Cada jogo um reino diferente! Vamos conhecer esse aqui?
Em Ex Libris, você é um colecionador de livros raros e valiosos em uma próspera vila de gnomos. Recentemente, o prefeito e o Conselho da Aldeia anunciaram uma abertura para um grande bibliotecário: uma posição de prestígio (e lucrativa) que pretendem atribuir ao aldeão mais qualificado! Infelizmente, vários de seus colegas colecionadores de livros também são candidatos.
Para superar sua concorrência, você precisa expandir sua biblioteca pessoal enviando seus ajudantes de confiança à aldeia para encontrar os tomos mais impressionantes. Fontes para os melhores livros são escassos, então você precisa bater seus oponentes quando eles aparecerem. Você precisa de um planejamento e táticas astutas (e talvez um pouco de magia) para superar seus oponentes e se tornar o grande bibliotecário!

Vamos descer a ponte levadiça e adentrar mais esse jogo? As palavras chave aqui são Gnomos, organização e LIVROS! Há 510 livros, organizados em 152 cartas, pois podem vir de 2 a 4 livros em cada carta, e na mesma carta todos terão o nome iniciando com a mesma letra, gerando nomes no mínimo inusitados e engraçados. Existem 6 categorias/tipos de livros, e toda partida tem uma proibida que o conselho da cidade punirá com pontos negativos por não querer ver presente nas bibliotecas por aí, bem como em uma das categorias será notória, daí quem tiver mais cartas que os demais ganha pontos extras. Você terá uma especialidade sorteada dentre as 4 restantes que te rende os bons e velhos pontos extras.
O jogo resolve em torno de placement. Seja posicionando trabalhadores ( leia-se gnomos nesse caso
) nos melhores locais buscando as mais otimizadas ações, seja posicionando as cartas de livro e formando tua estante. Nos locais você terá efeitos imediatos , bem como alguns que esperarão o final da rodada, buscando cartas do descarte, ou escolhendo várias cartas pela ordem de quem chegou primeiro no local, ficando as sobras pra quem chegou depois. Sobre as estantes, você deve se preocupar com as seis categorias a medida que vai alocando as cartas da sua mão lembrando-se da sua favorita e da categoria que dará pontos para quem tiver mais, e claro evitar na medida do possível a proibida.
Ainda sobre estantes, o formato final, pode ficar mais quadrado ou retangular, tudo buscando finalizar com fileiras que se apóiam umas nas outras. Um aspecto que acaba sendo um dos mais importantes é a ordem alfabética, o bom e velho de AaZ! Da primeira carta superior esquerda, até a última carta inferior direita, você terá que respeitar a ordem ou “perder” cartas erradas, que permanecerão alocadas, mas serão viradas para o verso, que não mostra livros, ficando como uma carta morta mesmo. Onde se estiver organizando digamos 2 ou 3 cartas da letra C, elas virão marcadas com C2/9, C5/9 etc, indicando que tem 9 cartas da letra C no total, e o número mostra a ordem dentre os livros que partilham dessa letra iniciando o nome.
Pra não ficar apenas descritivo, eis um exemplo de mesa pra 3 jogadores com os locais, as pilhas de livros as estantes, e a biblioteca de cada jogador:

Pra finalizar cabe dizer que o jogo tem um modo simples, onde cada jogador tem apenas meeples (gnomeeples se preferir
) ou o modo onde temos assimetria pois cada biblioteca terá um assistente especial(bruxa, golem, goblin, múmia etc) com poderes variáveis. Fora isso tem variante para modo mais longo de jogo, modo amigável (removendo locais onde a disputa é intensa nas locações dos jogadores) e para aqueles momentos onde um kina deve travar suas lutas sozinho há um modo solo. Com ou sem o perdão do trocadilho, parece tudo mágico não é? Algumas coisas com o jogo rodando porém podem mudar os ânimos, também num passe de mágica. Vamos tentar ser justos com o jogo, pois além dessa descrição geral cabe dizer o que funciona bem ou não.
No que o EX LIBRIS “bate forte”?
As artes dos locais e das bibliotecas são bonitas e a miscelânea do colorido dos livros cumpre seu papel nesse sentido atrativo. Não é de babar, mas é bonito, pelo menos na apreciação desse kina que vos fala. Se você por algum motivo tem problema no mapeamento mental (você quis dizer decoreba) do alfabeto, tem uma cartinha de ajuda do jogador que te lembra a sequência de AaZ, e mostra quantos A, quantos XYZ tem no jogo em termos de quantidade de cartas, o que ajuda no planejamento.
Os tiles de locais que mudam com o as rodadas acabam acrescentando variabilidade ao que está acontecendo, ao que está disponível, e essa era a ideia no design do jogo, claro. Você estará sempre fazendo leitura de mesa (inesperado um jogo sobre livros focar na leitura né?
) e isso acontece em quase todo jogo com oponentes disputando espaços e/ou cartas em comum, mas aqui é de forma um pouco mais acentuada, pra mim isso é positivo.
Outro ponto é que de forma parecida ao visto num Space Cantina da vida, o caldeirão de referência é um minigame dentro do jogo. No caso do Ex libris são os nomes dos livros. Títulos famigerados como Elfos eufóricos, Mil e um açoites, Sucumbindo ao súcubo e outros trocadilhos podem querer fazer você olhar os nomes dos +de 500 livros distribuídos nas cartas. Você pode amar isso e dar boas risadas, ou ver como algo aparentado com a piada do pavê, aí vai de cada um! O que é certo é que foi show de tradução, ainda mais diante de altas problemáticas que temos visto no mercado nacional de uns meses pra cá (mas deixemos essa questão de traduções e adaptações em paralelo).
No que o EX LIBRIS “bate de kina”?
Temos mais problemas do que gostaríamos, parece que a estante do exlibris não é das mais firmes e cabe a cada grupo ou jogador pensar dentro do seu perfil e dizer se ela se sustenta entendem?
A pontuação é como descrita anteriormente, evite a proibição, mira na categoria notória (majority entre jogadores) e na sua favorita, mas fora isso você tem que pegar de tudo um pouco. Acontece que no final você pontua muito pela quantidade de livros que você tem menos na sua biblioteca, é como se eles fossem raridade dentro da sua pool, e isso vai fazer que na verdade você queira ter muito de todos, pois se você na verdade não tem pouco de nenhum deles, o de menor quantidade ainda será uma quantia meio alta. Isso era pra ser genial eu suponho, pois você não pode deixar “passar nada”. Mas muitas vezes supera a disputa na majority e o interesse no teu favorito, o que é estranho. Não me incomodou valendo, mas vi queixas recorrentes no meu grupo, e tinha algum fundamento pois os favoritos por exemplo pontuam de 2 em 2 pts, já esses “raros” de 3 em 3, daí quem não consegue manter mentalmente o registro de quanto tem de cada um dos 6 tipos se perde um pouco, e na pontuação final vira surpresa e não planejamento.
Os locais como já foi dito emprestam variação ao jogo, porém eles tem níveis gritantes de efetividade... Os que são “ok”, os claramente ruins e os claramente bons. Muitos vezes, acontecia aquele feeling de “eita, aquele lugar desinteressante veio” : ( e aí vira slot queimado, sem ninguém colocar um worker/gnomo lá.
Essa questão dos locais é a ponta do iceberg de níveis de poderes/variação entre as opções do jogo. O descompassado mesmo são os ajudantes especiais. Eles existem para dar personalidade e assinatura a cada biblioteca/jogador, e ainda te entregam belos meeples diferentes do convencional:
Lindos não acham? Mas quando você vai para a prática, mesmo recebendo 2 e escolhendo 1 para jogar, é um festival de desequilíbrio. Com pouca observação e entendimento das regras (tipo primeira ou segunda partida) você já vai se deparar com falas do tipo: “pera, o meu é pior do que o do resto da mesa?”, “esse outro só roda direito se forem 4 jogadores?”, “caraca, esse outro faz isso tudo mesmo?”e por aí vai. Talvez alguém muito determinado a ver o jogo rodando bem pudesse elaborar umas divisões de poder e deixar eles brigarem apenas entre si, dentro dessas divisões, ou ignore e deixe as disparidades saltarem aos olhos mesmo.
E olhem só, parece que foi exatamente isso(as divisões) que aconteceu num dos tópicos do BGG:
E quanto custa pra explorar esse reino?
Em seu preço de lançamento por 250,00 eu diria pra correr! Nessa Black Friday 2020 ele oscilou entre 110 a 135,00 o que é justo pra tudo que vem na caixa. Se os ruídos citados parecem pesar, afasta o mouse da opção de comprar que é mais negócio. Na nossa coleção ele começou a pesar mais do que uma armadura completa, e já foi passado adiante, onde deve estar rodando feliz em outra mesa.
EXTRAS/ALGO+
Vamos encerrar dizendo que tem um modo solo, mas é um pouco aleatório demais, com o automa usando o seu descarte, e tendo 7 níveis de dificuldade... mas eles são mais aproximados um do outro do que gostaríamos, caso decida se aventurar sozinho, recomendo jogar uma partida no nível 1 ou 2, outra no 3,4, ou 5, e por fim tentar o 6 ou 7, pois é tudo questão de escalonamento, mas só começa a ficar desafiante do 5 em diante, pelo menos nas partidas que eu joguei. O ruim é que o automa pontua aleatório demais, o bom(pra quem tenta ver algum nível de lógica nas regras) é que o designer tentou justificar como sendo uma biblioteca pública mal gerenciada que pode ter muito mais valor ou não do que a sua particular que você montará na partida.
Então por enquanto é isso, até o próximo reino a explorar, batendo forte, e também batendo de “kina”! 
INSCREVAM-SE, CURTAM E COMPARTILHEM!!!