O universo dos boardgames está em constante mudança, apresentando sempre novas nuances e desafiando os designers a se renovarem cada vez mais. Novas mecânicas surgem, outras são recicladas de forma inovadora, sistemas como o Legacy aparecem e outras mudanças permeiam constantemente essa atividade.
Umas das mais recentes - e contraditórias - adições a esse hall é a utilização de aplicativos em conjunto com os jogos de tabuleiro. Alguns acham a mistura desnecessária, algo que tira até mesmo o propósito dos jogos, enquanto outros acham que os aplicativos podem agregar bastante ao hobby.
Gostando ou não, são diversos os jogos que utilizam meios digitais no mercado hoje. Mas, os aplicativo são mesmo necessários na atividade? Necessários, talvez não. Mas, para mim, trazem muita coisa legal ao hobby quando usados de forma inteligente.
Recentes lançamentos que fizeram sucesso aí fora fazem uso do meio digital para a utilização do produto físico. Chronicles of Crime e Detective, lançados ano passado, necessitam do uso de apps para utilizar o jogo e fazem isso de forma muito legal. O aplicativo e a plataforma Antares trazem uma imersão diferenciada para os jogadores, além de, no caso de Chronicles, permitir o uso dos componentes físicos da caixa base em diversos outros cenários lançados pela empresa.
Outro bom exemplo do uso de meios digitais é Mansions of Madness: Second Edition. O aplicativo deu uma renovada gigantesca na primeira versão do jogo, que necessitava sempre de um Mestre para organizar as sessões, fazer setup sozinho, colocar monstros em jogo, etc. O aplicativo passa a fazer esse papel, deixando os jogadores jogarem sem a necessidade de ter uma pessoa exclusivamente como mestre. Além de trazer a história contada através dos cenários, com uma escrita bem legal e surpreendente. Há quem não goste do jogo? Sim. Mas a inserção do app aqui foi de muito bom tom.

Aplicativo é parte indispensável em Mansions of Madness
Há outros jogos no mercado que usam apps como parte integrante do jogo, como XCOM: The Boardgame, e alguns jogos que passaram a dar a possibilidade de usar meios digitais durante suas sessões, como Star Wars: Imperial Assault, Descent e até This War of Mine. O mais novo produto nessa linha é O Senhor dos Anéis: Jornadas na Terra Média, onde parece que o aplicativo vai funcionar mais ou menos como em Mansions of Madness, sendo parte integrante do jogo e trazendo uma história contada através dele, movimentando inimigos, gerando as surpresas e, em geral, elevando o nível de imersão do jogo na mesa.
Há sempre que se ter o cuidado de serem lançados boardgames com aplicativos e não aplicativos com boardgames, certo? Bom, antes eu diria que sim, muito cuidado com isso. Mas após ter jogado os já citados Chronicles of Crime e Detective, a impressão que dá é que ambos os jogos poderiam ter sido lançados de forma exclusivamente digital. Porém a versão física, a experiência tátil de pegar cartas, mover o token de carro pela cidade, gastar tokens para virar uma carta... foram essas pequenas tarefas que fizeram meu grupo se reunir e jogar os diversos cenários que, se fossem apenas digitais, eu jogaria deitado na cama sem ter chamado ninguém.
O Senhor dos Anéis: Jornadas na Terra Média contará com aplicativo pro jogo
Os mais puristas dirão que boardgames e aplicativos não devem se misturar. Eu sou sempre a favor de progresso e, se os meios digitais têm o potencial de trazer coisas legais ao hobby, pois que tragam!
O futuro dos boardgames é esse? Não sei. Mas enquanto os aplicativos forem capazes de trazer maior nível de imersão, agilizar setup, serem encarregados das tarefas menos divertidas no jogo como calcular movimentação e ataque de inimigos, etc, podem contar com meu voto para que continuem a lançar jogos assim.
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