante que compele os jogadores a realizarem algumas jogadas às cegas, na base da sorte, mesmo que ainda haja alguma estratégia para manejar suas ações até o limite permitido, antes de encarar o vilão. Com partidas rápidas, o que torna o jogo menos intimidante, pois a chance de chegar ao final sem atingir o objetivo é consideravelmente grande, este jogo de manejo de cartas fará com que se arrisque para conseguir revelar e/ou eliminar o máximo de obstáculos possíveis para que possa enfrentar o chefão, além de fortalecer as habilidades de seus heróis. É um bom passatempo, mas seu nível estratégico está abaixo do nível de sorte.”
(Lola_Fernandes)
Um texto de
Raphael Gurian
A ideia deste formato de análise não é explicar um jogo, para isso existem muitos outros textos, vídeos e etc. A finalidade do texto é fazer uma análise crítica acerca de critérios que acho importante e que muitas vezes acabam não sendo explorados em análises de uma forma mais detalhada. Os jogos analisados não seguem qualquer critério comercial, incentivo ou pagamento, sendo escolhidos com base em fontes de vozes da minha cabeça, aliado ao fato de ter já jogado o jogo em questão muitas vezes, a ponto de me sentir confortável em opinar sobre o mesmo.
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