Esse texto “5ª Dica P/ Novos Jogadores – Conheça os Tipos de Peças”, é o quinto de uma série de textos, contendo dicas para boardgamers, iniciantes ou não, no sentido de ajudar quem iniciou no hobby agora, e também propor um ponto de reflexão aos boardgamers mais experientes.
 
O tema desse quinto texto são os vários tipos de peças dos jogos de tabuleiro. Elas constituem outros elementos materiais, ou concretos, e que normalmente se dividem em peões, marcadores, moedas, meeples, recursos, miniaturas e cubos coloridos. Essas peças possuem os mais variados formatos, cores e tamanhos e são os tipos de peças mais comuns.
 
Inicialmente algumas dessas peças eram feitas de madeira, mas isso encarece bastante o jogo e ele fica mais difícil de produzir. Desse modo, pouco a pouco, esses componentes foram substituídos por peças feitas de plástico. Esse novo material além de ser mais barato, também viabiliza a produção de miniaturas, com alto grau de detalhamento. Isso seria inviável de produzir em larga escala, caso as miniaturas fossem de madeira,  pois o custo seria proibitivo.
 


 
Os peões geralmente representam os jogadores, cada um de uma cor, e são as peças que normalmente percorrem a trilha de pontos (marcador de pontuação que fica ao redor do tabuleiro, em alguns jogos). O posicionamento do peão nessa trilha determina qual dos jogadores está ganhando a partida (Terraforming Mars, Kingsburg).
 


 
Os peões também representam a progressão dos jogadores dentro de um “circuito” no tabuleiro, nos jogos “estilo corrida” (Jogo da Vida, Flamme Rouge), ou o deslocamento dos jogadores, pelos diversos locais do tabuleiro, nos jogos que usam mapas (Detetive, Pandemic). Para se ter uma idéia da influência dos peões, em relação aos jogos de tabuleiro, basta dizer que o logo do Spiel das Jahres, o mais prestigiado prêmio do setor, é justamente um peão vermelho, com a tradicional “coroa de louros” dourada, da vitória.
 





 
Os marcadores, ou tokens, normalmente são quadrados ou círculos pequenos de papelão, usados como o nome mesmo diz, para marcar a evolução do jogador em algum item qualquer do jogo, ou na trilha de pontos (Terraforming Mars). Eles também podem ser usados como forma de marcar informações pessoais de um determinado jogador, ou quantos tipos de uma mesma ação ele pode fazer. Isso é o que acontece com os marcadores de pista em forma de "pegada" do Elder Sign.
 



 
Um bom exemplo de marcadores são os pontos de sanidade, de vida, pistas, de perdição ou de selo ancestral, respectivamente em formato de cérebro, de coração, de pegada, de monstro e de símbolo místico, que vem no jogo Elder Sign, bem como nos demais jogos da linha Arkham Files (Arkham Horror e Eldrich Horror), ambientados na “mitologia lovecraftiana” e todos já lançados no Brasil.
 


 
As moedas são os componentes econômicos e representam exatamente isso, ou seja, unidades monetárias usados para comprar algum elemento do jogo, e que são normalmente de papelão ou plástico, mas que também podem ser de metal (Invasores do Mar do Norte).
 






 
Os “meeples” são “bonequinhos” de madeira, ou plástico, que representam os “trabalhadores” a serviço do jogador (Stone Age). Há também os “animeeples”, que na verdade são “meeples” em formato de animais de fazenda (ovelhas porcos e vacas), que aparecem em jogos como Agrícola e os “food meeples” em formato de alimentos (queijo, leite e pão) do jogo “Clãs da Caledônia”.
 







 
Os recursos são exatamente isso, ou seja, recursos, que o jogador coleta e utiliza para conseguir progredir durante a partida (Kingsburg). O Stone Age é um excelente exemplo de jogo que utiliza vários desses tipos de peças (meeples, marcadores, recursos e cubos coloridos).
 





 
As miniaturas, quase que exclusivamente feitas de plástico, podem ser representações dos próprios jogadores (Mansion of Madness), de seus inimigos (Zombicide), de suas criaturas (Rising Sun) ou de suas naves espaciais (Star Wars: X-Wing Miniatures Game), e são muito mais comuns nos jogos do estilo “ameritrash”.
 





 
Por fim, existem os cubos coloridos que podem representar recursos, materiais, ou criaturas do jogador, e que são muito mais associados aos jogos do tipo “euro” (Century). Por isso os jogadores que gostam desse tipo de jogo carinhosamente se auto intitulam "empurradores de cubinho"
 


 
Estes são os tipos de peças mais comuns, nos jogos de tabuleiro modernos, porém existem diversos jogos que se utilizam de outros tipos de peças diferentes e muito interessantes. Isso acontece, por exemplo, no caso do “Tzolkin: o Calendário Maia”, que utiliza cinco engrenagens de plástico que se encaixam e rodam simultaneamente. Outro exemplo é o “Camel Up 2ª Edição”, que tem uma pirâmide de plástico, usada para sortear os dados, e uma palmeira gigante de papelão, como cenário.
 






 
Por último existe outro tipo de peça que são os “tiles”, em relação ao qual é melhor manter o termo em inglês, conforme dito anteriormente, porque a tradução mais aproximada seria “azulejo”, e praticamente ninguém dentro do hobby se refere a esse tipo de componente dessa maneira. Nem mesmo os jogadores do “Azul”, que é justamente um jogo sobre... azulejos.
 


 
Os “tiles”, portanto, são peças normalmente quadradas de papelão (Ilha Proibida), ou de outro material (Azul), que também podem ser em formato retangular (Kingdomino) ou hexagonal (Castles of Burgundy). Eles podem compor o jogo propriamente dito (Queendomino), o tabuleiro do jogo (Carcassone, Ilha Proibida), ou ainda serem colocadas sobre o tabuleiro do jogo (Santa Maria).
 





 
A melhor maneira de entender a noção de “tiles” é pensar no Dominó, que é um jogo formado de “tiles” retangulares de plástico, com números dos dois lados da mesma face da peça de dominó. Inclusive um dos melhores jogos de tabuleiro modernos, o “Kingdomino” (vencedor do prêmio Spiel de Jahres de 2017), envolve a alocação de “tiles, e, como o próprio nome já diz, é uma releitura e uma reimplementação do Dominó.
 






 
Existem também outros elementos concretos mais comuns que são os dados e cartas. Essas peças dispensam maiores explicações, pois são amplamente conhecidos da grande maioria das pessoas. Os dados são cubos numerados de 1 a 6 (alguns deles podem ter símbolos ao invés de números), normalmente de plástico ou madeira. Eles são as peças que mais trazem sorte e aleatoriedade aos jogos. Geralmente esse é um recurso visto como algo negativo nos jogos euro, bem como para jogadores mais estratégicos. Por outro lado, eles são amplamente utilizado nos jogos ameritrash, em que a aleatoriedade faz parte da diversão.
 
Já as cartas são retângulos ou quadrados de papel, normalmente ilustrados, e que respondem por boa parte do conteúdo artístico e a “rejogabilidade” dos jogos. Assim como os dados, as cartas também implicam em certa dose de sorte, devido ao seu embaralhamento, mas em menor grau que os dados. Alguns jogos usam exclusivamente, ou quase que apenas cartas , como é o caso do “Pega em 6” ou dados como no caso do “Zombiedice”. Já o “King’s Gold” utiliza moedas, além dos dados.
 
Por fim, esses são as principais características e tipos de peças dos board games. Nesse sentido, o objetivo desse texto é auxiliar os novos jogadores a compreender um pouco melhor esse maravilhoso hobby dos jogos de tabuleiro modernos, nessa questão específica da peças.
 
Um abraço e boas jogatinas.
 
Iuri Buscácio

P.S. Aqueles que porventura tiverem interesse nos outros textos da série, e outros mais, podem encontrá-los no canal "iuribuscacio", aqui do Ludopedia.