(Antes de começar: esse é meu primeira análise aqui na Ludopedia, então fiquem à vontade para fazer críticas para poder melhorar para os futuros posts)
Jogo euro médio-pesado ainda não anunciado no Brasil, Merv: The Heart of the Silk Road é um título independente de idioma que está muito bem avaliado pela crítica lá fora, o que chamou nossa atenção.
O jogo se passa no Século 12, na histórica cidade de Merv, à época uma das maiores e mais ricas do mundo, às vésperas das invasões dos mongóis. Os jogadores competem por poder e riqueza enquanto devem cooperar para proteger a cidade dos invasores.
O primeiro destaque do jogo está na arte e no design gráfico do já conhecido Ian O’Toole, colaborador recorrente do Vital Lacerda. Assim como nos jogos do autor português, temos um tabuleiro muito bonito, com bastante contraste e cores, e que divide muito bem as ações disponíveis, enquanto mantém a área principal do jogo no centro. O design facilita muito identificar os locais de ação e os bônus obtidos em cada um.
Os componentes são de muito boa qualidade, com tabuleiro e cartas com boa gramatura e muitos meeples e edifícios de madeira (estes últimos lembram bastante os do Lisboa).
Destaque para os camelos mais bem detalhados e bonitos entre os jogos de tabuleiro!
Os cubos de recursos, de madeira pintada, ainda que de boa qualidade, merecem uma pequena crítica temática: não há informação no manual sobre o que são os recursos. Segundo o autor informou no BGG, a ideia foi não confundir o jogador com os demais recursos presentes no jogo (esses sim bastante temáticos), obtidos ao realizar uma das ações - mas que pouco acrescentam na mecânica. Todavia, não é nada que estrague a experiência do jogo.
Quanto às mecânicas: que jogo incrível!
O jogo se divide em 3 anos, cada um com 4 rodadas, totalizando um total de 12 turnos por jogador, o que pode parecer apertado, mas não é.
As ações são selecionadas no centro do tabuleiro, onde há um grid de 5x5, cada um com um ícone de um local de ação e um recurso (cubo) e onde os jogadores colocarão seus edifícios.
Acionar um tile lhe dará todos os recursos dos edificios da mesma cor daquela linha, mesmo que pertença a outro jogador. E caso seja de um adversário, ele também ganhará recursos bônus.
Assim, com um único movimento é possível ganhar muitos recursos de uma vez, e é possível executar a ação selecionada múltiplas vezes, no limite de seus recursos, de modo que, mesmo com poucas rodadas é possível progredir muito no jogo.
Ao final do segundo e terceiro anos haverá a invasão mongol e os jogadores devem "cooperar" para construir muros ao redor da cidade, caso contrário os edificios colocados serão destruídos. E se proteger um edifício do adversário ganhará mais bônus de influência do que se proteger seus próprios.
Outro destaque é que o jogo escala muito bem em 2 jogadores, com um dummy player muito fácil de administrar, no qual um jogador escolhe a linha ou coluna onde posicioná-lo e o outro o tile a ser colocado um edifício, garantindo que muitos tiles sejam preenchidos ao longo da partida.
Por ser um jogo lindo, com ótimos componentes, com mecânicas inovadoras que obrigam os jogadores a beneficiar os adversários, Merv: The Heart of the Silk Road é um jogo incrível e muito original, que merece muito ser trazido para o Brasil!
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Um abraço e até a próxima!
