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Puerto Rico e Uma Triste Realidade Brasileira

Puerto Rico
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    iuribuscacio26/06/21 17:00
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    iuribuscacio
    26/06/21 17:00
    3120 mensagens MD

    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/1dbd4_6mss4e.jpg

    Puerto Rico

    No ano passado, o Luiz Perdomo escreveu um excelente texto relacionando o Puerto Rico à questão da escravidão. O texto teve diversos comentários e suscitou uma excelente discussão sobre o tema. Por isso, a princípio não seria necessário tocar mais nesse assunto. Entretanto, essa questão acabou sendo retomada no tópico “Temas Polêmicos / Draft de Ideias”. Alguns comentários me fizeram refletir bastante, e eu acho que existem alguns aspectos interessantes, que não foram abordados anteriormente, como deveriam e que precisam ser.

    Antes de continuar, eu queria esclarecer que eu não sou, nem um militante radical do movimento negro, nem faço parte da ala que defende que há uma excessiva vitimização inapropriada da população negra. Eu sou apenas uma pessoa comum, igual a todo mundo, e que procura enxergar o mundo da forma mais justa, imparcial e isenta (se é que isso é possível de alguma forma hoje em dia), que pensa sobre o que vê, e escreve a respeito.

    No tópico em questão, um dos usuários comentou que o jogo Spartacus, envolvia a escravidão de pessoas brancas e ninguém reclamava, portanto essa discussão envolvendo o Puerto Rico e a escravidão, não se justificava. Outro usuário retrucou com toda a razão, de que diferentemente do que ocorria, em relação à escravidão no Brasil, ninguém conhecia uma pessoa cujo bisavô tivesse sido um gladiador na Roma antiga. A resposta do primeiro usuário me deixou estarrecido, e foi um dos motivos que me levou a escrever. Para resumir ele disse o seguinte, que era preciso deixar para lá essa questão da escravidão, porque, por exemplo, os alemães superaram o nazismo. Essa resposta me deixou bastante preocupado, quando eu comecei a pensar a respeito, porque ela demonstra dois aspectos importantes, como boa parte da nossa sociedade brasileira enxerga a questão do negro.

    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/e006e_6mss4e.jpg

    Spartacus

    O primeiro aspecto é que boa parte da nossa sociedade se identifica com o ponto de vista do opressor, e não do oprimido. Vejam que no comentário o raciocínio foi: os alemães superaram o nazismo, logo os negros deveriam superar a escravidão. A grande diferença é que no caso do nazismo, os alemães foram os opressores, e no caso da escravidão, os negros foram os oprimidos. A comparação mais correta deveria ser com os judeus, só que aí o raciocínio cai por terra, porque os judeus não “superaram” o nazismo, nem o seu mais nefasto fruto que foi o holocausto. Muito pelo contrário, os judeus fazem questão de não “superarem”, e principalmente não esquecerem, esse episódio tão cruel, sombrio e desumano, da história da humanidade, para que as futuras gerações aprendam com esse erro, para que isso nunca mais venha a acontecer.

    O segundo aspecto diz respeito à falsa noção de distanciamento, que algumas pessoas têm, em relação à escravidão brasileira, principalmente do ponto de vista do tempo. Parece que a escravidão ocorreu em um tempo muito remoto e distante, quase tão distante quanto a Idade Média, por exemplo.

    Só que a realidade não é bem assim.

    Do ponto de vista formal e legal, a escravidão no Brasil se encerrou com a promulgação da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, há 133 anos atrás. Na verdade a Lei Áurea só acabou com a escravidão nos grandes centros, e foi só para “inglês ver”, literalmente, porque a Inglaterra, a grande superpotência da época, era quem mais fazia pressão política nesse sentido, para atender aos seus próprios interesses. Por outro lado, apesar da Lei Áurea ter abolido a escravidão, no interior do Brasil ela continuou por décadas, às vezes disfarçada, às vezes sem disfarce mesmo, e até hoje é possível encontrar lugares em que as pessoas vivem e trabalham em um regime análogo à escravidão. Segundo o portal G1, só em 2020, 942 pessoas foram libertadas, de condições de trabalho tão aviltantes, que praticamente as reduzia a escravos. Essa operações foram feitas por uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) (fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/01/28/forca-tarefa-resgatou-110-pessoas-em-situacao-analoga-a-escravidao-no-brasil-em-2020.ghtml). Em outras palavras, em um único ano, foram encontradas no Brasil quase 1.000 pessoas, vivendo praticamente como escravas, em pleno século 21.  

    Mas vamos deixar um pouco de lado essa situação relatada acima, tão degradante, que envergonha e humilha o Brasil, perante as demais nações do mundo, e vamos retornar à nossa questão temporal. A escravidão está distante 133 anos, e isso é muito mais perto do que se pode imaginar a princípio. A pessoa mais longeva, devidamente registrada de que se tem notícia, foi a francesa Jeanne Louise Calment, que viveu até os 122 anos e 164 dias de idade (21 de fevereiro de 1875 até 4 de agosto de 1997).

    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/8d84c_6mss4e.jpg

    Jeanne Calment comemorando 121 anos de idade em 1996.

    Isso quer dizer que se Jeanne Calment fosse negra, se tivesse nascido um pouquinho mais tarde, em 21 de fevereiro de 1888, no Brasil (já havia a Lei do Ventre Livre, mas essa era solenemente ignorada e transgredida, assim com a Lei dos Sexagenários), e se tivesse vivido apenas mais 11 anos (é claro que isso é forçar um pouco a barra, mas é só para dar uma ideia), você poderia ir até a casa dela, e tirar uma foto ao lado de uma escrava de verdade. Trocando em miúdos, todo o período transcorrido desde a abolição até hoje, praticamente caberia na vida de um único ser humano.   

    Essa é a medida do quão próxima, a escravidão está de nós.        

    Outro aspecto dessa questão, que não pode deixar de ser mencionado, é que se a escravidão está tão próxima de nós, os seus efeitos estão mais próximos ainda. Não é nenhuma novidade que o Brasil é o país mais socialmente desigual do mundo, e que essa desigualdade só vem crescendo ao longo do tempo. Só que isso é especialmente mais marcante em relação a pessoas negras. Até bem pouco tempo atrás, o Estado e a sociedade sequer reconheciam que havia um problema. Somente de alguns anos para cá, a sociedade como um todo começou a refletir, que talvez tenha havido alguma injustiça, com essa expressiva parte da população, e que é preciso fazer algo a respeito, para resolver essa grave questão social.

    O negro foi liberto e o pouco que ele tinha de sustentação social, um lugar para morar e algo para comer (que apesar de ter custado muito sofrimento, humilhação, lágrimas e principalmente sangue, ainda era alguma coisa), foi tirado da noite para o dia, e nunca se pensou em dar nada em troca, desse pouco que ele recebia. O negro foi libertado do açoite, do tronco e da senzala, apenas para ser condenado à favela, à violência, à pobreza, à exploração, ao subemprego, e à fome, tanto ele quanto as suas gerações futuras. Na verdade trocou-se uma miséria humana por outra.

    Não precisa ir muito longe, para ver que algo de muito errado acontece no nosso país, principalmente com os negros. Nem mesmo boa vontade é necessária, basta apenas honestidade e isenção. Basta olhar uma sala da UFRJ ou da USP (não vou nem falar da PUC, para ficar só nas públicas), principalmente de mestrado ou doutorado, e depois comparar com uma cela do Complexo Penitenciário de Bangu ou do Centro de Detenção Provisória de Osasco. Qualquer um que fizer isso verá que, a predominância de indivíduos em um tipo de instituição, ou em outra, vai depender do quanto mais claro, ou mais escuro, for o tom da pele. O mesmo se aplica aos moradores dos condomínios do Leblon e do Morumbi, e das vielas do Complexo do Alemão e de Paraisópolis.         

    Para quem quiser analisar a questão com dados mais concretos, e oficiais, basta utilizar as estatísticas do IBGE e das Secretarias Estaduais de Segurança, a respeito das diferenças percentuais entre jovens brancos e negros, que morrem todos os anos de forma violenta. A chance de um jovem negro ser vítima de um homicídio é muito maior do que a chance disso acontecer com um jovem branco (fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/04/27/violencia-jovens-negros-morrem-mais-do-que-nao-negros-indica-relatorio).

    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/9b74b_6mss4e.jpg

    Protesto do grupo Mães de Maio, em São Paulo, contra a violência praticada contra os jovens negros (2.abr.2017)

    Da mesma forma, também é gritante a diferença entre os valores dos salários que são pagos a profissionais brancos e a profissionais negros, pela mesma função. Isso sem falar, que como o acesso à educação é muito menor, e mais dificultado, para negros do que para brancos, fica muito mais difícil para os negros alcançarem bons cargos e bons salários. Evidentemente que toda a vez que se trata disso, sempre tem alguém que aponta o exemplo de um amigo ou conhecido negro, que com muito esforço e dedicação, conseguiu se formar e alcançar um bom emprego. Mas isso são exceções, e definitivamente, uma conjuntura social deve ser analisada com base na regra, e não nas exceções.  

    É muito diferente ser branco e ser negro no Brasil. É muito diferente ser a pessoa que suja e ser a pessoa que limpa. É muito diferente andar livremente por uma loja, do que ser constantemente vigiado pelo olhar do segurança. É muito diferente ser abordado pela polícia, sendo branco em um bairro nobre (quando isso raramente acontece), e ser abordado pela mesma polícia, sendo negro, na periferia ou numa comunidade. É muito diferente estar no lugar da pessoa que dá o tapa, de estar no lugar da pessoa que recebe o tapa. E é isso que a sociedade brasileira faz, diuturnamente, há séculos com a população negra. A experiência de vida de cada um, bem como os números e as estatísticas estão aí para quem quiser ver.     

    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/06d4d_6mss4e.jpg

    Mombasa

    Por fim, obviamente, ninguém defende que sejam execrados e abandonados jogos como o “Puerto Rico”, o “Mombasa”, e o “Endeavor”, que tratam do tema escravidão, colonização e exploração de populações não-brancas (para incluir além dos negros, os povos nativos, que também sofreram um bocado). Muito pelo contrário, eles devem ser jogados, primeiro porque são bons jogos e segundo, para que não se esqueça, que até bem pouco tempo atrás, a escravidão era uma realidade, por mais cruel e desumana que ela fosse.

    https://ludopedia-posts.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/8deb9_6mss4e.jpg

    Endeavor

    Só não dá para pensar como se essa questão do negro já tivesse “enchido o saco”, como se isso fosse “coisa do passado”, e que essa vitimização do negro fosse exagerada. O negro brasileiro não se “vitimiza”, ele é literalmente um vítima de uma sociedade que é a mais desigual, injusta, e socialmente perversa, do mundo. Essa é a realidade, que muitos ainda se recusam a enxergar, como ficou demonstrado nos comentários do tópico citado acima.

    Um forte abraço e boas jogatinas.

    Iuri Buscácio


    P.S. Perdão pelo lapso, mas ficou faltando um relato aqui, que confirma ainda mais essa nossa proximidade da escravidão. No início desse ano de 2021, o Jornal Nacional noticiou duas operações da Polícia Civil e do Ministério Público do Trabalho, na cidade do Rio de Janeiro, em que foram libertadas duas senhoras, mantidas em condições análogas à escravidão. Apesar de serem casos diferentes, a situação é quase idêntica. Essas duas senhoras foram retiradas de suas casas, ainda meninas (11 e 13 anos), em cidades pequenas do interior do estado, de famílias muito pobres, que não tinham condições de criá-las, com a promessa de ter uma vida melhor na capital. Pois bem, assim que chegaram nas casa das famílias que as teria "adotado" elas começaram a trabalhar de domésticas, apesar da pouca idade, do raiar do dia até a noite, sem nunca terem recebido salário, muito menos hora extra, sem nunca terem tirado férias, sem folga semanal, sem terem podido aprender a ler e escrever, sem FGTS, sem poderem sequer sair na rua, ou assistirem televisão, mas uma delas pelo menos tinha um rádio. Quando as famílias viajavam, colocavam um parente na casa, tomando conta para que nenhuma das duas infelizes tentasse fugir, como se elas tivessem para onde ir. Essa situação perdurou, no primeiro e no segundo caso, por 43 e 46 anos respectivamente. Isso não é uma situação análoga à escravidão, mas sim a própria escravidão em si, só faltando os castigos físicos e os grilhões para a sua configuração total. E a mais cruel, cínica e triste ironia, é que esses casos aconteceram o primeiro no bairro da Abolição, e o segundo no bairro de Vila Isabel, batizado assim para homenagear a princesa.

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    Comentários:

  • renantruppel
    133 mensagens MD
    avatar
    renantruppel26/06/21 18:23
    renantruppel » 26/06/21 18:23

    Você levantou alguns pontos legais quando disse para olharmos para uma cela da prisão e um departamento de mestrado e doutorado. Realmente é algo a refletir.

    Porém acho polêmico a questão de cotas raciais, pois o problema é a desigualdade de rendas, logo, é importante em pensar que a pessoa precisa de um mínimo para viver com dignidade em qualquer profissão. Ela precisa de um ensino de base bom pra poder ter qualificação para entrar em um curso mais complexo e não ser empurrado com cotas e estando despreparada.
    Apesar da resistência quanto a aparência do negro (aquela história, na entrevista você vê um muito negro ou um branco, quem você escolhe?) os que nascem com condições melhores e tem uma formação de base consegue sim empregos melhores e aceitação em diversos círculos sociais.

    Agora quando você disse que a desigualdade de renda cresceu e que sobrou para os negros aí discordo. Pois nos últimos anos a probreza veio para todos dependendo da faixa da renda. Só para os mais super ricos que não.

    Acredito que se observarmos a área de esportes, existem muitas modalidades em que os negros ganham até mais e são valorizados.

    5
  • iuribuscacio
    3120 mensagens MD
    avatar
    iuribuscacio26/06/21 19:41
    iuribuscacio » 26/06/21 19:41

    renantruppel::Você levantou alguns pontos legais quando disse para olharmos para uma cela da prisão e um departamento de mestrado e doutorado. Realmente é algo a refletir.

    Porém acho polêmico a questão de cotas raciais, pois o problema é a desigualdade de rendas, logo, é importante em pensar que a pessoa precisa de um mínimo para viver com dignidade em qualquer profissão. Ela precisa de um ensino de base bom pra poder ter qualificação para entrar em um curso mais complexo e não ser empurrado com cotas e estando despreparada.
    Apesar da resistência quanto a aparência do negro (aquela história, na entrevista você vê um muito negro ou um branco, quem você escolhe?) os que nascem com condições melhores e tem uma formação de base consegue sim empregos melhores e aceitação em diversos círculos sociais.

    Agora quando você disse que a desigualdade de renda cresceu e que sobrou para os negros aí discordo. Pois nos últimos anos a probreza veio para todos dependendo da faixa da renda. Só para os mais super ricos que não.

    Acredito que se observarmos a área de esportes, existem muitas modalidades em que os negros ganham até mais e são valorizados.


    Caro Renantruppel

    Eu concordo em parte consigo, e se eu te dei a impressão de que o meu ponto de vista é de que a sociedade brasileira é injusta e desigual exclusivamente para os negros, não foi essa a minha intenção. Isso porque o Brasil é desigual para a grande maioria da população e nem todos, nessa situação são negros. Todavia, é inegável que os negros estão em situação pior, simplesmente porque eles são quem menos tem dinheiro. Apesar disso eles não são os únicos a sofrerem com a desigualdade social em que nós vivemos. Muitos nordestinos vivem uma situação de miséria parecida, e nem sempre eles se enquadram naquilo que se entende como negro.  

    Aliás, a questão da autodeterminação racial (cada um se enquadra na raça que achar mais adequada) é algo que torna muito problemática, e talvez até inviável, a política de costas raciais. Depois que ficou mais fácil entrar para uma universidade federal, com a autodeclaração de que se é negro, uma quantidade enorme de pessoas começou a se autodeclararem negras. Ninguém mais é moreno ( não vou usar o termo "pardo", porque sem querer ser muito "militudo", eu sempre achei esse termo estranho, porque na minha cabeça, pardo é papel, e bem antes disso entrar na moda), basta ser um pouquinho mais bronzeado, e não ter cabelo liso, que a pessoa já se considera, e se diz negra.

    Não é que eu seja contra as cotas raciais, até porque por mais injustas que elas possam ser, ainda sim, elas são muito menos injustas, do que o critério que vigorava antes. O brasileiro geralmente tem memória curta, e muita gente esquece, que até bem pouco tempo atrás, o sistema de acesso ao ensino superior funcionava como se o filho da patroa (que já tinha uma base escolar excelente, que podia se dedicar exclusivamente ao vestibular, fazendo os melhores cursinhos), estivesse em igualdade de condições, na disputa por uma vaga, na universidade federal, com o filho da empregada (que tinha de trabalhar ajudando a sustentar a família, e que por isso só poderia estudar no turno da noite, e assim mesmo se os professores não estivessem em greve, ou se o traficante não tivesse mandado fechar a escola). Absolutamente nada é mais injusto que isso.

    Além disso, eu acho que se as cotas fossem baseadas em critérios sócio-econômicos, mas aplicados de forma séria, a questão já estaria resolvida, porque como a população negra é majoritariamente de baixa renda, ela já estaria contemplada com esses critérios. Isso sem falar que a coisa pública, que é subvencionada pelo Estado, se destina a princípio não a negros ou brancos, mas sim para quem não tem dinheiro para usufruir da coisa particular. Só que como no Brasil, normalmente quanta mais escura a pele, mais baixa a renda e o poder aquisitivo, acaba que por uma questão de lógica, as ações afirmativas acabam sendo direcionadas para a população negra.

    Para terminar, eu queria deixar claro que quando eu menciono a população negra marginalizada, eu evidentemente estou excluindo os poucos negros, que por uma questão de talento natural para o esporte e as artes, ou por conta de um esforço e dedicação quase sobre-humanas em uma determinada carreira profissional, conseguiram ascender socialmente, e hoje ganham certamente muito mais dinheiro que a grande maioria da população branca. É claro que os filhos e netos do Pelé, do Joaquim Barbosa, do Milton Gonçalves, do Péricles do Exaltasamba, do Senador Paulo Paim, do Lázaro Ramos e da Thaís Araújo, da Maju Coutinho, da Deputada Benedita da Silva, e de muitos outros, jamais vão ter qualquer problema de dinheiro, e de forma alguma vão ter necessidade de entrar em uma universidade federal, através das cotas raciais. Mas da mesma forma, é preciso lembrar (e eu deixei isso explícito no meu texto), que esses exemplos, citados acima, são raras exceções, e que a análise de uma situação social tem de levar em consideração o quadro geral daquela sociedade, e não as exceções. E no quadro geral, a situação socioeconômica da população negra é clara e comprovadamente pior que a situação da população branca.

    Um forte abraço e boas jogatinas.

    Iuri Buscácio

    P.S. Para os mais céticos, não precisa acreditar em mim, basta consultar as estatísticas e os indicativos oficiais.

    4
  • Fabico
    218 mensagens MD
    avatar
    Fabico26/06/21 22:09
    Fabico » 26/06/21 22:09

    renantruppel::Você levantou alguns pontos legais quando disse para olharmos para uma cela da prisão e um departamento de mestrado e doutorado. Realmente é algo a refletir.

    Porém acho polêmico a questão de cotas raciais, pois o problema é a desigualdade de rendas, logo, é importante em pensar que a pessoa precisa de um mínimo para viver com dignidade em qualquer profissão. Ela precisa de um ensino de base bom pra poder ter qualificação para entrar em um curso mais complexo e não ser empurrado com cotas e estando despreparada.
    Apesar da resistência quanto a aparência do negro (aquela história, na entrevista você vê um muito negro ou um branco, quem você escolhe?) os que nascem com condições melhores e tem uma formação de base consegue sim empregos melhores e aceitação em diversos círculos sociais.

    Agora quando você disse que a desigualdade de renda cresceu e que sobrou para os negros aí discordo. Pois nos últimos anos a probreza veio para todos dependendo da faixa da renda. Só para os mais super ricos que não.

    Acredito que se observarmos a área de esportes, existem muitas modalidades em que os negros ganham até mais e são valorizados.



    Está cometendo um leve erro ao dizer que o problema É a desigualdade social e má distribuição de renda. Esse é UM dos inúmeros problemas no nosso país, concordo que talvez seja o maior deles realmente, mas isso não exclui o racismo e desigualdade de raças, na realidade para grande parte da população de baixa renda a desigualdade de renda é um reflexo da desigualdade de raças, não precisa fazer um grande estudo a respeito, só lembrar do que o professor de história ensinou no ensino médio que após a escravidão os negros ficaram largados e tiveram que ir para as regiões periféricas das cidades enquanto os brancos (que haviam enriquecido com o trabalho escravo) puderam perpetuar as riquezas e tudo mais.

    Quanto às cotas, é muito raso apenas dizer que é polêmico e simplesmente esquecer a história, ou dizer que o problema é outro, também existe branco pobre e etc.

    As cotas tem um motivo de reparação histórica com a população negra, não apenas pela escravidão, também não é apenas uma questão de renda, não é apenas para quem não tem condições financeiras de pagar uma faculdade particular.

    As cotas são para que um povo que sofre discriminação diariamente pela cor da sua pele, pelos traços, pelo seu cabelo, etc possa se integrar melhor na sociedade, não é uma solução definitiva, mas já é um passo. A gente não pode desmerecer o sofrimento alheio, pois não sabemos o que eles passam sofrendo preconceito desde criança nas escolas, sendo abordados de maneira mais truculenta por autoridades, tendo seguranças os seguindo em supermercados e lojas, ouvindo piadinhas de teor racista na escola/trabalho, sendo olhados de cima a baixo por boa parte da sociedade e ainda tendo que aguentar negacionistas dizendo que não existe esse tipo de discriminação. As cotas não são apenas para a classe de renda mais baixa, pois esse tipo de situação acontece também na classe média e alta, um estudante negro de classe média não teve necessariamente a mesma chance que um branco no vestibular, não porque faltou comida ou porque teve que trabalhar, mas porque teve todos esses problemas no seu dia a dia que o impediram de estudar 8 horas por dia como seu colega.

    Por fim, as cotas não estão tirando as vagas dos brancos (sei que você não disse isso, mas é um jargão comum hoje em dia), e nunca se engane achando que alguém vai entrar despreparado em uma faculdade pública concorrida porque passou através das cotas, isso é uma situação fantasiosa/falaciosa para tentar provar um ponto que não existe.

    8
  • Fabico
    218 mensagens MD
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    Fabico26/06/21 22:38
    Fabico » 26/06/21 22:38

    Boa noite Iuri, não dei "quote" no texto para não replicar um texto longo e apenas causar mais poluição visual, mas sei que vai ler esse comentário.

    Parabéns pelo texto, concordo com absolutamente tudo, e se me permite pretendo acrescentar mais alguns centavos a discussão.

    A Alemanha não "superou o nazismo" (sei que não são suas palavras, estava apenas replicando o que dizem). A Alemanha APRENDEU com o nazismo através de muito incentivo do país, primeiramente na educação, os alemães hoje ainda sentem vergonha pelo holocausto mas aprenderam a abraçar como uma parte negra da sua história, e isso só foi possível realmente debatendo o assunto ao invés de se criar um tabu e dizer "esse tema é polêmico", o mais importante foi aprender como "reparar" ao máximo isso e fazer com que não aconteça mais, por exemplo lá é proibido manifestações de extrema direita, ou negar a existência do holocausto.

    Estive em Dachau (arredores de Munique) onde foi feito o primeiro campo de concentração (Campo de Concentração Modelo), que foi replicado em vários lugares, como Auschwitz por exemplo. O campo de concentração lá não foi destruído, pelo contrário se tornou um museu, enquanto eu estava lá, havia uma excursão de colégio com estudantes que aparentavam ter 8 anos mais ou menos.

    Aqui no Brasil apesar de aprendermos a respeito da escravidão na escola , é muito pouco, e logo depois voltamos a esquecer que isso se quer existiu, ou então fechamos os olhos e transformamos em um tabu.

    Esse problema vem só aumentando com a grande polarização política, com a enorme discussão conservadores x progressistas, pois uma parcela da sociedade (talvez pequena, mas que consegue se fazer bem ouvida) entrou numa onda de negacionismo, dizer que é mimimi, desvalorização da dor/sofrimento alheio e até revisionismo histórico, tentando sabotar o pouco que conseguimos evoluir no quesito questões raciais até o momento.

    Hoje você vê uns malucos "ultraconservadores" que fazem analogias aos Cavaleiros Templários e mais um monte de baboseiras, completamente alienados da realidade. Ou seja eles conseguem se imaginar a centenas de anos atrás, a dezenas de milhares de quilômetros de distância daqui, mas não conseguem enxergar o que de fato aconteceu na nossa história, na maioria das vezes na nossa própria cidade a algumas décadas atrás. (Isso sem entrar no mérito da romantização das barbáries cometidas nas "guerras santas" em nome de uma religião retrógrada e sanguinária).

    7
  • caiofernando777
    59 mensagens MD
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    caiofernando77726/06/21 22:59
    caiofernando777 » 26/06/21 22:59

    A Alemanha não "superou o nazismo" (sei que não são suas palavras, estava apenas replicando o que dizem). A Alemanha APRENDEU com o nazismo através de muito incentivo do país




    Exatamente, amigo. Dizer uma besteira dessas, como se a Alemanha hoje em dia não desse mais bola para a ideologia nazista é de uma desonestidade e ignorância tremenda.
    Na Alemanha (e em alguns outros países europeus) o simples ato de ostentar as cores ou a bandeira nacional fora de contexto é suficiente para causar grandes problemas. Vide o vídeo de Angela Merkel tirando a bandeira alemã da mão de um político em um palanque. Eles são EXTREMAMENTE sensíveis a esse aspecto de sua história, e como você bem disse, isso só foi possível com muita discussão, educação, debate e consciência histórica a nível nacional.


    Falar que a gente pode varrer 400 anos de escravidão para debaixo do tapete e apenas "superar" numa sociedade onde até hoje a população negra é encurralada em fogo cruzado numa verdadeira guerra civil demonstra um nível de desprezo pelos valores de justiça e igualdade que é simplesmente incompreensível e revoltante para mim.

    3
  • Fabico
    218 mensagens MD
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    Fabico27/06/21 00:04
    Fabico » 27/06/21 00:04

    caiofernando777::
    A Alemanha não "superou o nazismo" (sei que não são suas palavras, estava apenas replicando o que dizem). A Alemanha APRENDEU com o nazismo através de muito incentivo do país




    Exatamente, amigo. Dizer uma besteira dessas, como se a Alemanha hoje em dia não desse mais bola para a ideologia nazista é de uma desonestidade e ignorância tremenda.
    Na Alemanha (e em alguns outros países europeus) o simples ato de ostentar as cores ou a bandeira nacional fora de contexto é suficiente para causar grandes problemas. Vide o vídeo de Angela Merkel tirando a bandeira alemã da mão de um político em um palanque. Eles são EXTREMAMENTE sensíveis a esse aspecto de sua história, e como você bem disse, isso só foi possível com muita discussão, educação, debate e consciência histórica a nível nacional.


    Falar que a gente pode varrer 400 anos de escravidão para debaixo do tapete e apenas "superar" numa sociedade onde até hoje a população negra é encurralada em fogo cruzado numa verdadeira guerra civil demonstra um nível de desprezo pelos valores de justiça e igualdade que é simplesmente incompreensível e revoltante para mim.


    Concordo, e por isso devemos nos atentar ao que assistimos, a quem damos visualizações, a quem damos popularidade e principalmente em quem votamos, essa tentativa de negacionismo e revisionismo histórico que está acontecendo atualmente não é brincadeira e muito menos inofensivo, corremos o risco de acabar com parte da história do nosso país, e o pior, acontecer tudo novamente.

    7
  • 1pipo_
    30 mensagens MD
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    1pipo_27/06/21 01:51
    1pipo_ » 27/06/21 01:51

    Excelente texto! É uma discussão sempre relevante e necessária, e é sempre bom ver novas ideias, boas e esclarecidas, sendo acrescentadas à pauta. Parabéns!

    2
  • VitorICM
    41 mensagens MD
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    VitorICM27/06/21 03:00
    VitorICM » 27/06/21 03:00

    Olá pessoal, um ou dois acréscimos com o olhar de um professor de história que sou.


    1- A comparação da escravidão que ocorreu no Brasil com os gladiadores ou qualquer outra escravidão da história é ainda mais equivocada se lembrarem que: enquanto na antiguidade uma pessoa se tornava escrava por dívida ou por ser derrotada em uma guerra, na escravidão atlântica o que te tornava escravo era a sua cor de pele. Daí o preconceito Racial.


    Indo além se vc fosse negro foro no Brasil império e alguém duvidasse vc teria de provar ser livre, e não a pessoa que duvidou prova que vc era escravo. Qualquer semelhança com a maneira como a polícia aborda os jovens da periferia hoje (já os tendo por bandidos) não é mera coincidência.


    2- Outro fato, agora sobre cotas. Em minha época na Universidade Federal de Sergipe, um grupo da própria universidade levantou dados das avaliações feitas por cotistas e não cotistas e em média a nota dos cotistas era maior que a dos não cotistas. Só pra derrubar essa ideia de que cotistas, sociais ou negros entram mais despreparados nas faculdades.


    3- Na história, como já foi falado no caso da Alemanha,  é importante conhecer o passado, mas conhecer o passado sem maquiagem. Por exemplo apesar de tornar ainda  mais pesado o tema, o uso do termo escravo no Puerto Rico seria mais historicamente preciso. Na minha opinião não traria demérito para o jogo. (Dois ou três parágrafos no manual para trazer o contexto histórico e justificar a honestidade de dar nomes aos bois seria mais mérito que demérito pra mim).


    PS: Sempre boas essas discussões, que o hobby nós divirta, desafie, mas também nos faça pensar o mundo  a sociedade e a história.

    9
  • iuribuscacio
    3120 mensagens MD
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    iuribuscacio27/06/21 03:32
    iuribuscacio » 27/06/21 03:32

    Fabico::
    A Alemanha não "superou o nazismo" (sei que não são suas palavras, estava apenas replicando o que dizem). A Alemanha APRENDEU com o nazismo através de muito incentivo do país, primeiramente na educação, os alemães hoje ainda sentem vergonha pelo holocausto mas aprenderam a abraçar como uma parte negra da sua história, e isso só foi possível realmente debatendo o assunto ao invés de se criar um tabu e dizer "esse tema é polêmico", o mais importante foi aprender como "reparar" ao máximo isso e fazer com que não aconteça mais, por exemplo lá é proibido manifestações de extrema direita, ou negar a existência do holocausto.

    Estive em Dachau (arredores de Munique) onde foi feito o primeiro campo de concentração (Campo de Concentração Modelo), que foi replicado em vários lugares, como Auschwitz por exemplo. O campo de concentração lá não foi destruído, pelo contrário se tornou um museu, enquanto eu estava lá, havia uma excursão de colégio com estudantes que aparentavam ter 8 anos mais ou menos.

    Aqui no Brasil apesar de aprendermos a respeito da escravidão na escola , é muito pouco, e logo depois voltamos a esquecer que isso se quer existiu, ou então fechamos os olhos e transformamos em um tabu.


    caiofernando777::
    Exatamente, amigo. Dizer uma besteira dessas, como se a Alemanha hoje em dia não desse mais bola para a ideologia nazista é de uma desonestidade e ignorância tremenda.

    Na Alemanha (e em alguns outros países europeus) o simples ato de ostentar as cores ou a bandeira nacional fora de contexto é suficiente para causar grandes problemas. Vide o vídeo de Angela Merkel tirando a bandeira alemã da mão de um político em um palanque. Eles são EXTREMAMENTE sensíveis a esse aspecto de sua história, e como você bem disse, isso só foi possível com muita discussão, educação, debate e consciência histórica a nível nacional.


    Falar que a gente pode varrer 400 anos de escravidão para debaixo do tapete e apenas "superar" numa sociedade onde até hoje a população negra é encurralada em fogo cruzado numa verdadeira guerra civil demonstra um nível de desprezo pelos valores de justiça e igualdade que é simplesmente incompreensível e revoltante para mim.


    Caro Fabico e Caiofernando777

    Não apenas concordo com você, como também, assino em baixo, de tudo o que vocês escreveram nos seus comentários.

    Eu estive na Alemanha em 92, pouco após a queda do Muro de Berlim e da Reunificação Alemã (realmente sou forçado a confessar que tenho um pouquinho de “tempo de janela” a mais), e eu pude verificar “in loco”, que a relação dos alemães com o nazismo, e o holocausto, é exatamente da forma como o Fabico descreveu.

    Os alemães reconhecem que no período de 1933, quando Hitler se tornou chanceler, até 1945 com a derrota na II Guerra Mundial, houve um forte ressurgimento do orgulho germânico (que havia sido muito abalado, após a derrota na I Guerra Mundial, e com a imposição das duras condições do Tratado de Versalhes), e que inicialmente esse período trouxe muita prosperidade econômica (mais tarde totalmente consumida pela guerra), mas que teve um custo muito sombrio e tenebroso, que marcou para sempre, a história de uma grande nação.

    Conforme vocês bem salientaram, os alemães não procuraram superar, no sentido de esquecer, e deixar pra lá, aquilo que aconteceu. Eles não fingiram que o nazismo e o holocausto jamais tivessem ocorrido. Eles não optaram por não enxergar esse erro do passado, nem tampouco seus efeitos posteriores, como o ressurgimento, na atualidade, de movimentos extremistas de ultradireita, com ideologia neonazista, e que assolam outros países da Europa.

    Ao invés disso, os alemães preferiram aprender com esse grave erro do passado, procurando resolver as conseqüências e efeitos que pudessem surgir, e fazer o melhor possível, através da educação e do desenvolvimento da consciência, para evitar que tais erros sejam repetidos, pelas gerações futuras. Tanto assim é que, mesmo procurando respeitar, dentro do possível, o direito à liberdade de expressão, apesar disso, manifestações de cunho neonazistas são absolutamente proibidas na Alemanha.      

    Essa é uma abordagem diametralmente oposta, em relação à forma como a sociedade brasileira sempre tratou a questão da escravidão, e de seus efeitos, que geraram prejuízos profundos e graves distorções sociais, para a população negra.

    A conclusão é óbvia, ou seja, os alemães aprenderam muito com a sua forma de encarar o nazismo, enquanto que nós não aprendemos quase nada, com o modo como encaramos a escravidão e os graves problemas sociais, que o negro enfrenta no Brasil.

    Por fim, mais uma vez parabéns e muito obrigado pelos excelentes comentários, que agregaram muito ao debate.

    Um forte abraço e boas jogatinas.

    Iuri Buscácio

    P.S. Olha Caiofernado777, eu optei, no meu texto, por não lhe atribuir a autoria do excelente comentário do “você conhece alguém, cujo bisavô foi gladiador?”, do tópico “Temas Polêmicos / Draft de Ideias”, porque não sabia se você estaria de acordo. Porém, considerando o teor do seu comentário acima, acredito que posso fazer isso, e tenho o prazer de te parabenizar por essa tirada genial.

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