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Tsuro: Em busca da iluminação
Redator: Roberto Pinheiro
Caro leitor, chegamos hoje para mais um abstrato belíssimo. Esse jogo foi lançado em 2009 e ganhou uma repaginada em 2012. A nova versão de 2012 se tornou mais popular com sua aparição no Tabletopia, um programa do Youtube, em 2014. Obviamente, o sucesso da nova versão contribuiu também para que a versão original fosse mais divulgada e mais conhecida. Hoje, falaremos de Tsuro. Sim, o original, não aquela lambança que fizeram no Tsuro of the Seas.
Tsuro é um jogo de 2 a 8 jogadores, no qual cada jogador controla um dragão que se move por caminhos criados no decorrer da partida. Na realidade a descrição do jogo diz que é uma clássica busca pela iluminação. Algo extremamente poético, mas pouco palpável. Então, apesar de Tsuro ser, de fato, um jogo abstrato, eu digo que controlamos dragões na tentativa de se manter voando por mais tempo possível.
A preparação do jogo é bem simples. Tsuro é composto de um tabuleiro com 6x6 posições. Em cada posição ficará um tile. Esses tiles serão colocados no decorrer da partida, com a função de criar caminhos para que os dragões possam se movimentar pelo tabuleiro. Cada jogador pega um dragão de uma cor e coloca-o em qualquer uma das posições de entradas, localizadas nas bordas do tabuleiro. Existem duas entradas por espaço da grade, então cada lado do tabuleiro possui 12 entradas possíveis. Quando todos os dragões estiverem posicionados, cada jogador recebe 3 tiles e a partida pode começar.
O turno em Tsuro também é igualmente simples. O jogador coloca um dos tiles da sua mão no tabuleiro, no espaço imediatamente na frente do seu dragão. Ao colocar o tile, o dragão irá se mover seguindo a linha como indicado em cada tile. Com esse movimento, o jogador poderá sair do tabuleiro, colidir com outro dragão ou simplesmente avançar no tabuleiro para um novo espaço vazio. Nos dois primeiros casos, o jogador é eliminado; no segundo caso, tudo está bem. Ah claro, não falei até agora, mas deve ser um bom momento: o objetivo do jogo é ser o último jogador na mesa. Isto é, o jogador que não colidir com outros jogadores e não sair do tabuleiro!
O jogo segue assim até que alguém consiga a vitória ou exista um empate por uma eliminação de todos os jogadores restantes em um mesmo turno. Mais fácil que isso, só dois disso!
Antes de começar a falar de Tsuro, vou citar um pouco as diferenças desse para o Tsuro of the Seas. Tsuro é a versão mais simplificada e direta do jogo. Tsuro of the Seas possui um tabuleiro maior, os jogadores controlam barcos e devem fugir dos dragões (mais um novo elemento) que ficam transitando no tabuleiro. Os dragões se movem de acordo com rolagens de dados. É possível jogar o Tsuro of the Seas com as regras de Tsuro, mas o inverso não é verdade. Já que você precisaria de mais componentes e um mapa maior. Eu, sinceramente, acho a nova versão pior do que a original em todos os quesitos. Tanto em jogabilidade como em aparência. Acho o original muito classudo nos componentes e as regras novas só inserem uma aleatoriedade que deixa o jogo mais lento e muito mais caótico.

Agora, voltando para Tsuro. O que o jogo tem de bom? Os componentes são excelentes. Tem até excesso de componentes: as regras ficam em uma espécie de menu de restaurante, existe um papel manteiga (ou algo do gênero) totalmente desnecessário. É perceptível o esmero na elaboração desse produto pela Calliope Games. O jogo funciona bem com qualquer quantidade de jogadores, sendo que obviamente quanto mais jogadores, menor o controle. Talvez não seja também o jogo mais indicado para apenas 2 jogadores, mas funciona perfeitamente e consegue divertir se os jogadores partirem um para cima do outro. Essa grande variedade de jogadores permite que Tsuro sirva como aquele jogo quando veio gente demais para a jogatina. Afinal, são raros jogos (que não sejam Party Games) que comportem tantas pessoas assim. Outra qualidade que é importante a ser destacada é a facilidade para ensinar, aprender e jogar. É o tipo de jogo que qualquer pessoa consegue desenrolar. Juntando todas essas qualidades eu posso afirmar com grande certeza que Tsuro é um excelente jogo para alguém que organiza encontros ou que leva seus jogos em encontros. Afinal, um jogo fácil de ensinar, bonito e que comporta tantas pessoas, é um excelente modo de iniciar uma galera novata no hobby.
Entretanto, nem tudo são flores. Tsuro tem lá seus percalços. As decisões em Tsuro são relativamente fáceis. Então, eventualmente você irá se cansar da falta de desafio. Mesmo quando jogado por jogadores experientes, basta você encontrar uma maneira de se afastar do conflito que o jogo se torna um cara ou coroa, pois perderá o jogador que não tiver os tiles corretos para se livrar das bordas do tabuleiro. Algo que tenho observado bastante com Tsuro, é que ele não resiste às coleções de jogadores mais experientes. Conheço diversas pessoas que já tiveram Tsuro, mas poucas delas o mantiveram na coleção. Isso indica que o jogo tem um certo prazo de validade. Eu, como ex-dono de um Tsuro, concordo e colaboro para essa conclusão. Joguei Tsuro 22 vezes e vendi-o sem dó, pois já não aguentava mais jogá-lo.
Então é isso. Se você tiver um evento ou quiser jogos acessíveis até mesmo para crianças, eu recomendo conhecer e até comprar Tsuro. Se você for fã de jogos casuais, Tsuro também é uma excelente escolha. Entretanto, se você busca por um jogo permanente na coleção, com peso médio ou pesado, talvez seja melhor procurar algo com mais densidade e longevidade.